sábado, 31 de dezembro de 2011

Retirado do site do Cebi

Graça dentro da graça - Leonardo Boff

Profunda harmonia!
Deus não estava distante,
Distante de modo nenhum!
Os sons em sinfonia
Faziam
tudo ficar um.
Uma força pura e constante
Ligava cada ser, um a um.

Deus era o Eu mais profundo
que carregava meu eu consciente.
Ele me tomava pela raiz, pelo fundo,
Unindo meu coração, corpo e mente.
Sentir que não há um fora!
Viver intensa e plenamente
Cada momento, aqui e agora!

Essa situação não era a graça?
A presença suprema do Ser
Que tudo une e enlaça?
Agora posso sentir e ver:
O vinho precioso e a taça
eram um único Ser:
Graça dentro da graça!

Ele suscita em nós um amor redobrado a tudo o que existe e vive. E quando nos sentinos prostrados, sem vontade de viver e de estar com os outros, Ele nos convida: "Vem à minha casa e repousa, refaz as forças e experimenta como é suave o meu amor."

(Do livro O Senhor é meu pastor: consolo divino para o desamparo humano. Ed. Sexatante, p. 142-143)

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Receita para 2012

Celebrar festas supõe fidelidade aos princípios da fé cristã e da confiança nos planos de Deus. Ele não quer a perdição de ninguém, mas mudança, chegando ao conhecimento da verdade, que é Ele mesmo. Isso supõe viver na santidade e justiça em busca do bem de todos.

Aproveite o novo ano!

Saúde:

1. Beba muita água

2. Coma no café da manhã como um rei, ao almoço como um príncipe e ao jantar como um pedinte;

3. Coma o que nasce em árvores e plantas, e menos comida produzida em fábricas;

4. Viva com os 3 E's: Energia, Entusiasmo e Empatia;

 5. Arranje tempo para rezar;

6. Jogue mais jogos;

7. Leia mais livros do que leu em 2011;

8. Sente-se em silêncio pelo menos 10 minutos por dia;

9. Durma 7 horas por dia;

10. Faça caminhadas de 10-30 minutos por dia, e enquanto caminha sorria.

Personalidade:.

11. Não compares a tua vida com a dos outros. Não fazes idéia de como é a caminhada dos outros;

12. Não tenhas pensamentos negativos ou coisas de que não tens controle;

13. Não te excedas. Mantém-te nos teus limites;

14. Não te tornes demasiado sério. Ninguém se torna;

15. Não desperdices a tua energia preciosa em fofoquices;

16. Sonhes mais acordado;

17. Inveja é uma perda de tempo. Já tens tudo que necessitas....

18. Esqueças questões do passado. Não lembres o teu parceiro dos teus erros do passado. Isso destruirá a tua felicidade presente;

19. A vida é curta demais para odiar alguém. Não odeies os outros.

20. Faz as pazes com o teu passado para não estragares o teu presente;

21. Ninguém comanda a tua felicidade a não ser tu;

22. Tem consciência que a vida é uma escola e que estás nela para aprender. Problemas são apenas parte do curriculum que aparecem e se desvanecem como uma aula de álgebra mas as lições que aprendes perduram uma vida inteira;

23. Sorri e ri mais;

24. Não necessitas de ganhar todas as discussões. Aceita a discordância;

Sociedade:

25. Contata a tua família amiúde;

26. Dê algo de bom aos outros diariamente;

27. Perdoa a todos por tudo;

28. Passa tempo com pessoas acima de 70 anos e abaixo de 6;

29. Tenta fazer sorrir pelo menos três pessoas por dia;

30. Não te diz respeito o que os outros pensam de ti;

31. O teu trabalho não tomará conta de ti quando estiveres doente. Os teus amigos o farão. Mantém contato com eles.

A Vida:

32. Faça o que é correto;

33. Desfaz-te do que não é útil, bonito ou alegre;

34. DEUS cura tudo;

35. Por muito boa ou má que a situação seja.... Ela mudará...

36. Não interessa como te sentes, levanta-te, arranja-te e aparece;

37. O melhor ainda está para vir;

38. Quando acordas vivo de manhã, agradece a DEUS pela graça.

39. O teu interior está sempre feliz. Portanto seja feliz.

Por último:

40. Deus nos abençoe e refaça as nossas forças!!!

"Despoje- se do homem velho e se revista das virtudes ensinadas por Jesus." (Padre Pio de Pietrelcina)

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Todos os anos a Campanha da Fraternidade traz temas que merecem serem discutidos e afetam a população em geral. Já há alguns anos a Campanha é aberta a participação de todas as religiões cristãs, com isso sua abrangência fica muito maior.

A próxima campanha, 2012, escolheu o tema: Fraternidade e Saúde pública. Esse assunto é de interesse de todos os brasileiros, pois a saúde tem sido muito mal tratada pelos governos de todas as esferas e a população sobre para conseguir um atendimento, isso quando consegue.

A Campanha da Fraternidade de 2012 é um evento organizado pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. O lema da campanha é um versículo do livro do Eclesiástico: Que a saúde se difunda sobre a terra! (Eclo 38,8). A exemplo das campanhas anteriores, o evento terá início na quarta-feira de cinzas e se estenderá por todo o período da quaresma.

O objetivo geral dessa campanha será Promover ampla discussão sobre a realidade da saúde no Brasil e das políticas públicas da área, para contribuir na qualificação, no fortalecimento e na consolidação do SUS, em vista da melhoria da qualidade dos serviços, do acesso e da vida da população.

Oração da CF 2012

Senhor Deus de amor,

Pai de bondade,

nós vos louvamos e agradecemos

pelo dom da vida,

pelo amor com que cuidais de toda a criação.

Vosso Filho Jesus Cristo,

em sua misericórdia, assumiu a cruz dos enfermos

e de todos os sofredores,

sobre eles derramou a esperança de vida em plenitude.

Enviai-nos, Senhor, o Vosso Espírito.

Guiai a vossa Igreja, para que ela, pela conversão

se faça sempre mais, solidária às dores e enfermidades do povo,

e que a saúde se difunda sobre a terra.

Amém.

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Um apoio para a reflexão:
“A fonte na qual a catequese busca a sua mensagem é a Palavra de Deus. (DNC 106)
“O perfil do catequista é um ideal a ser conquistado, olhando para Jesus, modelo de Mestre, de
servidor e de catequista. Sendo fiel a esse modelo, é importante desenvolver as diversas
dimensões: ser, saber, saber fazer em comunidade” (DNC 261).
“Não se começa a ser cristão por uma decisão ética ou uma grande idéia, mas pelo encontro com
um acontecimento, com uma Pessoa, que dá um novo horizonte à vida, e, com isso, uma
orientação decisiva” (DA 12).
Discipulado não é ponto de chegada, mas processo: “ser discípulo é dom destinado a crescer” (DA
291).
“A catequese não pode se limitar a uma formação meramente doutrinal, mas precisa ser uma
verdadeira escola de formação integral. Portanto, é necessário cultivar a amizade com Cristo na
oração, o apreço pela celebração litúrgica, a experiência comunitária, o compromisso apostólico
mediante um permanente serviço aos demais” (DA 299).
“A admiração pela pessoa de Jesus, seu chamado e seu olhar de amor despertam uma resposta
consciente e livre desde o mais íntimo do coração do discípulo, uma adesão de toda sua pessoa ao
saber que Cristo o chama por seu nome (cf. Jo 10,3). É um “sim” que compromete radicalmente a liberdade do discípulo a se entregar a Jesus, Caminho, Verdade e Vida (cf. Jo 14,6)” (DA 136).
“Quando cresce no cristão a consciência de se pertencer a Cristo, em razão da gratuidade e alegria
que produz, cresce também o ímpeto de comunicar a todos o dom desse encontro. A missão não
se limita a um programa ou projeto, mas em compartilhar a experiência do acontecimento do
encontro com Cristo, testemunhá-lo e anunciá-lo de pessoa a pessoa, de comunidade a comunidade
e da Igreja a todos os confins do mundo (cf. At 1,8)” (DA 145).
“A espiritualidade dá um sentido à missão, mas ela precisa ser alimentada pela leitura orante da
Bíblia, pela oração pessoal e comunitária e pela vida sacramental. A espiritualidade ajuda a
valorizar a dignidade da pessoa humana, a formar a comunidade e a construir uma sociedade
fraterna e justa” (Texto Base do Ano Catequético, n. 90).

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Amigos e amigas catequistas deste mundão de Deus, agradecemos o carinho de nos acompanharem durante este 2011. Desejamos a vocês um santo e feliz Natal e um próspero 2012. Que em 2012 continuemos nossa caminhada, fazendo o Reino de Deus acontecer.
Com carinho
Coordenação de Catequese do Setor Alfenas
Diocese de Guaxupé - MG - Brasil

A visita do anjo aos pastores - Paz aos Excluídos! (Lc 2,1-20) - Mesters e Lopes

Terça-feira, 20 de dezembro de 2011 - 20h16min

Texto extraído do Livro "O avesso é o lado certo" - Círculos Bíblicos sobre o Evangelho de Lucas - p. 44-46).

Paulinas e CEBI Publicações. Autores: Carlos Mesters e Mercedes Lopes

Pedidos: vendas@cebi.org.br

1. SITUANDO

O motivo que levou José e Maria a viajar para Belém foi o recenseamento decretado pelo imperador de Roma (Lc 2,1-7). Periodicamente, as autoridades romanas decretavam tais recenseamentos nas várias regiões do seu imenso império. Era para recadastrar a população e saber quanto cada pessoa tinha que pagar de imposto. Os ricos pagavam imposto sobre a terra e sobre os bens que possuíam. Os pobres pagavam pelo número de filhos. Às vezes, o imposto total chegava a mais de 50% dos rendimentos da pessoa.

Há uma diferença significativa entre o nascimento de Jesus e o nascimento de João. João nasce em casa, na sua terra, no meio dos parentes e vizinhos e é acolhido por todos (Lc 1,57-58). Jesus nasce desconhecido, fora de sua terra, no meio dos pobres, fora do ambiente da família e da vizinhança. "Não havia lugar para ele na hospedaria". Teve que ser deitado numa manjedoura.

2. COMENTANDO

2.1 Lucas 2,8-9: Os primeiros convidados

Os pastores eram pessoas marginalizadas, pouco apreciadas. Viviam junto com os animais, separados do convívio humano. Por causa do contato permanente com os animais eram considerados impuros. Ninguém jamais os convidava para vir visitar um recém-nascido. É a estes pastores que aparece o anjo do Senhor para transmitir a grande notícia do nascimento de Jesus. Diante da aparição dos anjos, eles ficam com medo.

2.2 Lucas 2,10-12: O primeiro anúncio da boa-nova

A primeira palavra do anjo é: "Não tenham medo!" A segunda é: "Alegria para todo o povo!" A terceira é: "Hoje!" Em seguida, vêm três nomes para identificar quem é Jesus: Salvador, Cristo e Senhor! SALVADOR é aquele que liberta todos de tudo que os amarra! Os governantes daquele tempo gostavam de usar o título de Salvador (Soter). CRISTO significa ungido ou messias. Era um título dado aos reis e aos profetas. Era também o título do futuro libertador. Significa que esse menino recém-nascido veio realizar as esperanças do povo. SENHOR era o nome que se dava ao próprio Deus! São os três maiores títulos que se possa imaginar. A partir deste anúncio do nascimento de Jesus como Salvador, Cristo e Senhor, você imagina alguém da mais alta categoria. E o anjo lhe diz: "Atenção! Tem um sinal! Você vai encontrar um menino deitado num barraco no meio dos pobres!" Você acreditaria? O jeito de Deus é diferente mesmo!

2.3 Lucas 2,13-14: Glória no mundo de cima, Paz no mundo de baixo

Uma multidão de anjos aparece e desce do céu. É o céu desabando sobre a terra. As duas frases do refrão que eles cantam dão o resumo do que Deus quer com o seu projeto. A primeira diz o que acontece no mundo lá de cima: "Glória a Deus nas alturas". A segunda diz o que vai acontecer no mundo cá de baixo: "Paz na terra aos seres humanos por ele amados". Se a gente pudesse experimentar o que significa realmente ser amado por Deus, então tudo mudaria e a paz viria morar na terra. E isto seria a maior glória para Deus que mora nas alturas.

2.4 Lucas 2,15-20: A palavra vai sendo acolhida e encarnada

A Palavra de Deus não é apenas um som que a boca produz. Ela é, sobretudo, um acontecimento! Os pastores dizem, literalmente: "Vamos ver esta palavra que aconteceu e que o Senhor nos deu a conhecer!" Em seguida, Lucas diz que "Maria conservava estas palavras (acontecimentos) em seu coração" e as ruminava. São duas maneiras de se perceber e acolher a Palavra de Deus: 1) Os pastores se levantam para ir ver os fatos e verificar neles o sinal que foi dado pelo anjo; 2) Maria conserva os fatos na memória e as confere no coração. Ou seja, ela conhece a Bíblia e tenta entender os fatos novos iluminando-os com a luz da Palavra de Deus.

3. ALARGANDO

Novamente, ao longo da descrição do nascimento de Jesus, Lucas sugere que as profecias se realizaram! Eis algumas delas:

  • Apareceu a luz das nações, anunciada por Isaías! (Is 9,1; 42,6; 49,6).
  • Nasceu o menino, prometido pelo mesmo profeta (Is 9,5; 7,14).
  • O menino que devia nascer para dar alegria ao povo e trazer a salvação de Deus (Is 9,2).
  • Ele nasceu em Belém. Por isso é o Messias prometido, conforme anunciou Miquéias (Mq 5,1).
  • Chegou o tempo da paz anunciada por Isaías, em que animais e seres humanos vão se reconciliar e farão desaparecer da terra toda a violência assassina (Is 11,6-9).

O imperador romano pensava ser o dono do mundo. Na realidade, ele não passava de um empregado. Sem saber e sem querer, ele executava os planos de Deus, pois o decreto imperial fez com que Jesus pudesse nascer em Belém e realizar a profecia (Lc 2,1-7).

O que chama a atenção neste texto são os contrastes:

  • Na escuridão da noite brilho uma luz (2,8-9)
  • O mundo lá de cima, o céu, parece desabar e envolver nosso mundo cá de baixo (2,13).
  • A grandeza de Deus se manifesta na fraqueza de uma criança (2,7)
  • A glória de Deus se faz presente numa manjedoura de animais (2,16)
  • O medo provocado pela repentina aparição do anjo dá lugar à alegria (2,9-10)
  • Pessoas que vivem marginalizadas de tudo são as primeiras convidadas (2,8)
  • Os pastores reconheceram Deus presente numa criança (2,20)

Outro dia, foi dado o aviso: "O celebrante de hoje será o senhor João!" Muitas pessoas não aceitaram e saíram. Diziam: "O João nem sabe ler direito!" Qual a mensagem de Natal para estas pessoas que recusam o senhor João?

Magos em Belém: culturas diferentes à busca de Deus (Mt 2,1-12) - Marcelo Barros

Terça-feira, 20 de dezembro de 2011 - 17h29min

O texto foi extraído do Livro "Conversando com Mateus".

Pedidos: vendas@cebi.org.br

Irmãs e irmãos da comunidade de Mateus,

Quero conversar com vocês como se estivéssemos uns diante dos outros e vocês fossem conterrâneos deste final de século conturbado e tão carente de esperanças. No começo, pensei em escrever uma carta pessoal a Mateus, mas nenhum livro da Bíblia é de cunho somente individual. Além disso, embora desde os tempos mais antigos todos atribuam a Mateus a honra de ser o redator deste livro, nem ele assinou nem chama o texto de Evangelho (como Marcos inicia dizendo: "Início do Evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus"). Então, escrevo a vocês da comunidade, que participaram da experiência que gerou o texto de Mateus.

(...)

Ao contar a visita dos magos a Jesus Menino, vocês não pretendiam narrar um relato histórico ou um fato jornalístico. Quiseram significar o encontro de Jesus com os outros povos e culturas. Fizeram isso comentando textos bíblicos como Isaías 60, o salmo 72 e a profecia de Balaão (Nm 22-24). Vocês os comentam como os rabinos faziam, contando histórias (midrash), e nos presen­tearam esse relato tão bonito.

O poema do discípulo de Isaías (Is 60) e, talvez, mesmo o salmo vêm de uma época na qual Jerusalém estava sendo reconstruí­da. Os recursos eram poucos e, em comparação ao que era antes de ser destruída pelos babilônios, era uma aldeia. O profeta vê o sol nascer sobre a cidade e proclama a promessa de Deus de que, um dia, Jerusalém será luminosa e cheia de glória e os reis das nações a ela acorrerão trazendo presentes. Num contexto de sofrimento e de revalorização da identidade do povo pobre, aquela visão nada tinha de etnocentrismo. Era universalista. Aplicando essa profecia aos magos que vêm homenagear a criança pobre que nasceu em Belém, vocês a tornam mais universal ainda.

Embora não tenham dito que os magos eram reis e santos, como a tradição soube acrescentar, vocês contaram que eles gostavam das estrelas e vieram de longe, do oriente, atrás de uma estrela e em busca do Rei dos judeus que acabara de nascer neste mundo.

Com esse novo comentário narrativo de textos bíblicos (mídrash), desde o início do Evangelho, vocês associam as culturas e religiões diferentes à busca de Deus, ao reconhecimento de Jesus como "Rei dos Judeus" e ao acolhimento do Reino de Deus (ou dos céus, como vocês o chamam).

Na cultura judaica na qual a comunidade estava inserida, não deve ter sido fácil para vocês reconhecerem que até a astrologia e a interpretação dos sonhos podem conduzir pessoas como os magos ao Senhor. (Chouraqui chama os magos de "astrólogos'' ¹¹). Na região da Síria e da Ásia Menor era praticada a religião do deus Mitra. Era um sincretismo de antigos cultos ao sol. Os fiéis de Mitra contavam que o seu deus nasceu numa caverna na noite de 25 de dezembro (solstício do inverno e festa do sol que renasce do frio e da escuri­dão das noites cada vez mais longas). Aliás, por acaso, os sacerdotes de Mitra se chamavam "magos", porque eram homens que lidavam com os astros e com os mistérios da vida.

Será que, ao contar a bela história dos magos que vieram a Belém adorar o menino Jesus, vocês quiseram assumir algo da história de Mitra e transpô-la para o contexto cristão? Hoje, falamos muito de inculturação. Mas ainda há muitos bispos e pastores que têm preconceito contra sincretismo. Será que, nessa história, vocês da comunidade de ‘Mateus queriam nos ensinar que há um tipo de sincretismo que é válido e compreensível?

Marcelo Barros é também autor de O Espirito vem pelas águas

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

MISSAS DE CURA

Arcebispo de Medellín alerta para as chamadas missas de cura

O Arcebispo de Medellín, na Colômbia, Dom Ricardo Tobón Restrepo se dirigiu aos sacerdotes, religiosos e fiéis, afirmando que a chamada "Missa de Cura" é um termo ambíguo, já que todas as Santas Missas "são curadoras".

Dom Ricardo refletiu sobre o tema em seu programa semanal, seguido de uma Carta Pastoral dirigida aos bispos das províncias eclesiásticas de Medellín e Santa Fé de Antioquia orientando que seus padres e religiosos para fornecer "algumas orientações sobre uma série de inciativas e fenômenos que tem sido propagados em algumas paróquias por parte de sacerdores e leigos que certamente apresentam aspectos e procedimentos que não estão em conformidade com a fé, com a liturgia e com a prática pastoral da Igreja Católica.

O Arcebispo de Medellín também exorta para que se evite este tipo de celebração para que não se prestem a "exploração da emoção, da necessidade de cura e da visão mágica das coisas que algumas pessoas podem ter. Sobretudo não se pode tolerar negociar sobre o sofrimento das pessoas".

Do mesmo modo, Dom Ricardo expressa sua preocupação sobre as denominadas "Missas de Cura" podendo haver a promoção de exorcismos, orações de libertação, unções e demais práticas que, nas palavras do Arcebispo, "alteram gravemente o sentido da vida sacramental da Igreja".

O prelado lembra ainda que desde sempre a Igreja tem rezado de maneira muito especial pela saúde dos enfermos, mas fica extremamente preocupada com a introdução de algumas formas de rezar, incluindo a liturgia, que busquem "pressionar a Deus para garantir aos que sofrem, que recebam a graça que suplicam", gerando "sérias confusões na comunidade, como a de atribuir a graça de Deus a pessoas, lugares, tempos e elementos particulares e exclusivos".

Finalmente Dom Ricardo Tobón Restrepo fez um chamado para que se celebre e aproveite "devidamente os sacramentos da Eucaristia, da Penitência e da Unção dos Enfermos", já que para "oficiar Missas em que se queira pedir de modo especial e particular a cura dos doentes, se requer permissão por escrito do Bispo e que, sobre elas, fica proibido receber qualquer tipo de oferta ou doação".
Do subsídios de formação de catequese

Espiritualidade do Seguimento para o Catequista-Discípulo Missionário
“Como discípulos e missionários de Jesus, queremos e devemos proclamar o
Evangelho, que é o próprio Cristo. (...) somos portadores de boas novas
para a humanidade, não profetas de desventuras” (DA 30).
A espiritualidade cristã rima com missão e seguimento. Deixar-se guiar pelo Espírito que
animou Jesus em sua missão é o propósito para aquele que deseja se colocar no caminho do
discipulado-missionário de Jesus.
No ponto de partida da espiritualidade do seguimento se opera um encontro com o Senhor.
Os Evangelhos nos relatam que Jesus chama os discípulos: “segui-me e eu vos farei pescadores de
homens” (Mc 1,17; Mt 4,19; Jo 1,43). A convocação ao discipulado apresenta um caráter absoluto e
incondicional. Não há possibilidade de meios-termos. A resposta dos discípulos é imediata: “e
deixando as redes o seguiram” (Mc 1,18); “e eles, deixando o pai Zebedeu no barco com os
empregados, partiram em seu seguimento” (Mc 1,20).
Deixar as redes e o pai significa deixar tudo, romper com a vida anterior. É romper com a
tradição e com as seguranças do mundo. O discípulo renuncia tudo isso para acolher a novidade do
chamado que se faz urgente e necessário. O seguimento implica igualmente uma exigência de
renúncia de si, o que significa descentrar-se para centrar-se em Jesus (Mc 8,34). Esse
“desenraizamento” para o discipulado significa um “deixar” em função de receber em dom um
mundo novo, uma nova existência.
A nossa sociedade tem necessidade de testemunhas apaixonadas por Cristo e seu evangelho,
que fazem experiência de Deus e transmitam com a vida. No mundo secularizado em especial os
jovens, eles tem sede de autenticidade, questionando se realmente acreditamos no que anunciamos,
e se vivemos o que acreditamos e se anunciamos realmente o que vivemos?
Na medida em que é ponto de partida para o seguimento, a conversão instaura um
dinamismo de vida movido pelo Espírito, que provoca uma saída de si mesmo e uma abertura para
Deus e os outros. Junto com a conversão vem a sede de viver em sintonia com a proposta
evangélica.
A fidelidade ao seguimento de Jesus convoca ao êxodo e ao compromisso. Aquele que se
instala, se acomoda, deixa de ser seguidor de Jesus. O seguimento é disponibilidade, capacidade de
mudança. O critério fundamental é pôr-se a caminho com Jesus.
O seguimento, enquanto êxodo, não significa somente “estar onde está Jesus”, mas trilhar os
seus caminhos. O cego Bartimeu que estava sentado à beira do caminho, provocado pela presença
de Jesus, abandona a condição de estabilidade, deixando o que era tudo para ele (sua capa, seu
mundo) para caminhar com Jesus (cf. Mc 10,46-52). “Não há fé onde não há seguimento de Jesus;
e não há seguimento de Jesus onde não há movimento” (Jose Castillo).

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Faça-se em mim segundo a tua palavra - IV Domingo do Advento (Ildo Bohn Gass)

Quarta-feira, 14 de dezembro de 2011 - 22h58min

Ildo Bohn Gass é autor da Série Uma Introdução à Bíblia

Lucas 1,26-38 - Gabriel anuncia a Maria que ela vai ser a mãe do Salvador

Encontramos a narrativa do anúncio de Gabriel a Maria somente no Evangelho da Infância de Jesus segundo Lucas (Lucas 1-2). Ao comunicar os nascimentos de João, o profeta que prepara o caminho do Reino, e de Jesus, como o messias, o mensageiro Gabriel anuncia o início de uma nova história como resposta de Deus à súplica dos pobres.

A esperança vem de onde menos se espera

O evangelho proposto para o IV domingo do Advento deste ano é o anúncio de que o messias vai chegar e que algo novo irrompe na história (Lucas 1,26-38). A novidade que surge não vem através de pessoas importantes, mas por uma criança nascida de Maria. Pode-se espera algo de uma jovem mulher com sua frágil criança?

Também de pessoas idosas não se espera mais filhos. É o que expressa Zacarias, quando Gabriel lhe anuncia que seria pai do profeta João: "Estou velho e minha esposa já tem uma idade avançada". Além do mais, Isabel "era estéril" (Lucas 1,7.18). Da mesma forma, também de Maria não se esperava que fosse gerar um filho, pois ainda não havia tido relações com José, seu noivo (Lucas 1,34). A teologia a respeito da concepção de Jesus quer mostrar, de um lado, a ação salvadora de Deus na história das pessoas de quem não se espera mais nada. De outro, quer revelar que Jesus vem realizar a esperança profética da filiação divina do ungido de Deus. O fato de o anjo Gabriel se dirigir a uma mulher, algo incomum numa religião controlada por um clero exclusivamente masculino, é mais um sinal da novidade da ação de Deus que se encarnou em nossa história a partir de quem era excluída.

A novidade não vem dos grandes centros, mas o anúncio de sua chegada é feita a uma jovem em Nazaré, uma aldeia da periferia pouco importante para quem controla o templo de Jerusalém. "Quando Filipe encontra Natanael e lhe diz: ‘Encontramos aquele de quem escreveram Moisés, na Lei, e os profetas: Jesus, o filho de José, de Nazaré', Natanael lhe pergunta: ‘De Nazaré pode sair algo de bom?' Filipe então lhe diz: ‘Vem e vê'". (João 1,45-46) Mais adiante, alguns cidadãos honrados em Jerusalém perguntam: "O Cristo pode vir da Galiléia?" (João 7,41). Ou ainda, ao discutirem com Nicodemos, um dos discípulos de Jesus, vemos os chefes dos sacerdotes e os fariseus convencidos de que "da Galiléia não surge profeta" (João 7,52). Assim também será com o lugar do nascimento do menino, na periferia de Jerusalém. Conforme a esperança do profeta Miquéias, vai ser em Belém, uma aldeia insignificante, a menor entre todas (Miquéias 5,1).

Segundo o profeta Natã (2Samuel 7,8-16), esperava-se que o messias fosse da descendência de Davi. Podemos perceber isso no v. 27 ("José, da casa de Davi.") e no v. 32 ("O Senhor Deus lhe dará o trono de Davi, seu pai."). Esperava-se também que seu reinado jamais terminasse. É o que se pode ler no v. 33 ("Ele reinará para sempre e seu reino não terá fim."). Além disso, tinha-se a expectativa de que fosse de filiação divina, como se pode ler nos vv. 32 e 35 ("Será chamado Filho do Altíssimo" e "Será chamado santo, Filho de Deus"). E é justamente no menino de Nazaré, longe da dinastia davídica da Judéia, que se revela essa realidade da filiação divina, da comunhão entre o céu e a terra, do divino que se faz humano para tornar o humano divino. E seu reinado não tem nada parecido com a glória e o poder dos palácios de Davi. Ao contrário, é um reinado de serviço à justiça do Reino, à vida dos mais pobres.

Convém notar que o messias não veio como um forte guerreiro, como autoridade sacerdotal ou como um grande legislador, tal como alguns grupos de judeus esperavam. Ao contrário, da mesma forma como sua mãe que vive no meio do povo pobre, sua vida revelou que o Reino de Deus está presente especialmente lá onde todas as pessoas podem circular, isto é, nos caminhos dos campos, nas casas, nas ruas da periferia. Estes são os espaços sagrados preferidos na prática de Jesus e não o templo legalista, cujas autoridades, decidiriam mais tarde a sua morte. Aliás, segundo a comunidade de Mateus, já queriam eliminá-lo quando ainda era um menino (Mateus 2,1-12).

A esperança quer se encarnar em nossas vidas

Para que esse agir libertador de Deus na história se torne realidade, algumas condições são necessárias, como contrapartida humana.

Em primeiro lugar, Maria, que representa todas as pessoas excluídas que esperam por um novo tempo, uma vez que é mulher, virgem, de uma aldeia periférica e pobre, não pode ter medo. O medo paralisa qualquer iniciativa emancipatória. "Não tenhas medo!", disse Gabriel a Maria (Lucas 1,30). Que medos precisamos vencer para nos colocar, como Maria, a serviço da palavra?

Uma segunda condição é ter forte experiência com o Deus do Êxodo, presença salvadora no meio de seu povo. Da mesma forma como no passado a nuvem de Deus projetara sombra sobre a tenda de Javé e acompanhara a caminhada pelo deserto em direção à terra da liberdade (Êxodo 40,34-38), assim "o poder do Altíssimo te cobrirá com sua sombra" (Lucas 1,35), tornando possível a encarnação libertadora de Deus na história. Também a saudação de Gabriel em Lucas 1,28 ("O Senhor está contigo") é igual ao que Deus diz a Moisés no Êxodo (Êxodo 3,12) e aos profetas (Jeremias 1,8.19). O que impede deixar-nos envolver pela nuvem de Deus para que nos transfigure, revelando em nosso ser, como Maria, a presença do Deus Emanuel?

Uma terceira pressuposição é que haja da parte humana uma atitude de fé, isto é, acreditar que é possível a ação divina em nós. É o que Isabel dirá logo adiante a Maria: "Feliz aquela que acreditou" (Lucas 1,45). Nós cremos, Senhor. Mas, como Maria, queremos avançar mais em nossa fé. Por isso, ajuda-nos na nossa incredulidade (Marcos 9,24).

Por fim, uma quarta condição é nossa postura de serviço: "Eis aqui a serva do Senhor! Faça-se em mim segundo a tua palavra" (Lucas 1,38). E, imediatamente, Maria se pôs a serviço de Isabel, a idosa que gestava o precursor da missão profética de seu filho Jesus (Lucas 1,39-45). Ó Deus, que te revelas na fragilidade e na ternura da criança, queremos abrir a porta de nosso coração à tua graça e deixar-nos transformar na intimidade do teu amor. Amém!

Faça-se em mim segundo a tua palavra - IV Domingo do Advento (Ildo Bohn Gass)

Quarta-feira, 14 de dezembro de 2011 - 22h58min

Ildo Bohn Gass é autor da Série Uma Introdução à Bíblia

Lucas 1,26-38 - Gabriel anuncia a Maria que ela vai ser a mãe do Salvador

Encontramos a narrativa do anúncio de Gabriel a Maria somente no Evangelho da Infância de Jesus segundo Lucas (Lucas 1-2). Ao comunicar os nascimentos de João, o profeta que prepara o caminho do Reino, e de Jesus, como o messias, o mensageiro Gabriel anuncia o início de uma nova história como resposta de Deus à súplica dos pobres.

A esperança vem de onde menos se espera

O evangelho proposto para o IV domingo do Advento deste ano é o anúncio de que o messias vai chegar e que algo novo irrompe na história (Lucas 1,26-38). A novidade que surge não vem através de pessoas importantes, mas por uma criança nascida de Maria. Pode-se espera algo de uma jovem mulher com sua frágil criança?

Também de pessoas idosas não se espera mais filhos. É o que expressa Zacarias, quando Gabriel lhe anuncia que seria pai do profeta João: "Estou velho e minha esposa já tem uma idade avançada". Além do mais, Isabel "era estéril" (Lucas 1,7.18). Da mesma forma, também de Maria não se esperava que fosse gerar um filho, pois ainda não havia tido relações com José, seu noivo (Lucas 1,34). A teologia a respeito da concepção de Jesus quer mostrar, de um lado, a ação salvadora de Deus na história das pessoas de quem não se espera mais nada. De outro, quer revelar que Jesus vem realizar a esperança profética da filiação divina do ungido de Deus. O fato de o anjo Gabriel se dirigir a uma mulher, algo incomum numa religião controlada por um clero exclusivamente masculino, é mais um sinal da novidade da ação de Deus que se encarnou em nossa história a partir de quem era excluída.

A novidade não vem dos grandes centros, mas o anúncio de sua chegada é feita a uma jovem em Nazaré, uma aldeia da periferia pouco importante para quem controla o templo de Jerusalém. "Quando Filipe encontra Natanael e lhe diz: ‘Encontramos aquele de quem escreveram Moisés, na Lei, e os profetas: Jesus, o filho de José, de Nazaré', Natanael lhe pergunta: ‘De Nazaré pode sair algo de bom?' Filipe então lhe diz: ‘Vem e vê'". (João 1,45-46) Mais adiante, alguns cidadãos honrados em Jerusalém perguntam: "O Cristo pode vir da Galiléia?" (João 7,41). Ou ainda, ao discutirem com Nicodemos, um dos discípulos de Jesus, vemos os chefes dos sacerdotes e os fariseus convencidos de que "da Galiléia não surge profeta" (João 7,52). Assim também será com o lugar do nascimento do menino, na periferia de Jerusalém. Conforme a esperança do profeta Miquéias, vai ser em Belém, uma aldeia insignificante, a menor entre todas (Miquéias 5,1).

Segundo o profeta Natã (2Samuel 7,8-16), esperava-se que o messias fosse da descendência de Davi. Podemos perceber isso no v. 27 ("José, da casa de Davi.") e no v. 32 ("O Senhor Deus lhe dará o trono de Davi, seu pai."). Esperava-se também que seu reinado jamais terminasse. É o que se pode ler no v. 33 ("Ele reinará para sempre e seu reino não terá fim."). Além disso, tinha-se a expectativa de que fosse de filiação divina, como se pode ler nos vv. 32 e 35 ("Será chamado Filho do Altíssimo" e "Será chamado santo, Filho de Deus"). E é justamente no menino de Nazaré, longe da dinastia davídica da Judéia, que se revela essa realidade da filiação divina, da comunhão entre o céu e a terra, do divino que se faz humano para tornar o humano divino. E seu reinado não tem nada parecido com a glória e o poder dos palácios de Davi. Ao contrário, é um reinado de serviço à justiça do Reino, à vida dos mais pobres.

Convém notar que o messias não veio como um forte guerreiro, como autoridade sacerdotal ou como um grande legislador, tal como alguns grupos de judeus esperavam. Ao contrário, da mesma forma como sua mãe que vive no meio do povo pobre, sua vida revelou que o Reino de Deus está presente especialmente lá onde todas as pessoas podem circular, isto é, nos caminhos dos campos, nas casas, nas ruas da periferia. Estes são os espaços sagrados preferidos na prática de Jesus e não o templo legalista, cujas autoridades, decidiriam mais tarde a sua morte. Aliás, segundo a comunidade de Mateus, já queriam eliminá-lo quando ainda era um menino (Mateus 2,1-12).

A esperança quer se encarnar em nossas vidas

Para que esse agir libertador de Deus na história se torne realidade, algumas condições são necessárias, como contrapartida humana.

Em primeiro lugar, Maria, que representa todas as pessoas excluídas que esperam por um novo tempo, uma vez que é mulher, virgem, de uma aldeia periférica e pobre, não pode ter medo. O medo paralisa qualquer iniciativa emancipatória. "Não tenhas medo!", disse Gabriel a Maria (Lucas 1,30). Que medos precisamos vencer para nos colocar, como Maria, a serviço da palavra?

Uma segunda condição é ter forte experiência com o Deus do Êxodo, presença salvadora no meio de seu povo. Da mesma forma como no passado a nuvem de Deus projetara sombra sobre a tenda de Javé e acompanhara a caminhada pelo deserto em direção à terra da liberdade (Êxodo 40,34-38), assim "o poder do Altíssimo te cobrirá com sua sombra" (Lucas 1,35), tornando possível a encarnação libertadora de Deus na história. Também a saudação de Gabriel em Lucas 1,28 ("O Senhor está contigo") é igual ao que Deus diz a Moisés no Êxodo (Êxodo 3,12) e aos profetas (Jeremias 1,8.19). O que impede deixar-nos envolver pela nuvem de Deus para que nos transfigure, revelando em nosso ser, como Maria, a presença do Deus Emanuel?

Uma terceira pressuposição é que haja da parte humana uma atitude de fé, isto é, acreditar que é possível a ação divina em nós. É o que Isabel dirá logo adiante a Maria: "Feliz aquela que acreditou" (Lucas 1,45). Nós cremos, Senhor. Mas, como Maria, queremos avançar mais em nossa fé. Por isso, ajuda-nos na nossa incredulidade (Marcos 9,24).

Por fim, uma quarta condição é nossa postura de serviço: "Eis aqui a serva do Senhor! Faça-se em mim segundo a tua palavra" (Lucas 1,38). E, imediatamente, Maria se pôs a serviço de Isabel, a idosa que gestava o precursor da missão profética de seu filho Jesus (Lucas 1,39-45). Ó Deus, que te revelas na fragilidade e na ternura da criança, queremos abrir a porta de nosso coração à tua graça e deixar-nos transformar na intimidade do teu amor. Amém!

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Uma linda celebração de natal do saudoso frei Bernardo Cansi

O JEITO INCRÍVEL DE JESUS NASCER

Frei Bernardo Cansi - OFM

Cenário- Preparar flores, bandeirinhas, ramos, brinquedos, imagem de Maria, do Menino Jesus, crucifixo, suco e bolinhos; uma vela e fósforos.

Convida-se para a celebração uma família pobre da redondeza.

Mãe - Estamos reunidos para celebrar um fato muito importante para a comunidade. O Natal de Jesus levanta muitas perguntas para todos . Ele quis vir até nós para mostrar como há possibilidade de sermos todos amigos, fraternos e familiares. Podia ter nascido numa casa com tapetes e lâmpadas de azeite acesas. Mas nasceu como um pobre. Vamos cantar, como gesto de alegria e de fé, pela sua presença viva em nossa casa.

(Canto) Noite feliz, noite feliz, ó Senhor, Deus de amor, pobrezinho nasceu em Belém. Eis na lapa Jesus nosso bem. Dorme em paz, ó Jesus. Dorme em paz, ó Jesus...

Pai - José, o pai adotivo de Jesus, era operário. Um simples carpinteiro. Amigo de muita gente, ele e Maria foram os encarregados da educação de Jesus. Foi uma honra. Mas não deixou de ser uma responsabilidade. Deus podia escolher doutores, com muitos diplomas e medalhas, para educar o Salvador do mundo. Preferiu um casal modesto, pobre, cheio de fé e união. (Traz a imagem de Jesus.) Vamos acolher com alegria e festa a imagem de Jesus criança entre nós com uma salva de palmas bem forte. Vamos beijar esta imagem como se déssemos um grande carinho a Jesus. Beijar Jesus significa ser um ótimo e fiel amigo dele.

Filho - Observem como aconteceu o nascimento de Jesus: "Era noite escura. Todos diziam: 'Amanhã vai cair neve'. Não havia lâmpada acesa, nem fogo, nem cobertor grosso, nem travesseiro de penas, nem lã, nem remédios. Imaginemos como Maria ficou preocupada no parto e durante a noite toda. Por quantas dificuldades passou José! Jesus podia ter morrido. A sorte foi que tudo correu bem! E foi a noite mais importante da terra toda!"

Crianças - (Colocam ao redor de Jesus seus brinquedos.) Queremos oferecer a Jesus nossos brinquedos. Ele sofreu muito por nós. Será que ele tinha brinquedos como nós? Há muita criança no Brasil que sofre como Jesus!

Todos - (Canta-se "Parabéns a você".)

Pai – Estamos celebrando o nascimento de Jesus. Então que nos preparemos dignamente para esse acontecimento, com mais justiça, solidariedade e paz entre nós.

Mãe - Em Belém não havia um quarto para Maria dar à luz o nenê. Todo mundo estava acomodado debaixo dos cobertores, em seus quartos quentes. Quais foram as pessoas que se apressaram em visitar e perguntar se Maria e José precisavam de alguma coisa? Foram pessoas bem pobres, as mais desprezadas da redondeza: os pastores. E quando chegaram perto da estrebaria, onde estavam Jesus Menino, Maria e José, pararam e olharam. Devagarinho, dobraram seus joelhos. Corações e rostos se encheram de uma extraordinária felicidade. Adoraram Jesus como rei do mundo. Vamos também ajoelhar diante de Deus que mora entre nós. Voltemos nosso olhar para a imagem de Jesus. Sua casa somos todos nós. Ele ama de preferência os pobres e sofredores. Se alguém quiser dizer algumas palavras a Jesus, diga-as em voz alta. Demonstremos nosso amor a ele.

Pai - Pensemos nas crianças que nesta noite estão nascendo. Estamos certos de que a maioria delas está nascendo no abandono, em camas apertadas. Quantas mães morrem dando à luz. Belém é o Brasil. Muitas mães estão cuidando de filhos em casas sujas como estrebarias, porque não têm melhores condições. Lutam a vida inteira e nada conseguem. Belém é a favela. Belém é o barraco coberto de papelão. Quanto sangue derramado de mães que dão à luz filhos e filhas! O Brasil é uma vasta Belém abandonada e explorada pêlos gananciosos! Rezemos!

Todos - Nossa Senhora do Bom Parto, rogai por nós!

Mãe - Rezemos às mamães que sofrem, que choram, que molham o avental de tanta lágrima e tanta dor! Rezemos!

Todos - Nossa Senhora do Bom Parto, rogai por nós!

Filha- Quando vamos ao cemitério, vemos lá no fundo, naquele canto, túmulos pequeninos. São covas abertas na superfície da terra. São centenas! Sobre elas há uma flor e uma cruz. São de crianças que morreram cedo e não puderam ir à escola nem fizeram a primeira comunhão. Ninguém pode cantar-lhes "Parabéns a você!" Rezemos!

Todos - Nossa Senhora do Bom Parto, rogai por nós!

Filho - Gastam-se milhões em coisas inúteis no Brasil. Os que têm dinheiro só pensam em si e exploram os operários e lavradores. Os que não têm terra, gado, carro acabam morrendo como animais. Ninguém pensa neles. E são as jóias mais estimadas por Jesus. Enquanto as autoridades enganam o povo com promessas, Jesus vai ao encontro dos pobres para valorizá-los e libertá-los da miséria. Rezemos!

Todos - Nossa Senhora do Bom Parto, rogai por nós!

Filha - Os que pedem esmolas estão enchendo a cidade. Há muita gente bêbada, drogada e triste. Os morros estão cobertos de casas. Quando vem a chuva é um desalento,e motivo de grande preocupação. Rezemos!

Todos - Nossa Senhora do Bom Parto, rogai por nós!

Mãe - Os animais vieram para aquecer o corpo de Jesus. Hoje, há crianças que nascem no meio de baratas, ratos, mosquitos e perigos. Muitos sabem disso e nada fazem. Querem, ao contrário, que as mães pobres tomem remédio ou façam operação para nunca mais ter filhos. Assim, aqueles que possuem riquezas querem viver sempre mais no gozo e no egoísmo. Eles sabem que têm muita culpa diante dos pobres do Brasil. Rezemos!

Todos - Nossa Senhora do Bom Parto, rogai por nós!

(Canto) Maria de Nazaré, Maria me cativou. Fez mais forte a minha fé, e por filho me adotou...

Pai - A fim de que tenhamos um Brasil mais unido e justo, rezemos:

Todos - Maria, dai-nos a paz em nossa terra.

Pai - Para que haja mais respeito aos pobres, rezemos:

Todos - Maria, dai-nos a paz em nossa terra.

Mãe - Para que os jovens e as crianças sejam ajudados a ser seguidores de Jesus, rezemos:

Todos - Maria, dai-nos a paz em nossa terra.

Mãe - Para que diminua o número de crianças que morrem antes de nascer ou logo no primeiro ano de vida, rezemos:

Todos - Maria, dai-nos a paz em nossa terra.

Filho - Por ter sofrido na noite de Natal e na sua paixão e morte, Jesus sempre teve pena dos que choram, dos doentes que apanham, dos que são zombados, dos aleijados...

Filha - Jesus quis uma sociedade com justiça e uma religião comprometida com os mais fracos. Ele nasceu, viveu e morreu pobre. Pediu que ninguém confiasse nas riquezas, no poder e na glória humana. Todos os bens devem ser distribuídos. Ninguém deve passar fome. Não admitiu que ninguém se considerasse condenado ou na sarjeta. Portanto, nenhuma criança do Brasil deve ser desprezada. Todos merecem respeito e afeição.

(Canto) Criança feliz, feliz a cantar, alegre a embalar seu sonho infantil, ó meu bom Jesus, que a todos conduz, olhai às crianças do nosso Brasil!...

Mãe - Coloquemos bem pertinho de Jesus o crucifixo. (Todos acolhem o crucifixo com flores, ramos e bandeirolas.) A cruz foi a companheira inseparável de Jesus. Por que Jesus pensou muito na cruz? (Pede para que os presentes respondam.) Vejam: só porque Jesus nasceu pobre, viveu no meio dos pobres, chamou para perto de si os mais marginalizados e desprezados, queriam destruí-lo. Não admitiam que Jesus fosse amigo dos pequenos e fracos.

Pai - Quando anunciava a liberdade, o amor e a grandeza dos marginalizados, recebia como resposta não a confiança, mas a rejeição. Diziam que as obras dele eram de Satanás. Os simples, contudo, gostavam dele. A crucificação, o Calvário, os açoites, a prisão foram algumas das coisas ruins que os grandes da época aplicaram a Jesus por ter sido amigo de gente fraca, desprezada, considerada inútil e condenada.

Filho - (Passando de mão em mão a cruz.) Pensemos: se todos nós começássemos a viver o Evangelho, seríamos elogiados pêlos grandes? O que eles não diriam na TV, no jornal? Que diriam se todos nós iniciássemos uma campanha de profundas reformas no campo e na cidade? (Todos procuram dizer o que ouviriam dessas pessoas.)

Mãe - Está entre nós uma, família que tem muita necessidade. É igual à família de Jesus em Nazaré. Gente simples, amiga, lutadora. Mas a sociedade não a considera. Explora-a e acha que é gente de pouca importância. Vamos escutar o que ela sofre. Ela vai dizer o quanto padece, trabalha e como se sente discriminada pêlos grandes. (A família é convidada a dizer o que sente e o que sofre por parte de todos.)

Filha - Celebrar o Natal é continuar fazendo o que Jesus fez junto aos mais injustiçados. Sem amor a eles não existe Natal. De hoje em diante, o que vamos fazer a esta família que sofre o abandono das autoridades, da Igreja e de todos nós? (Todos se manifestam.) Se assim acontecer, poderemos cantar:

(Canto) Glória a Deus e paz na terra, cantem todos com fervor. Glória a Deus nas alturas...

Pai - Só haverá verdadeiro Natal quando todos se aproximarem da mesa e puderem comer pão com manteiga, café, verduras, frutas, carne... Isto é, quando tiver o necessário para obter boa saúde. Enquanto alguns comerem do melhor e se fartarem ricamente, e outros morrerem de fome, o Natal será uma farsa.

Mãe - Quando todos se derem as mãos (todos se dão as mãos), sentindo-se realmente irmãos e irmãs, o presépio será vivo e nunca será destruído. O Brasil precisa ser logo esse presépio de amor e justiça.

Filha - Se alguém, por ser pobre, feio, mal vestido, for considerado menos gente e menos irmão nosso, não podemos cantar "Noite Feliz", pois a felicidade desta noite nasce do amor aos pobres.

Filho - Mostremos que Jesus está nascendo através de nosso permanente amor a todos, particularmente àqueles que mais sofrem: os negros, os índios, a mulher, o menor de rua, o camponês, o operário...

Pai neste simples lanche de Natal, o suco, o bolinho e o que está na mesa serão repartidos entre nós. Seja, pois, esta festa o sinal claro de que Deus está em nossa casa e comunidade.

Mãe - Para mostrar a presença de Jesus em nosso meio, vamos acender a vela que está na mesa. Quando a vela for acesa, bateremos palmas como gesto de alegria, pois Jesus, a luz do mundo, se digna estar entre nós (batem palmas). Desejo a todos vocês um Natal duradouro. Que ele se prolongue por todo o mês e por toda vida. Demo-nos o abraço de felicidade por este novo Natal em nossa casa. (Todos se abraçam.)

Fonte: Família Cristã

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Advento

"Na bruma leve das paixões
Que vêm de dentro
Tu vens chegando
Prá brincar no meu quintal
No teu cavalo
Peito nu, cabelo ao vento
E o sol quarando
Nossas roupas no varal...(2x)
Tu vens, tu vens
Eu já escuto os teus sinais
Tu vens, tu vens
Eu já escuto os teus sinais...
A voz do anjo
Sussurrou no meu ouvido
Eu não duvido
Já escuto os teus sinais
Que tu virias
Numa manhã de domingo
Eu te anuncio
Nos sinos das catedrais...
Tu vens, tu vens
Eu já escuto os teus sinais
Tu vens, tu vens
Eu já escuto os teus sinais..."

Anunciação, de Alceu Valença fala com alegria desse momento de esperança, a vinda daquele que vem "brincar" na nossa vida, o menino-Deus...
Os sinais estão aí, enquanto as lojas os carros de sons falam de promoções de sorteios, muitas crianças perambulam pelas nossas cidades sem ter o que comer e sem vestir, paradoxo do nosso tempo? Jesus já denunciava esse desparate na sua época.
Na verdade o que esperamos? É o menino que nasce na mais profunda simplicidade ou o brilho do ouro e da sofisticação que causa glamour e impacto?
Preparar-se para o Natal do Senhor, é voltarmos para o simples, para a humildade e despojar-se de tudo que nos escraviza e nos cega. Olhar para as manjedouras da vida e perceber que como Jesus ainda hoje há muitos que não tem lugar para nascer.
Que os sinos das nossas catedrais possam tocar anunciando a vinda do Menino-Deus de Amor, que clama por justiça e paz em nossas comunidades e em nossos lares. 

domingo, 11 de dezembro de 2011

Estamos reunidos aqui na casa da Rosa em Reunião, segue nossa pauta:

Reunião Setorial de Catequese

Dia 11 de dezembro de 2011

Casa da Rosa

Pauta:

- Avaliação da Reunião Setorial

- Notícias da diocese

- Planejamento 2012

- Outros.

sábado, 10 de dezembro de 2011

Do subsídio de formação de catequistas

Importância da Metodologia na ação catequética
Uma das preocupações mais intrigantes para os catequistas é com relação à Metodologia.
Cada vez mais nos defrontamos com a necessidade de melhorarmos e crescermos na missão
catequética. Ao preparar um encontro catequético sempre vêm à mente aquelas perguntas: “como
vou preparar o meu encontro?”, “de que maneira vou trabalhar com os catequizandos?”, “qual o
caminho a percorrer?”.
A palavra método é uma palavra de origem grega (méthodos, do grego – odós, caminho),
que quer dizer caminho, estrada que ajuda a chegar aonde que se quer, isto é, alcançar a meta
proposta.
O método catequético supõe uma ação de planejamento, o qual requer:
a) “domínio” do conteúdo a ser transmitido (O QUÊ?)
b) conhecimento da realidade e da vida dos catequizandos (QUEM?)
c) objetivos claros e concretos (PARA QUÊ?)
d) discernimento para escolher o melhor caminho, o método mais apropriado (COMO?)
e) capacidade para agendar as datas e administrar bem o tempo (QUANDO?)
f) clareza quanto à razão da sua missão e do caminho a ser percorrido (POR QUÊ?)
A catequese pode ter vários métodos. Assim, como para se chegar a um endereço
determinado, pode-se fazer uma longa caminhada, passar por desvios e pontes desnecessários ou
encontrar a maneira mais rápida para chegar à meta proposta.
Na educação da fé pode acontecer o mesmo. Quando não temos objetivos claros e nem
sabemos como realizar o que desejamos, podemos nos perder no caminho sem chegar a alcançar a
meta proposta. Na catequese, precisamos percorrer os caminhos mais adequados para vivenciar um
processo eficaz: “Para isto, é preciso não esquecer que além dos objetivos, precisamos ter em mente
a realidade em que trabalhamos (rural, periferia, urbana), os destinatários com suas experiências,
cultura, idade, os conteúdos a serem refletidos, vivenciados, o uso de uma linguagem adequada, e a
comunidade que é fonte, lugar e meta da catequese” (Marlene Bertoldi).
A Conferência de Aparecida fez sobre a caminhada da Igreja Latino-Americana fazendo
uma séria reflexão sobre os métodos utilizados pela Igreja na Catequese e na Ação Evangelizadora.
Depois de elencar as conquistas e os aspectos positivos (a animação bíblica da pastoral, renovação
litúrgica, empenho dos ministros ordenados e dos leigos e religiosos, a ação missionária e a
renovação pastoral da Igreja), a conferência apresentou algumas sombras e retrocessos
(reducionismos, enfraquecimento da vida cristã, falta de acompanhamento aos leigos, florescimento
de espiritualidade de cunho intimista, linguagem distante da Igreja, escassez de vocações, católicos
afastados, trânsito religioso, pluralismo religioso, afastamento e falta de coragem e perseverança na
fé), dentre os quais, elencamos duas:
• “Percebemos uma evangelização com pouco ardor e sem novos métodos e expressões, uma
ênfase no ritualismo sem o conveniente caminho de formação, descuidando outras tarefas
pastorais” (DA 100 c).
• “Na evangelização, na catequese e, em geral, na pastoral persistem também linguagens
pouco significativas para a cultura atual e em particular para os jovens. (...) As mudanças
culturais dificultam a transmissão da Fé por parte da família e da sociedade” (DA 100 d).
Tal constatação nos convida a re-pensar nossa ação catequética, procurando novos caminhos
e novos meios para transmitir a mensagem de fé. Sobre a importância do método, convém refletir
alguns aspectos inerentes:
.. Método Catequético supõe um caminho a ser trilhado, a ser construído. Como diz o
provérbio: “não há caminho pronto, caminho se faz ao caminhar”.
.. O catequista faz parte do Método Catequético: seu jeito de ser, olhar, escutar, falar, sorrir,
questionar, trabalhar, pontuar e agir;
.. O Método supõe sempre uma ação comunitária: ele passa pela partilha em grupo e aproveita
os espaços onde há reflexão, planejamento, ação e avaliação;
.. Método é uma experiência de convivência e de amizade. O método transforma as pessoas,
de desconhecidas a bons amigos. Aqui não há espaço para isolamento, inimizades ou
monólogos.
.. Jesus fez do seu seguimento um método bastante eficaz para os seus discípulos. Ele mesmo
se colocou como caminho (Jo 14, 6);
.. Método é procedimento: acolher, ver, iluminar, agir, celebrar e avaliar;
.. Método é interação: Fé, Vida e Comunidade;
.. Método é aprendizagem (aprender-fazendo, aprender-ensinando) e oportunidade para
aprimorar a escuta (ouvir-rezando; ouvir-sentindo e ouvir-amando).
.. Método é comunicação através da linguagem verbal e não verbal (gestos e símbolos);
.. Método é ação criativa e dinâmica. É caminho de construção, instrução e desconstrução.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Vai um poema meu para refletirmos sobre a vida

A vida

A vida é presente caro

Que recebemos do Criador

Um sopro forte e raro

Fonte do mais profundo amor.

A vida é sorrir mesmo na dor

E no alto da imensa tristeza

Poder superar com ardor

Até enfim tudo refletir a beleza.

A vida é olhar estrelas no céu

E caminhar neste chão

Encarar o outro sem véu

Viver um só coração.

A vida é conjugar o verbo amar

Olhar junto o percurso a seguir

Entrelaçar as mãos e sonhar

Que um mundo melhor há de vir

Luiz Sergio

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Quem compõem o nosso presépio?

por Silvio Meincke

Uma artista da nossa Comunidade recortou essas figuras do presépio: a Maria, o José e o Menino. Depois, no lugar dos pastores de ovelhas, que eram marginalizados na sua época, ela colocou pessoas marginalizadas da nossa época: o rapazote cadeirante e a mãe com sua criança pequena. Será que se trata de uma mãe que precisa criar sozinha seu menino? Junto com eles, um senhor idoso e frágil apoiado na bengala.

Essas pessoas encontram acolhida na manjedoura. São pessoas pouco importantes na hierarquia de valores que nossa sociedade estabelece, já que valoriza quem produz mais e quem pode comprar muitas coisas que brilham. Se a artista fosse brasileira, talvez incluiria uma família de indígenas e, quem sabe, uma cabocla.

Na manjedoura, essas pessoas da margem são benvindas, uma vez que o próprio menino teve como primeira cama um comedouro de vacas. Nesses dias, representantes dos governos do mundo inteiro se reúnem mais uma vez para tomar decisões sobre a redução das causas que estão mudando o clima sobre a Terra.

Será que eles colocarão os mais frágeis no centro das suas decisões? Pois, serão os mais pobres e mais fracos que sofrerão, por primeiro, as consequências das mudanças climáticas. Aliás, já estão sofrendo.

sábado, 3 de dezembro de 2011

Uma linda celebração de advento publicada no CEBI

Celebração de Advento I

Quinta-feira, 1 de dezembro de 2011 - 10h30min

por CEBI

José: Construindo o homem novo (Mt 1,1-17)

(Providenciar pão para ser abençoado e partilhado; a coroa com as quatro velas do Advento, a árvore e o menino Jesus, água perfumada e Bíblia; pedacinhos de papel (de várias cores e formatos) para cada pessoa que participa escrever as Boas-Novas/Boas Realidades da semana, que serão penduradas na árvore de Natal e um cartaz com a seguinte frase em letras coloridas: OUTRAS RELAÇÕES POSSÍVEIS: É NATAL!)

Animador/a: Dar as boas-vindas a cada uma e a cada um!

Que bom nos reunir para nos preparar bem para o Natal! Natal é tempo de alegria, de espera... Tempo de perfume novo. Convidamos algumas crianças do grupo para passar água perfumada na mão de cada pessoa, como símbolo de preparação para o novo que está chegando. (Crianças passam água perfumada.)

Acender UMA vela

(Uma pessoa da família acolhe os participantes e acende a primeira vela, rezando a oração abaixo.)

Bendito sejas, Senhor Deus de nossos pais e de nossas mães! Sempre acompanhas o povo nas alegrias e nas tristezas. És o Deus da vida e da esperança. Iluminas nossas vidas com a luz da ressurreição do teu Filho. No Advento, esperamos sua vinda. Que ele nos liberte das trevas do egoísmo. Queremos realizar um verdadeiro encontro com Jesus, na celebração do seu nascimento.

Todos: Ó luz do Senhor, que vem sobre a terra, inunda teu povo com o teu esplendor!

(Pode-se cantar ou recitar.)

Oração inicial

Vamos até Belém,

como os pastores.

O importante é colocar-se a caminho.

E, se em lugar de um Deus glorioso,

encontrarmos a fragilidade

de uma criança,

não duvidemos

de ter errado o caminho.

O rosto amedrontado dos oprimidos,

a solidão das pessoas entristecidas,

a amargura

dos pobres da Terra

são os lugares onde Ele continua

a viver na clandestinidade.

É nosso dever procurá-lo.

Colocamo-nos, sem medo, a caminho,

semeadores e semeadoras de esperança.

Canto inicial

1: Estamos nos preparando para o Natal. Este tempo é chamado Advento - tempo de espera do novo. Natal é Deus que visita seu povo, arma sua tenda entre nós e anuncia a Boa-Notícia do Reino. Maria e José preparam a casa para acolher Jesus e nos convidam a construir novas relações entre mulheres e homens. Uma nova humanidade está para nascer!

(Alguém ergue a imagem do menino Jesus e coloca perto da árvore de Natal.)

Todos: Ó vem, Senhor, não tardes mais, vem saciar nossa sede de paz!

2: Natal é Deus que se faz gente e vem morar com a gente. Deus se faz gente na "casa" de Maria e de José de Nazaré. José, esposo de Maria, é homem simples e camponês da Galiléia, criado segundo os costumes e as leis da sua religião. Na casa de José com Maria inicia-se uma nova genealogia, é a genealogia que nomeia mulheres que rompem com o poder violento e patriarcal. Na casa de José, não mais só de José, mas também de Maria, é gerado o novo Homem, Jesus, o Filho de Deus. Na casa de José e de Maria Deus se faz gente.

Todos: Ó vem, Senhor, não tardes mais, vem saciar nossa sede de paz!

3: Casa é lugar de aconchego, de acolhida, de partilha e de serviço. Nas nossas realidades cotidianas, casa é também, muitas vezes, lugar de violência, de mando e abuso. Em nossas realidades, muitos homens fazem da casa lugar de violência e silenciam dessa forma crianças e mulheres. Assim era também no tempo de José. Assim era também nesse conto de genealogias, isto é, história de pais com as crianças e as mulheres. José rompe com a regra que fazia de muitos homens os senhores da vida e da morte de crianças e mulheres. José se faz casa que acolhe, que escuta, que dialoga e serve. José reconhece a possibilidade de ser Maria construtora de outras relações possíveis. Na casa de Maria e José, casa reinventada nas possibilidades das relações, Deus vem visitar e habitar com o seu povo.

Todos: Ó vem, Senhor, não tardes mais, vem saciar nossa sede de paz!

4: Na língua antiga de Maria e de José, "casa" é "bet", tem a mesma raiz da palavra construir e da palavra "ben", isto é, "filho". Novas gerações se constroem como se constrói uma casa. Precisamos do trabalho do dia-a-dia, do suor do cotidiano, do compromisso de cada uma e de cada um. Precisamos desmanchar para construir algo novo, melhor, mais acolhedor. Para construir casa e relações, precisamos sonhar. Chegou o tempo da "nova geração"! Tempo de uma nova "casa", tempo de uma nova ecologia! Tempo de uma nova geração de homens e mulheres que vivem relações no exercício do poder que é serviço, das relações circulares, entre iguais e com a terra. Chegou o tempo da "casa" de Deus com seu povo, "casa" da acolhida, "casa" como espaço, onde todos e todas têm vez, têm voz, têm lugar e, por isso, é "casa" em que Deus faz sua morada.

Todos: Ó vem, Senhor, não tardes mais, vem saciar nossa sede de paz!

5: Vamos ouvir um texto bem do começo do Evangelho da comunidade de Mateus. Um texto que traz tantos nomes e dentre tantos nomes de homens são nomeadas algumas mulheres. A primeira delas é Tamar (Gn 38), ela é ferida pelo patriarca Judá nos seus direitos de herança e vida digna. Tamar não se acomoda com a injustiça e com os meios e possibilidades de seu tempo, procura um caminho de saída para o reconhecimento de seus direitos. A segunda mulher é Raab (Jz 2), mulher acolhedora do projeto de libertação e da terra prometida. Mulher prostituída por causa da opressão na periferia da cidade. Mulher que não esquece de cuidar e defender os pequenos. A terceira é a estrangeira Rute. Mulher sem terra e sem direitos, que luta pelo direito de respigar e pelo direito de cuidar outras mulheres viúvas e indefesas. A quarta é Betseba (1Sm 11), mulher ferida na honra pela violência do rei Davi. Mulher emudecida no seu desejo. Mulher violada e assassinada no direito do cuidado do marido e do filho. Todas essas mulheres da genealogia são vítimas da violência patriarcal de alguns homens e tentam resistir contra essa violência. Coisa maravilhosa acontece no final da genealogia da comunidade de Mateus. Agora não existem mais homens violentos senhores de mulheres. É nomeado um homem simples, do campo, não é senhor de uma mulher, não é mais senhor de todo poder de decisão. É simplesmente José. É José porque é esposo de uma mulher, Maria..., outros poderes são possíveis: o poder que vence a violência! Vamos nos preparar para acolher este texto, cantando:

Canto de acolhida da Palavra da Bíblia

Palavra da Bíblia: Mateus 1,1-17

Para conversar

1. Conhecemos histórias parecidas com as histórias das mulheres elencadas na genealogia de Jesus? Poderíamos partilhar essas histórias?

2. Como são as relações dentro de nossas casas? Os homens do grupo poderiam falar sobre como José é relatado neste texto da genealogia?

Animador/a: José e Maria. José, na simplicidade de um homem trabalhador, ousa no cotidiano de sua vida recriar relações, enfrenta o poder dominante, ensaiando novas relações com Maria. Busca com ela construir e gerar nova humanidade. Depois de 42 gerações, agora chegou o tempo de uma nova geração. Geração de homens-Josés e mulheres-Marias cheios e cheias, grávidos e grávidas de desejos e de coragem de novidade, de Boas-Novas, de Evangelho, de Jesus.

A reflexão se torna oração: Salmo 85(84)

Voltando do cativeiro para a terra prometida, o povo agradece ao Senhor e implora para ele que complete a salvação.

Aos caminhos de Deus vamos todos,

Terra boa de se caminhar,

Deus-Conosco, seu nome mais lindo,

Entre irmãos vamos todos cantar.

Foste amigo, antigamente, desta terra que amaste.

Deste povo que acolheste, sua sorte melhoraste.

Perdoaste seus pecados, tua raiva acalmaste.

Vem, de novo, restaurar-nos! Sempre irado estarás,

Indignado contra nós? E a vida não darás?

Salvação e alegria, outra vez, não nos darás?

Escutemos suas palavras, é de paz que vai falar.

Paz ao Povo, a seus fiéis, a quem dele se achegar.

Está perto a salvação, e a glória vai voltar.

Eis: Amor, Fidelidade, vamos unidos se encontrar,

Bem assim, Justiça e Paz, vão beijar-se e se abraçar.

Vai brotar Fidelidade, e Justiça se mostrar.

E virão os benefícios, do Senhor a abençoar,

E os frutos do amor, desta terra vão brotar.

A justiça diante dele, e a Paz o seguirá.

Glória ao Deus do universo, ao que vem, glória e amor.

Ao Espírito cantemos, sua ternura se mostrou,

Ao Deus vivo celebremos a alegria do louvor.

Oração comunitária

(Preces...)

Pai-Nosso Ecumênico

Bênção do pão/alimentos: Queremos agora pedir a bênção de Deus sobre esse pão(alimentos, se houver...), fruto de nosso trabalho e da bondade da terra. Vamos estender nossas mãos e cantar (orar juntos...) a bênção:

1. Abençoa, ó Senhor,/ esta nossa refeição.

/: É bendito quem plantou,/ é bendita quem colheu

E também quem cozinhou. :\

Refrão: Somos, ó Senhor,/ somos teu povo/ a plantar, a trabalhar

E com alegria quem colheu com o irmão vem partilhar.

2. Se sozinhos somos fracos,/ se unir ficamos fortes

/: Pra que todos tenham pão (bis), justiça e libertação. :\

(Paródia com a música Bendito dos Romeiros, de Zé Vicente)

Animador/a: Antes de partilharmos o pão, vamos escrever nos papeizinhos e partilhar as Boas-Novas que queremos pendurar na nossa árvore de Natal.

(Partilha de Boas-Novas, do pão e dos alimentos, e abraço da Paz... Avisos e programação do próximo encontro...)

Oração final

Ó vem, Senhor, não tardes mais!

Vem saciar nossa sede de paz!

Ó vem, como chega a brisa do vento,

Trazendo aos pobres, justiça e bom tempo!

Ó vem, como chega a chuva no chão,

Trazendo fartura de vida e de pão!

Ó vem, como chega a luz que faltou.

Só tua palavra nos salva, Senhor!

Ó vem, como chega a carta querida,

Bendito carteiro do reino da vida!

Ó vem, como chega o filho esperado.

Caminha conosco, Jesus bem-amado!

Ó vem, como chega o libertador.

Das mãos do inimigo nos salva, Senhor!

(Zé Vicente)

Canto final