sexta-feira, 29 de abril de 2011

"O amor torna tudo novo de novo". Assim, pela ressurreição, tudo se torna novo. O amor venceu! Aleluia! Shalon! Bom fim de semana a todos. Deixo esta linda reflexão de Carlos Mesters e amigos.

A missão das comunidades: "A paz esteja com vocês!"

Sexta-feira, 29 de abril de 2011 - 17h07min

Texto extraído do livro "RAIO -X DA VIDA" de Carlos Mesters, Mercedes Lopes e Francisco Orofino, publicado pelo Centro de Estudos Bíblicos (CEBI).

1. SITUANDO

Na conclusão do capítulo 20 (Jo 20, 30-31), o autor diz que Jesus fez "muitos outros sinais que não estão neste livro. Estes, porém, foram escritos (a saber os sete sinais relatados nos capítulos 2 a 11) para que vocês possam crer que Jesus é o filho de Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e, que acreditando, ter a vida no nome dele" (Jo 20, 31). Isto significa, inicialmente, esta conclusão era o final do Livros dos Sinais. Mais tarde, foi acrescentando o Livro da Glorificação que descreve a hora de Jesus, a sua morte e ressurreição. Assim, o que era o final do Livro dos Sinais passou a ser conclusão também do Livro da Glorificação.

2. COMENTANDO

1. João 20, 19-20: A experiência da ressurreição

Jesus se faz presente na comunidade. As portas fechadas não podem impedir que ele esteja no meio dos que nele acreditam. Até hoje é assim! Quando estamos reunidos, mesmo com todas as portas fechadas, Jesus está no meio de nós. E até hoje, a primeira palavra de Jesus é e sempre será: "A paz esteja com vocês!" Ele mostrou os sinais da paixão nas mãos e no lado. O ressuscitado é o crucificado! O Jesus que está conosco na comunidade não é um Jesus glorioso que não tem mais nada em comum com a vida da gente. Mas é o mesmo Jesus que viveu nesta terra, e traz as marcas da sua paixão. As marcas da paixão estão hoje no sofrimento do povo, na fome, nas marcas de tortura, de injustiça. É nas pessoas que reagem, lutam pela vida e não se deixam abater que Jesus ressuscita e se faz presente no meio de nós.

2. João 20, 21: O envio: "Como o Pai me enviou, eu envio vocês!"

É deste Jesus, ao mesmo tempo crucificado e ressuscitado, que recebemos a missão, a mesma que ele recebeu do Pai. E ele repete: "A paz esteja com vocês!" Esta dupla repetição acentua a importância da paz. Construir a paz faz parte da missão. Paz significa muito mais do que só ausência de guerra. Significa construir uma convivência humana harmoniosa, em que as pessoas possam ser elas mesmas, tendo todas o necessário para viver, convivendo felizes e em paz. Esta foi a missão de Jesus, é é também a nossa missão. Numa palavra, é criar comunidade a exemplo da comunidade do Pai, do Filho e do Espírito Santo.

3. João 20, 22: Jesus comunica o dom do Espírito

Jesus soprou e disse: "Recebei o Espírito Santo." É só mesmo com a ajuda do Espírito de Jesus que seremos capazes de realizar a missão que ele nos dá. Para as comunidades do Discípulo Amado, Páscoa (ressurreição) e Pentecostes (efusão do Espírito) são a mesma coisa. Tudo acontece no mesmo momento. Sobre a ação do Espírito, veja o Alargamento do 5º Círculo.

4. João 20, 23: Jesus comunica o poder de perdoar os pecados

O ponto central da missão de paz está na reconciliação, na tentativa de superar as barreiras que nos separam: "Aqueles a quem vocês perdoarem os pecados serão perdoados e aqueles a quem retiverdes serão retidos!" Este poder de reconciliar e de perdoar é dado à comunidade (Jo 20, 23; Mt 18,18). No Evangelho de Mateus é dados também a Pedro (Mt 16, 19). Aqui se percebe a enorme responsabilidade da comunidade. O texto deixa claro que uma comunidade sem perdão nem reconciliação já não é comunidade cristã.

5. João 20, 24-25: A dúvida de Tomé

Tomé, um dos doze, não estava presente. E ele não crê no testemunho dos outros. Tomé é exigente: quer colocar o dedo nas feridas da mão e do pé de Jesus. Quer ver para poder crer! Não é que ele queria ver milagre para poder crer. Não! Tomé queria ver os sinais nas mãos e no lado. Ele não crê num Jesus glorioso, desligado do Jesus bem humano que sofreu na cruz. Sinal de que havia pessoas que não aceitavam a encarnação (2Jo 7; 1Jo 4,2-3; 2,22). A dúvida de Tomé também deixa transparecer como era difícil crer na ressurreição!

6. João 20, 26-29: Felizes os que não viram e creram

O texto começa dizendo: "Uma semana depois". Tomé foi capaz de sustentar sua opinião durante uma semana inteira. Cabeçuda mesma! Graças a Deus, para nós! Novamente, durante a reunião da comunidade, eles têm uma experiência profunda da presença de Jesus ressuscitado no meio deles. E novamente recebem a missão de paz: "A paz esteja com vocês!" O que chama a atenção é a bondade de Jesus. Ele não critica nem xinga a incredulidade de Tomé, mas aceita o desafio e diz: "Tomé, venha cá colocar seu dedo nas feridas!". Jesus confirma a convicção de Tomé, que era a convicção de fé das comunidades do Discípulo Amado, a saber: o ressuscitado glorioso é o crucificado torturado! É neste Cristo que Tomé acredita, e nós também! Com ele digamos: "Meu Senhor e meu Deus! Esta entrega de Tomé é a atitude ideal da fé. E Jesus completa com a mensagem final: "Você acreditou porque viu! Felizes os que não viram e no entanto creram!" Com esta frase, Jesus declara felizes a todos nós que estamos nesta condição: sem termos visto acreditamos que o Jesus que está no meio é o mesmo que morreu crucificado!

7. João 20, 30-31: Objetivo do Evangelho: levar a crer para ter vida

Assim termina o Evangelho, lembrando que a preocupação maior de João é a Vida. É o que Jesus diz: "Eu vim para que todos tenham vida e a tenham em abundância" (Jo 10, 10).

3. ALARGANDO

Shalôm: a construção da paz

O primeiro encontro entre Jesus ressuscitado e seus discípulos é marcado pela saudação feita por ele: "A paz esteja com vocês!" Por duas vezes Jesus deseja a paz a seus amigos. Esta saudação é muito comum entre os judeus e na Bíblia. Ela aparece quando surge um mensageiro da parte de Deus (Jz 6, 23; Tb 12, 17). Logo em seguida, Jesus os envia em missão, soprando sobre eles o Espírito. Paz, Missã e Espírito! Os três estão juntos. Afinal, construir a paz é a missão dos discípulos e discípulas de Jesus (Mt 10, 13; Lc 10, 5). O Reino de Deus, pregado e realizado por Jesus e continuado pelas comunidades animadas pelo Espírito, manifesta-se na paz (Lc 1, 79; 2,14). O Evangelho de João mostra que esta paz, para ser verdadeira, deve ser a paz trazida por Jeus (Jo 14, 27). Uma paz diferente da paz construída pelo império romano.

Paz na Bíblia (em hebraico é shalom) é uma palavra muito rica, significando uma série de atitudes e desejos do ser humano. Paz significa integridade da pessoa diante de Deus e dos outros. Significa também uma vida plena, feliz, abundante (Jo 10,10). A paz é sinal da presença de Deus, porque o nosso Deus é um "Deus da paz" (Jz 6, 24; Rm 15, 33). Por isso mesmo, a proposta de paz trazida por Jesus também é sinal de "espada" (Mt 10, 34), ou seja, de perseguições para as comunidades. O próprio Jesus faz este alerta sobre as tribulações promovidas pelo império romano tentando matar a paz de Deus (Jo 16, 33). É preciso confiar, lutar, trabalhar, perseverar no Espírito para que um dia a paz de Deus triunfe. Neste dia "amor e verdade se encontram, justiça e paz se abraçam" (Sl 85, 11). Então, como ensina Paulo, "o Reino será justiça, paz e alegria como fruto do Espírito Santo" (Rm 14, 17) e "Deus será tudo em todos" (1 Cor 15, 28).

sábado, 23 de abril de 2011

A missa

Do blog catequese de Crisma

Preparação para a missa

Aqui estou Senhor, para mais uma missa. Quero participar  
desta Eucaristia como se fosse a última oportunidade que 
tenho de ser salvo. Sei que a celebração da missa é a
oração mais excelente que podemos fazer. Sei também  
que não estou só; juntamente com outros irmãos de fé      
fazemos parte da Igreja de Cristo, cabeça do corpo do qual 
somos membros.

Por vossa graça, Senhor, sei que a missa é o mistério em  
que Jesus, livremente, se oferece ao Pai, obediente até a 
morte na fidelidade da cruz. Unidos a Cristo participamos 
do grande louvor ao Pai, no Espírito Santo, dando graças e 
acolhendo a graça redentora.

Porem estou ciente de minha indignidade de participar 
deste banquete. Reconheço minhas faltas e meus pecados, 
e antes de começar a missa sinto aquela mesma sensação 
confidenciada um dia por santo Ambrosio: “anseio ter como 
salvador aquele que não posso suportar como juiz”.

Mas aprendi Senhor, que posso confiar em vossa bondade 
e compaixão. Embora sem merecer, me preparo para 
receber vosso corpo e vosso sangue. Que eles me libertem     
do mal e me tornem capaz de amar ou outros,  
especialmente os que sofrem os pobres e até inimigos... 
Gostaria de realizar somente obras que vos agradem.

Maria Santíssima, vós que meditáveis continuamente no 
coração as palavras e os gestos de Jesus, ensina-me a 
participar desta Eucaristia de modo ativo e consciente, 
para que se operem e permaneçam em mim frutos da 
redenção.
Amigos Catequistas! Feliz Páscoa! Segue um texto do CEBI

Luas... Sobre Madalena e aquela madrugada - Maria Soave

Sábado, 23 de abril de 2011 - 10h35min

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A cada entardecer, o seu olhar mergulhava na grande festa das cores do céu. Os seus olhos profundos e escuros fitavam longe, à procura de algo. Devagarinho, dava uma volta sobre si mesma olhando lá no alto, num céu cada vez mais escuro, visitado pela primeira estrela. Um sorriso largo, bonito como as montanhas do Líbano carregadas de neve, enfeitava então o seu rosto escuro, da cor das árvores de oliveiras. Finalmente, a tinha encontrado, tímida amiga da noite, meiga presença no céu negro, fecundadora da terra, do mar e dos corpos das mulheres... lua.

Maria, assim ela se chamava. Tinha nascido e sempre vivido na pequena cidade de Mágdala, pedaço de terra da Galiléia banhado por um mar de água doce, da cor da prata e rico de peixes. Maria de Mágdala ou Madalena, assim as pessoas amigas a chamavam. Não era fácil a vida em Mágdala e em todas as pequenas cidades da Galiléia. Fazia muitos e muitos anos que reis estrangeiros com exércitos, armas e guerras tinham violentamente tomado posse daquela terra de pequenos agricultores. Antes, foram os Assírios, depois os Babilônios, os Persas, os Gregos e, agora, o exército mais violento e poderoso, vindo do grande mar, vindo de Roma. Lá na Galiléia, todas as pessoas eram obrigadas a trabalhar duro para pagar os altos impostos que o imperador romano cobrava. Muito trabalho, muito suor para pagar o tributo ao poder de Roma e ao templo de Jerusalém.

Nas noites de luar a dor parecia não ser tão forte

Grande parte das pessoas perdeu as pequenas propriedades de terra por causa do tributo romano e do poder do templo. Grande parte dos pequenos agricultores e pastores foi deixando a terra e migrando para as periferias ao redor da cidade do poder romano; Séforis antes e, depois, Tiberíades. Grande número de homens e mulheres sem-terra viviam de biscates nas periferias da grande cidade.

Periferias chamadas Mágdala, Caná, Nazaré... Gente empobrecida pela violência e pelo tributo romano, obrigada a viver sem terra e de biscates: ferreiros, parteiras, carpinteiros, prostitutas, padeiros...

Maria Madalena, a cada entardecer, devagarinho, dava uma volta sobre si mesma mergulhando lá no alto, num céu cada vez mais escuro, visitado pela primeira estrela. Um sorriso largo enfeitava o seu rosto quando a encontrava. Lá estava a lua, meiga e tímida senhora da noite.

Madalena esperava e escutava durante sete noites o crescer da tímida senhora da escuridão e, nas noites de lua bochechuda, amava abrigar-se debaixo de seus raios prateados. Nas noites de luar em Maria de Mágdala a dor parecia não ser tão forte. A ferida da invasão romana, da injustiça, da escravidão, da fome, da exclusão era como que acariciada pelos raios prateados e a dor era consolada pela memória viva que deixava espaço ao desejo de um outro tempo de lua cheia. Tempo da saída de um povo empobrecido da escravidão do Egito; tempo da presença do Deus libertador; tempo de deserto e terra prometida; tempo de queda dos poderosos e de vitórias dos pobres; tempo de cantos das profetisas Miriam e Deborah; tempo de Páscoa! O corpo de Madalena, fértil e aberto ao amor em tempo de lua cheia, se deixava acariciar pela memória da Páscoa da libertação que aqueles raios mansos e prateados traziam durante a noite.

Jesus conhecia aquele olhar

Jesus conhecia muito bem aqueles olhos profundos e escuros. Os olhos de Maria Madalena cantavam o sonho dos pais e das mães de Israel: justiça, paz, igualdade, libertação, um Messias, resgatador dos pobres da terra. Ao entardecer ao redor do fogo, Jesus, as discípulas e os discípulos preparavam alguns peixes assados; pão e peixe, comida de gente pobre. Jesus se aproximava de Maria e lhe dizia: “Hoje passei pela beira do mar, sei que ela vai aparecer. Falei para ela, mulher. Disse para ela te esperar porque logo tu irás conversar com ela. Falei para a lua aparecer bem bonita nesta noite para ti”. Comendo pão e peixe junto com “muitas mulheres que vinham seguindo Jesus desde a Galiléia” (Mt 27,55), naquela refeição com as discípulas e discípulos de Jesus, Maria fazia memória da Páscoa de libertação do povo, e Jesus sorria, alegre, olhando para cada discípula e discípulo no seguimento e na prática do Reino de Deus. Pequena comunidade de iguais a serviço dos pobres.

Mas aquela noite Maria de Mágdala chegou a odiar a chegada da lua cheia. O seu corpo sempre fértil e aberto para o amor chegou a sangrar antecipadamente em tempo de lua cheia. As lágrimas e os gritos tinham o cheiro e o sabor do sangue. De longe Maria e as outras discípulas olhavam para Jesus crucificado.

“Como podia suceder tudo isso? Como podia acontecer a morte do Mestre em tempo de lua cheia? Maldita lua enganadora que não trazia vida e libertação, conforme os patriarcas e as matriarcas tinham anunciado desde os tempos antigos, mas dor, violência, cruz e morte!”

Com o coração em pedaços, o corpo sangrando e o rosto devastado por tanta dor, “Maria de Mágdala e a outra Maria estavam sentadas em frente ao túmulo de Jesus” (Mt 27,61).

A vida e o sonho voltavam a ser vivos

Tudo tinha acabado. O sonho do movimento de Jesus, de comunidades de iguais, de um mundo solidário e de justiça tinha se estraçalhado em milhares de pedaços, como um jarro de barro caído do alto muro do templo. Pela primeira vez Madalena vestiu-se totalmente de preto para que todo o seu ser falasse da sua dor e, pela primeira noite, não foi conversar e se deixar balançar na rede de raios prateados da lua cheia. Era, aquela, a primeira lua cheia da primavera, a mesma que nos tempos antigos tinha trazido vida e libertação para o povo de Israel. Maria ficou em casa, aquela noite, os olhos abertos, secos por tantas lágrimas choradas, fixos e tristes olhando a escuridão e o vazio. Vazio de vida e de sonho.

“O dia seguinte, o começo do primeiro dia da semana, Maria de Madalena e a outra Maria foram ver o túmulo de Jesus” (Mt 28,1). Madalena sabia que iria encontrar só uma grande pedra na sua frente. Lá no túmulo estava só o corpo de um morto, Jesus não iria mais voltar... Mas Maria de Mágdala precisava estar perto do Mestre... Túmulo... vazio. Pedra... fora do lugar. Luz.... anjos. Morte. Derrotada... Ressurreição! “Jesus não está entre os mortos! Ele ressuscitou e nos espera lá em casa, lá no meio dos empobrecidos, lá na Galiléia!” (Mt 28,7).

Maria Madalena apóstola, porque testemunha da Ressurreição de Jesus, correu com a outra Maria, para dar a boa notícia aos discípulos (Mt 28,8).

Madalena corria, o coração batia forte, o suor molhava o seu rosto, a alegria tomava conta do corpo da apóstola. A vida e o sonho voltavam a ser vivos no coração de Madalena.

Parou um instante para retomar o fôlego. Os seus olhos profundos e escuros fitavam longe à procura de algo. Devagarinho deu uma volta sobre si mesma, deixando cair o manto preto que a cobria. Olhava e, no alto, mergulhava num céu cada vez mais claro onde ainda só brilhava uma estrela.

Um sorriso largo e uma gargalhada cristalina romperam o silêncio daquela madrugada. Finalmente, a tinha encontrado, tímida amiga do dia. Meiga presença fecundadora da terra, do mar, do corpo das mulheres... sinal de vida, libertação, ressurreição... Lua cheia da Páscoa do Senhor Jesus... “Alegrai-vos, mulheres e homens. Não tenhais medo. O Senhor ressuscitou! Aleluia!” (Mt 28,11).

quinta-feira, 21 de abril de 2011

O Jardim das Oliveiras: agonia e solidão - Carlos Mesters e Mercedes Lopes

Quarta-feira, 20 de abril de 2011 - 18h10min

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Artigo extraído do livro O Avesso é o lado certo.

Pedidos: vendas@cebi.org.br

1. Introdução

No início da sua missão, Jesus foi tentado no deserto (Lc 4,1-12). Naquela ocasião, Lucas fez a seguinte observação: “Tendo acabado toda a tentação, o diabo deixou Jesus até o momento oportuno” (Lc 4, 13). Este momento oportuno agora chegou. Chegou a hora da tentação suprema, “a hora do poder das trevas” (Lc 22,53). Começa a última etapa do êxodo de Jesus. Satanás já tinha conseguido desviar Judas (Lc 22,3). Queria desviar Tiago e João na hora da vingança contra os samaritanos, no início da viagem para Jerusalém (Lc 9,55). Quis entrar em Pedro, mas a oração de Jesus foi mais forte (Lc 22,31). Agora ele vai fazer a tentativa suprema para desviar Jesus do caminho do Pai. Mas não vai conseguir.

Durante a leitura do texto que descreve a agonia de Jesus no Horto, convém lembrar a cena da Transfiguração (Lc 9,28-36). No Evangelho de Lucas estes dois episódios têm uma semelhança muito grande, o que, sem dúvida, encerra uma mensa­gem da parte de Lucas para nós, seus leitores e suas leitoras.

2. Comentando

a) Lucas 22,39-40: Tentação e angústia

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“Como de costume, Jesus sai para o Monte das Oliveiras”. É a última noite da sua vida aqui na terra! Ele costumava ir naquela chácara para rezar. Jesus sabe que estão à sua procura para matá-lo. Sente a hora da tentação chegando. Bastaria subir o Monte das Oliveiras alcançar o deserto e ele estava livre. Ninguém o prenderia! O que fazer? Era a tentação de escapar do cálice. Ele ora e pede aos amigos, para que orem, “a fim de não entrar em tentação!” Jesus está sentindo a angústia provocada pela tentação. Não quer que seus amigos sofram esta mesma tentação.

b) Lucas 22,41-42: A oração da total entrega

Jesus ora de joelhos. Ele deve estar muito abalado e angustiado, pois naquele tempo o costume era orar em pé. Lucas traz as palavras da oração: “Pai, se queres, afasta de mim este cálice. Contudo não a minha mas a tua vontade seja feita. E a oração da total entrega. Jesus não volta atrás, não quer escapar. Quer é continuar no caminho de acolher os excluídos, de denunciar o fechamento da religião oficial, de insistir nas exigências da fraternidade, mesmo que os poderosos o persigam e matem. Ele assume ser o Messias-Servo.

c) Lucas 22,43-44: O anjo de Deus ajuda a beber o cálice

Aparece um anjo do céu. O anjo do céu é o próprio Deus se comunicando com o ser humano. E pela terceira vez no Evangelho de Lucas que Deus se manifesta diretamente a Jesus. A primeira vez foi no Batismo (Lc 3,21-22). A segunda, na transfiguração (Lc 9,35). E agora, a terceira vez, aqui no Horto. O anjo não vem para consolar. Ele vem para ajudá-lo a continuar no caminho do Pai até o fim, a beber o cálice até o fundo. Diz a Carta aos Hebreus: “Nos dias da sua vida terrestre, Jesus apresentou pedidos e súplicas, com veemente clamor e lágrimas, àquele que o podia salvar da morte” (Hb 5,7). De fato, depois que apareceu o anjo, Lucas diz que, “cheio de angústia, Jesus ora com mais insistência ainda” e começa a suar sangue. Suor de sangue é sinal de que a angústia que o envolve é muito grande. Jesus é jovem. Tem apenas 33 anos. E acusado e perseguido por algo que nunca fez nem quis, e sabe que vão matá-lo. “E pela oração que ele se reencontra consigo, com a missão e com o Pai. A paz voltou. Foi atendido por causa da sua total entrega!” (Hb 5,7).

d) Lucas 22,45-46: Resistir à tentação

Jesus se levanta. Vai ao encontro dos discípulos. Eles estão dormindo de tristeza. Novamente, lhes dá a mesma recomendação: “Levantem e orem, para que não entrem em tentação!” No Pai-Nosso, Jesus já tinha mandado fazer o mesmo pedido: “Não nos deixeis cair em tentação!” (Lc 11,4). A tentação faz parte da vida. Constantemente, Jesus era puxado para seguir por caminhos contrários ao caminho do Pai. Mas ele resiste.

3. Alargando

A tentação de assumir o papel do Messias glorioso acompanhou Jesus do começo ao fim. A pressão vinha de todos os lados. Pessoas, fatos, situações, o próprio demônio, todos tentavam levá-lo por outros caminhos. Mas nunca ninguém conseguiu desviá-lo do caminho do Pai.

* Pedro tentou afastá-lo do caminho da Cruz, mas recebeu uma resposta dura: “Vai embora, Satanás!” (Mc 8,33).

* Seus pais tiveram que ouvir: “Então não sabiam que devo estar na casa do meu Pai?” (Lc 2,49).

* Aos parentes ele disse: “Quem é minha mãe? Quem são meus irmãos?” (Mc 3,33).

* Aos apóstolos que queriam levá-lo de volta, ele disse: “Vamos para outros lugares! Pois foi para isto que eu vim!” (Mc 1,38).

* João Batista foi convidado a conferir as profecias com a realidade dos fatos (Mt 11,4-6 e Is 29,18-19; 35,5-6; 61,1).

* Aos fariseus avisou: “Vão dizer àquela raposa que vou continuar trabalhando aqui hoje e amanhã. Só vou terminar é depois de amanhã!” (Lc 13,32).

* O povo queria forçar Jesus a ser o Messias-Rei (Jo 6, 15). Ao percebê-lo, Jesus simplesmente foi embora e se refugiou na montanha (Jo 6,15).

* Ao demônio Jesus reagiu com força, condenando as propostas com palavras da Escritura (Mt 4,4.7. 10).

* No Horto, o sofrimento levou Jesus a pedir: “Pai, afasta de mim este cálice!” Mas ele logo acrescentou: “Não o que eu quero, mas o que tu queres” (Mc 14,36). E na hora da prisão, hora das trevas (Lc 22,53), apareceu pela última vez a tentação de seguir pelo caminho do Messias Guerreiro. Jesus reagiu: “Guarde a espada no seu lugar!” (Mt 26,52).

Orientando-se pela Palavra de Deus, Jesus recusou todas estas propostas. Inserido no meio dos pobres e excluídos e unido ao Pai pela oração, fiel a ambos, ele resistia e seguia pelo caminho do Servo de Javé, o caminho do serviço ao povo (Mt 20,28).


quarta-feira, 20 de abril de 2011

Texto para reflexão do Sentido da Ressurreição: A pipoca, de Rubem Alves

O texto a seguir é de autoria de Rubem Alves, um grande escritor mineiro, é também teólogo, filósofo, educador, psicanalista.  "A pipoca" vai nos falar desse tempo que vivemos, Tempo Pascal, a Ressurreição é a Glória do Pai, do Filho e nossa também. Poderá ser trabalhado na nossa Catequese com nossos jovens e adolescentes.
Boa leitura!


A pipoca
Rubem Alves



A culinária me fascina. De vez em quando eu até me até atrevo a cozinhar. Mas o fato é que sou mais competente com as palavras do que com as panelas.

Por isso tenho mais escrito sobre comidas que cozinhado. Dedico-me a algo que poderia ter o nome de "culinária literária". Já escrevi sobre as mais variadas entidades do mundo da cozinha: cebolas, ora-pro-nobis, picadinho de carne com tomate feijão e arroz, bacalhoada, suflês, sopas, churrascos.

Cheguei mesmo a dedicar metade de um livro poético-filosófico a uma meditação sobre o filme A Festa de Babette que é uma celebração da comida como ritual de feitiçaria. Sabedor das minhas limitações e competências, nunca escrevi como chef. Escrevi como filósofo, poeta, psicanalista e teólogo — porque a culinária estimula todas essas funções do pensamento.

As comidas, para mim, são entidades oníricas.

Provocam a minha capacidade de sonhar. Nunca imaginei, entretanto, que chegaria um dia em que a pipoca iria me fazer sonhar. Pois foi precisamente isso que aconteceu.

A pipoca, milho mirrado, grãos redondos e duros, me pareceu uma simples molecagem, brincadeira deliciosa, sem dimensões metafísicas ou psicanalíticas. Entretanto, dias atrás, conversando com uma paciente, ela mencionou a pipoca. E algo inesperado na minha mente aconteceu. Minhas idéias começaram a estourar como pipoca. Percebi, então, a relação metafórica entre a pipoca e o ato de pensar. Um bom pensamento nasce como uma pipoca que estoura, de forma inesperada e imprevisível.

A pipoca se revelou a mim, então, como um extraordinário objeto poético. Poético porque, ao pensar nelas, as pipocas, meu pensamento se pôs a dar estouros e pulos como aqueles das pipocas dentro de uma panela. Lembrei-me do sentido religioso da pipoca. A pipoca tem sentido religioso? Pois tem.

Para os cristãos, religiosos são o pão e o vinho, que simbolizam o corpo e o sangue de Cristo, a mistura de vida e alegria (porque vida, só vida, sem alegria, não é vida...). Pão e vinho devem ser bebidos juntos. Vida e alegria devem existir juntas.

Lembrei-me, então, de lição que aprendi com a Mãe Stella, sábia poderosa do Candomblé baiano: que a pipoca é a comida sagrada do Candomblé...

A pipoca é um milho mirrado, subdesenvolvido.

Fosse eu agricultor ignorante, e se no meio dos meus milhos graúdos aparecessem aquelas espigas nanicas, eu ficaria bravo e trataria de me livrar delas. Pois o fato é que, sob o ponto de vista de tamanho, os milhos da pipoca não podem competir com os milhos normais. Não sei como isso aconteceu, mas o fato é que houve alguém que teve a idéia de debulhar as espigas e colocá-las numa panela sobre o fogo, esperando que assim os grãos amolecessem e pudessem ser comidos.

Havendo fracassado a experiência com água, tentou a gordura. O que aconteceu, ninguém jamais poderia ter imaginado.

Repentinamente os grãos começaram a estourar, saltavam da panela com uma enorme barulheira. Mas o extraordinário era o que acontecia com eles: os grãos duros quebra-dentes se transformavam em flores brancas e macias que até as crianças podiam comer. O estouro das pipocas se transformou, então, de uma simples operação culinária, em uma festa, brincadeira, molecagem, para os risos de todos, especialmente as crianças. É muito divertido ver o estouro das pipocas!

E o que é que isso tem a ver com o Candomblé? É que a transformação do milho duro em pipoca macia é símbolo da grande transformação porque devem passar os homens para que eles venham a ser o que devem ser. O milho da pipoca não é o que deve ser. Ele deve ser aquilo que acontece depois do estouro. O milho da pipoca somos nós: duros, quebra-dentes, impróprios para comer, pelo poder do fogo podemos, repentinamente, nos transformar em outra coisa — voltar a ser crianças! Mas a transformação só acontece pelo poder do fogo.

Milho de pipoca que não passa pelo fogo continua a ser milho de pipoca, para sempre.

Assim acontece com a gente. As grandes transformações acontecem quando passamos pelo fogo. Quem não passa pelo fogo fica do mesmo jeito, a vida inteira. São pessoas de uma mesmice e dureza assombrosa. Só que elas não percebem. Acham que o seu jeito de ser é o melhor jeito de ser.

Mas, de repente, vem o fogo. O fogo é quando a vida nos lança numa situação que nunca imaginamos. Dor. Pode ser fogo de fora: perder um amor, perder um filho, ficar doente, perder um emprego, ficar pobre. Pode ser fogo de dentro. Pânico, medo, ansiedade, depressão — sofrimentos cujas causas ignoramos.Há sempre o recurso aos remédios. Apagar o fogo. Sem fogo o sofrimento diminui. E com isso a possibilidade da grande transformação.

Imagino que a pobre pipoca, fechada dentro da panela, lá dentro ficando cada vez mais quente, pense que sua hora chegou: vai morrer. De dentro de sua casca dura, fechada em si mesma, ela não pode imaginar destino diferente. Não pode imaginar a transformação que está sendo preparada. A pipoca não imagina aquilo de que ela é capaz. Aí, sem aviso prévio, pelo poder do fogo, a grande transformação acontece: PUF!! — e ela aparece como outra coisa, completamente diferente, que ela mesma nunca havia sonhado. É a lagarta rastejante e feia que surge do casulo como borboleta voante.

Na simbologia cristã o milagre do milho de pipoca está representado pela morte e ressurreição de Cristo: a ressurreição é o estouro do milho de pipoca. É preciso deixar de ser de um jeito para ser de outro.

"Morre e transforma-te!" — dizia Goethe.

Em Minas, todo mundo sabe o que é piruá. Falando sobre os piruás com os paulistas, descobri que eles ignoram o que seja. Alguns, inclusive, acharam que era gozação minha, que piruá é palavra inexistente. Cheguei a ser forçado a me valer do Aurélio para confirmar o meu conhecimento da língua. Piruá é o milho de pipoca que se recusa a estourar.

Meu amigo William, extraordinário professor pesquisador da Unicamp, especializou-se em milhos, e desvendou cientificamente o assombro do estouro da pipoca. Com certeza ele tem uma explicação científica para os piruás. Mas, no mundo da poesia, as explicações científicas não valem.

Por exemplo: em Minas "piruá" é o nome que se dá às mulheres que não conseguiram casar. Minha prima, passada dos quarenta, lamentava: "Fiquei piruá!" Mas acho que o poder metafórico dos piruás é maior.

Piruás são aquelas pessoas que, por mais que o fogo esquente, se recusam a mudar. Elas acham que não pode existir coisa mais maravilhosa do que o jeito delas serem.

Ignoram o dito de Jesus: "Quem preservar a sua vida perdê-la-á".A sua presunção e o seu medo são a dura casca do milho que não estoura. O destino delas é triste. Vão ficar duras a vida inteira. Não vão se transformar na flor branca macia. Não vão dar alegria para ninguém. Terminado o estouro alegre da pipoca, no fundo a panela ficam os piruás que não servem para nada. Seu destino é o lixo.

Quanto às pipocas que estouraram, são adultos que voltaram a ser crianças e que sabem que a vida é uma grande brincadeira...

"Nunca imaginei que chegaria um dia em que a pipoca iria me fazer sonhar. Pois foi precisamente isso que aconteceu".

terça-feira, 19 de abril de 2011

Páscoa

Caros amigos catequistas, a Páscoa se aproxima. O Filho Amado ressuscita! Aleluia! Feliz Páscoa a todos! Segue a reflexão do CEBI:

A última ceia: o amor é uma força criadora - Mesters, Mercedes Lopes, Orofino

Terça-feira, 19 de abril de 2011 - 15h19min

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O texto abaixo é extraído do livroTravessia: quero misericórdia e não sacrifício, de Carlos Mesters, Mercedes Lopes e Francisco Orofino. Pedidos:vendas@cebi.org.br

1. Situando o texto

a) Os capítulos 24 e 25 do Evangelho de Mateus apresentaram o quinto e último Sermão da Nova Lei de Deus. Os capítulos 26 a 28 descrevem a sua promulgação. De fato, desde o Sermão da Montanha, inúmeras vezes, Mateus já vinha afirmando que o objetivo da Nova Lei é o amor e a misericórdia (Mt 5,43-48; 7,12; 9,13; 12,7; 22,34-40). Agora, nesta parte final dos capítulos 26 a 28 que narram a paixão, morte e ressurreição, ele descreve como Jesus praticou o amor, levando a Lei ao seu pleno cumprimento (Mt 5,17).

b) A descrição da paixão de Jesus acentua o fracasso dos discípulos. Apesar da convivência de três anos, nenhum deles ficou para tomar a defesa de Jesus. Judas traiu, Pedro negou, todos fugiram. Mateus conta isto, não para criticar ou condenar, nem para provocar desânimo nos leitores, mas para ressaltar que o acolhimento e o amor de Jesus superam a derrota e o fracasso dos discípulos! Esta maneira de descrever a atitude de Jesus era uma ajuda para as Comunidades. Por causa das frequentes perseguições, muitos tinham desanimado e abandonado a comunidade e se perguntavam: “Será que é possível voltar? Será que Deus nos acolhe e perdoa?” Mateus responde sugerindo que nós podemos romper com Jesus, mas Jesus nunca rompe conosco. O seu amor é maior que a nossa infidelidade.

2. Comentando o texto

a) Mateus 26,20-25: Anúncio da traição de Judas

Jesus sabe que vai ser traído. Mesmo assim, faz questão de se confraternizar com os amigos e as amigas. Estando reunido com eles pela última vez, anuncia quem é o traidor. E “aquele que põe a mão no prato comigo”. Este jeito de contar as coisas acentua o contraste, pois para os judeus a comunhão de mesa, comer juntos do mesmo prato, era a expressão máxima da amizade, da intimidade e da confiança. Mateus sugere assim que, apesar de a traição ser feita por alguém muito amigo, o amor de Jesus é maior que a traição!

b) Mateus 26,26-29: A instituição da Eucaristia

O encontro de Jesus com os discípulos realiza-se no ambiente solene da celebração da Páscoa. Eles estão reunidos para comer o cordeiro pascal e, assim, lembrar a libertação do Egito. O contraste é grande. De um lado, os discípulos: eles estão inseguros, sem entender nada. De outro lado, Jesus que faz um gesto de partilha, convidando os amigos a tomar o seu corpo e o seu sangue. Ele distribui o pão e o vinho como expressão do que ele mesmo está vivendo naquele momento: doar sua vida pelos outros, para que possam viver. Este é o sentido da Eucaristia: aprender de Jesus a se doar e a se entregar, sem medo dos poderes que ameaçam a vida. Mateus acentua ainda mais o contraste entre Jesus e a atitude dos discípulos. Antes do gesto de Jesus, ele colocou a traição de Judas (Mt 25,20-25). Depois do gesto, a negação de Pedro e a fuga dos discípulos (Mt 25,30-35).Deste modo, destaca para todos nós a inacreditável gratuidade do amor de Jesus, que supera a traição, a negação e a fuga dos amigos. O seu amor não depende do que os outros fazem por ele.

c) Mateus 26,30-35: O anúncio da fuga de todos

Terminada a ceia, saindo com os amigos para o Horto, Jesus anuncia que todos vão abandoná-lo. Vão fugir e se dispersar! Mas desde já ele avisa: “Depois da ressurrei­ção, vou na frente de vocês lá na Galiléia! “Simão, que tem o apelido de Cefas ou Pedro (pedra) e que já foi pedra de tropeço para Jesus (Mc 8,33), agora pretende ser ó discípulo mais fiel de todos. “Ainda que todos se escandalizem, eu não o farei!” Mas Jesus avisa: “Pedro, você será mais rápido na negação do que o galo no canto!” De fato, os discípulos vão romper com Jesus, mas Jesus não rompe com eles! Ele continua esperando por eles lá na Galiléia, isto é, no mesmo lugar onde, três anos antes, os tinha chamado pela primeira vez. A certeza da presença de Jesus na vida do discípulo e da discípula é mais forte do que o abandono e a fuga! O retorno é sempre possível. Jesus continua chamando. Chama sempre!

3. Alargando: O corpo e o sangue do meu Senhor são força viva de paz

Jesus toma o pão e diz: “Tomai e comei, isto é o meu corpo!” Toma o cálice bom vinho e diz: ‘ ‘Isto é o meu sangue, o sangue da Aliança, que é derramado por muitos para remissão dos pecados!” Pão! Corpo! Cálice! Sangue! Aliança! Remissão dos pecados! O pão é símbolo da Lei. Nós dizemos até hoje “o pão da palavra”. O corpo indica a própria pessoa de Jesus que se entrega. O cálice é símbolo do sofrimento da paixão (Mt 20,22). O sangue indica a pessoa de Jesus enquanto é entregue numa morte violenta. A aliança é o compromisso entre Deus e o povo, agora confirmado pelo sangue de Jesus. A remissão dos pecados é a entrega por amor que liberta as pessoas do pecado. Em resumo, Jesus é a Nova Lei. O seu amor, a sua doação e entrega revelam o objetivo da Lei de Deus. Comer o pão da Eucaristia significa assimilar em nós a mesma atitude de doação. E Jesus termina dizendo que não vai beber mais do fruto da videira até o dia em que beberá o vinho novo no Reino do Pai. O vinho novo é o amor que se bebe com os irmãos na vida das comunidades.