sábado, 30 de julho de 2011

Catequese Setor Alfenas

Nosso blog é uma realidade pensada e sonhada há alguns anos, somos uma equipe que coordena o setor Alfenas, que contém doze paróquias da nossa querida diocese de Guaxupé-MG. Os coordenadores são: Luiz Sergio (Paraguaçu-MG), Irmão Augusto,sc (Paraguaçu), Alexandre Flausino (Alfenas), Ana Crisitna (Alfenas), Vanderlei (Alfenas) e Rosa (Serrania). Agradecemos a visita de todos e esse é o nosso trabalho: semear sempre.
Abraços! Fiquem com Deus!

A imagem de Deus

- Muitas vezes nossas atitudes deixam de revelar um Deus-Amor e Misericórdia e acabam por imprimir uma imagem de um Deus severo, juiz e castigador. A experiência e a imagem que temos de Deus pode influenciar determinantemente a experiência e a imagem que nossos catequizandos podem ter de Deus.

- Pela encarnação, Deus se tornou um Deus próximo. Jesus se aproximou da realidade

humana marcada pela pobreza, opressão e pela falta de dignidade. Ele fez da proximidade critério de ação: comoveu-se diante do sofrimento das pessoas - “ovelhas sem pastor”, “morte de Lázaro”; defendeu os pobres, envolveu-se nos conflitos com as autoridades opressoras, foi perseguido e crucificado.

- Para salvar a divindade de Jesus muitos assassinam a sua humanidade. E dizem facilmente: “Jesus sabia disso e daquilo, Ele era Deus...”. Jesus foi cem por cento Deus e cem por cento homem, diferente dos que acreditam que ele tenha sido cinqüenta por cento Deus e cinqüenta por cento homem.

- Sua humanidade não interferiu nem prejudicou sua divindade e vice-versa. Leonardo Boff

explica: "Tão humano assim, só poderia ser divino". Nesta linha, o Documento de Aparecida também explicita: “Nossa fé proclama que ‘Jesus é o rosto humano de Deus e o rosto divino do homem’” (DA 392).

sexta-feira, 29 de julho de 2011

A imagem de Deus

- A fé em Deus precisa conter mais do que entusiasmo. Também tem a ver com fraternidade, cultura e inteligência. Precisamos de pregadores que, além de entusiasmados, sejam bem informados.

- A imagem do Deus todo-poderoso, talvez a imagem mais divulgada pelos cristãos. Aí surgem questionamentos: “Se Deus existe, porque há tanto sofrimento no mundo?”. Deus é apresentado como um distribuidor de sofrimentos e alegrias. Sofrimento para os pecadores e alegria para os “bons”.

- Não é difícil perceber como o nosso jeito de ser, de rezar, de interpretar os fatos está

intimamente ligado a imagem de Deus que cultivamos. Sabemos que qualquer idéia ou definição de Deus será sempre incompleta, imperfeita, parcial. Por isso temos Jesus, revelação do Pai.

A imagem de Deus

- Na busca de Deus muita gente quer vê-lo de longe, outros não se importam com ele nem de longe, e uns poucos querem mais e fazem o que é possível para mergulhar em seu colo.

- Muitos pregadores seguem o filão do Deus que pune ou do Deus que recompensa quem crê e obedece. Anunciam um Deus que ama porque faz milagres e dá e não um Deus que ama e sabe o que é melhor para nós.

- Que imagens de Deus anda vendo, ouvindo e engolindo? Que imagens de Deus anda semeando? Acredita em recitar rosários e orações infalíveis, daquelas às quais Deus não resiste porque tem que atender? Ou Deus continua livre para lhe dizer não sobre aquele assunto?

terça-feira, 26 de julho de 2011

O banquinho de três pés

Quando todos os anos se iniciam novas turmas de catequese, deveríamos refletir com o catequizando, com catequista e com a família do catequizando sobre a importância da caminhada de fé. Costumo dizer que a catequese bem sucedida se deve a três pontos fundamentais: o catequizando, a família e o catequista. Em muitos lugares se encontram aqueles banquinhos de três pernas, a catequese poderia tomar essa imagem, cada perna deste banquinho é importantíssima (catequizando, catequista e família), pois sem uma destas pernas o banquinho não fica de pé.

Sem o catequizando estar motivado para a catequese com certeza irá obrigado e sem perspectiva nenhuma de crescer na fé. O que fazer com um catequizando desinteressado? Como fazer para motivá-lo?

Ás vezes, o catequizando não tem o apoio e a motivação dentro de casa, pais que não ligam a mínima para a catequese, nem sequer ensinar as orações básicas eles ensinam a seus filhos, logo eles que deveriam ser os primeiros catequistas de seus filhos. Se a família não motiva e não dá suporte, dificilmente o catequizando vai à catequese com vontade de amadurecer na fé. É verdade que tem muitos catequizandos que não tem apoio da família, mas que são excelentes catequizandos e amam a catequese.

O catequista também é parte muito importante e deve se preparar bem para sua missão. Um catequista desinteressado, sem preparação e sem abertura para o novo, tende a reproduzir uma catequese que não atrairá seus catequizandos. É como disse certa vez um catequizando: “isso é uma chatequese”. Então o catequista deve planejar bem seus encontros, ser dinâmico, buscar o novo, ter uma espiritualidade que o leve a refletir e a agir na sua comunidade, dar testemunho e exemplo. Esta história de que já sabe de tudo é balela, o catequista nunca está “formado”, a formação é permanente.

Então, concluindo, se queremos nossa catequese bem firmada, pensemos no banquinho e suas pernas. Para sustentar a catequese, para que ela seja sinal do Reino, lembremo-nos de que catequista, família e catequizando devem caminhar juntos e confiando uns nos outros.

Sem confiança, a catequese balança!

Luiz Sergio Palhão

sábado, 23 de julho de 2011

A MISSÃO DO CATEQUISTA

A missão do catequista, que constrói a base para uma educação permanente da fé, deve levar em conta a integralidade da pessoa, que inclua, segundo Puebla, uma “formação para a vida política e a doutrina social da Igreja”.

► Ser catequista é uma conquista, exige de nós doação do melhor, por isso, ser catequista é lindo, mas exigente.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

A MISSÃO DO CATEQUISTA

► Em sua missão, o catequista deve ter presente que a formação da fé é um processo longo, que não se constrói de imediato, mas que se faz lentamente, com flexibilidade e com diálogo franco. O catequista deve considerar os “6 C”; compromisso, cooperação, concentração, crescimento, criatividade e carinho.

► O fazer catequético precisa ressoar como algo interessante, que dá esperança no caminhar e transforma a vida da pessoa, mesmo que tenha de enfrentar o sofrimento e a morte.

► O amor vem em primeiro lugar. O catequista não pede amor, deve oferecê-lo, para motivar seus catequizandos a viverem assim.Dom Bosco dizia assim em relação a seu amor pelos jovens: “Eu por vocês estudo, por vocês trabalho, por vocês vivo, por vocês estou disposto, também a dar a vida”.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

A MISSÃO DO CATEQUISTA

O catequista deve ter sempre presente que a opção de fé é feita pessoalmente, ninguém pode fazer em lugar de outro; portanto, é uma opção livre. E é aí que reside a beleza da proposta de Jesus: sou livre para decidir se aceito ou não a sua proposta.Por isso, o catequista deve, cada vez mais, preocupar-se com o conteúdo da mensagem e a forma de transmiti-la, para que não seja algo particular, mas sim verdadeiro, com origem na Palavra de Deus. Fazer catequese não é “fazer de conta”; não se trata de embelezar números e estatísticas nem fazer festa, mas sim de adesão, opção, compromisso com Jesus e seu Reino.

Ler João 15, 1-11. Jesus é a videira, e seus ramos são os que o seguem, os que partilham entre si o que dele recebem. Comunidade é comunhão. Individualmente, cada um continua sendo um ramo, mas todos, para ter vida, devem estar ligados ao tronco, que é Jesus. Todos constituem a árvore, mas ninguém é dono dela. Não é possível ser cristão e viver de forma individualista. Só se vive o amor no relacionamento com os outros. O compromisso do catequista é fazer com que cada membro tenha consciência de ser ramo, ser parte de uma árvore cujo tronco emana a vida. Só assim produziram muito fruto.A missão do catequista na tarefa de construção da comunidade se faz com amor, paciência, coragem, despojamento, caridade, etc. Nesse processo, muitos ramos devem ser podados, mas isso é tarefa do “dono da vinha”. Com relação aos que “secam”, nosso dever é lutar, o quanto possível, para fazê-los tornar à vida, unindo-se a árvore e beneficiando-se de sua seiva.

terça-feira, 19 de julho de 2011

A missão do Catequista

► Muitos catequistas=catequese tradicional onde a CR ainda não chegou. A missão do catequista deve ser sempre renovada. O núcleo central da missão do catequista passa a ser a situação concreta, histórica, e o reconhecimento da presença de Deus nos acontecimentos do dia a dia.

Muitas vezes, perguntamos-nos em nossa catequese; por que os pais não participam? E logo nos vem à mente o saudosismo do passado, quando todos eram cristãos, a maioria ia a missa. O grande problema é que, diante disso, muitas vezes não reagimos, ou o máximo que fazemos é dar explicações, quem sabe para justificar nossa inabilidade. De outra parte, não conseguimos admitir que a catequese do passado é, em grande parte, a responsável por estes tímidos resultados que hoje vemos, pois os pais de hoje eram os catequizandos de ontem. As grandes massas de fiéis que no passado se diziam católicos, na verdade ou seguiam os pais e os avós ou achavam que se não o fossem, a sociedade os excluiria, e assim por diante.



segunda-feira, 18 de julho de 2011

A MISSÃO DO CATEQUISTA

► A catequese de nosso tempo vive momentos difíceis. Percebe-se que, em grande parte, o esforço não atinge o seu objetivo. As razões são muitas e difíceis de decifrar. Se de uma parte, percebemos que muitos catequistas continuam com uma catequese tradicional, de outra percebe-se uma grande quantidade deles com pouca experiência e pouca formação para dirigir um grupo de catequizandos.
► A missão do catequista percorre um árduo caminho, que é o do despertar o catequizando para que, consciente do seu trabalho no mundo e no contato com a criação, seja mais um cristão chamado a consagrar e santificar este mundo a partir de onde está.
► A missão do catequista depende da missão de toda a Igreja no mundo de hoje. Como catequistas, para qual modelo de Igreja queremos formar os adolescentes e jovens? Qual a catequese adequada para responder os desafios de uma sociedade em crise, para reativar uma vivência comunitária autentica?

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Viver em Comunidade: Joio e trigo crescem juntos (Mt13, 24-30)


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TRAVESSIA: QUERO MISERICÓRDIA E NÃO SACRIFÍCIO

Círculos Bíblicos sobre o Evangelho de Mateus
Carlos Mesters, Mercedes Lopes e Francisco Orofino
12º CÍRCULO
Viver em Comunidade
Joio e trigo crescem juntos
Mateus 13, 24-30
Acolhida:
  1. Um canto inicial.
  2. Criar um bom ambiente. Dar as boas-vindas. Colocar as pessoas à vontade.
  3. Apresentar brevemente o assunto que vai ser refletido, meditado e rezado.
  4. Invocar a luz do Espírito Santo.
  1. OLHAR A PRÁTICA DA NOSSA COMUNIDADE
No círculo de hoje, vamos meditar sobre a parábola do joio e do trigo. Tanto na sociedade como na comunidade e na vida de todos nós existe tudo misturado: qualidades boas e incoerências, limites e falhas. Nas nossas comunidades se reúne gente que vem de vários cantos do Brasil, cada um com a sua história, com a sua vivência, a sua opinião, os seus anseios, as suas diferenças. Tem pessoas que não sabem conviver com as diferenças. Querem ser juiz dos outros. Acham que só elas estão certas, e os outros errados. A parábola do joio e do trigo ajuda a não cair na tentação de querer excluir da comunidade os que não pensam como nós. Vamos conversar sobre isto.
1. Como a mistura do joio e do trigo se manifesta na nossa comunidade?
2. Que consequências traz para a nossa vida?
  1. OLHAR A PRÁTICA DE JESUS
1. Introdução à leitura do texto
Vamos ouvir a parábola do joio e do trigo, tirada do “Sermão das Parábolas”. Os empregados que aparecem na parábola representam certos membros da comunidade. O dono da terra representa Deus. Durante a leitura, vamos prestar atenção nas atitudes dos empregados e na reação do Dono da terra.
2. Leitura do texto de Mateus 13, 24-30
3. Momento de silêncio
4. Perguntas para reflexão:
1) Vamos lembrar juntos a parábola que acabamos de ouvir.
2) Qual a diferença entre a atitude dos empregados e do Dono da terra?
3) Quais os critérios dos empregados e quais os critérios do Dono da terra?
4) Qual o ponto da parábola de que você mais gosta? Por quê?
5) Olhando no espelho da parábola, com quem a gente mais se parece? Por quê?
  1. CELEBRAR A VIDA NA COMUNIDADE
Sugestões para a celebração:
1) Preces: O que o texto nos faz dizer a Deus? Colocar em forma de prece tudo aquilo que refletimos sobre o evangelho e sobre a nossa vida. Como refrão após cada prece digamos: “Ajudai-nos, Senhor, a acolher as diferenças!” Terminar esta parte com um Pai-Nosso.
2) Rezar um salmo. Sugestão: Salmo 32 (31) “Tu, Senhor, nos acolhestes e nos perdoaste!”
UMA AJUDA PARA O GRUPO
1. SITUANDO
O capítulo 13 traz o Sermão das Parábolas. Seguindo o texto de Mateus (Mc 4, 1-34). Mateus omitiu a parábola da semente que germina sozinha (Mc 4, 26-29), ampliou a discussão sobre o porquê das parábolas (Mt 13, 10-17) e acrescentou as parábolas do joio e do trigo (Mt 13, 24-30), do fermento (Mt 13, 33), do tesouro (Mt 13, 44), da pérola (Mt 13, 45-46) e da rede (Mt 13, 47-50). Junto com as do semeador (Mt 13, 4-11) e do grão de mostarda (Mt 13, 31-32), são ao todo sete parábolas! Estamos aqui no centro do Evangelho de Mateus. O coração deste centro é a parábola do joio e do trigo. É nela que aparece a recomendação mais importante para as comunidades da época.
Durante séculos, por causa da observância das leis de pureza, os judeus tinham vivido separados das outras nações. Este isolamento marcou a vida deles. Mesmo depois de convertidos, alguns continuavam nesta mesma observância que os separava dos outros. Eles queriam a pureza total. Qualquer sinal de impureza devia ser extirpado em nome de Deus. “Não pode haver tolerância com o pecado”, diziam estes. Mas outros como Paulo ensinavam com a Nova Lei de Deus trazida por Jesus estava pedindo o contrário! Eles diziam: “Não pode haver tolerância com o pecado, mas deve haver tolerância com o pecador!” A comunidade deve vencer a tentação de querer excluir os que pensam de modo diferente. Este é o pano de fundo da parábola do joio e do trigo.
2. COMENTANDO
Mateus 13, 24-26: A situação: joio e trigo crescem juntos. A palavra de Deus que faz nascer a comunidade é semente boa, mas dentro das comunidades sempre aparecem coisas que são contrárias à palavra de Deus. De onde vêm? Esta era a discussão.
Mateus 13, 27-28a: A causa da mistura que existe na vida. Um inimigo fez isso. Quem é este inimigo? O inimigo, o adversário, Satanás ou diabo (Mt 13, 39), é aquele que divide, que desvia. A tendência de divisão existe dentro de cada um de nós. O desejo de dominar, de se aproveitar da comunidade para subir e tantos outros desejos interesseiros são divisionistas, são do inimigo que dorme dentro de cada um de nós.
Mateus 13, 28b-30: A reação diferente diante da ambigüidade. Diante dessa mistura do bem e do mal, alguns queriam arrancar o joio. Pensavam: “Se deixarmos todo o mundo dentro da comunidade, perdemos nossa razão de ser! Perdemos a identidade!” Queriam expulsar os que pensavam de modo diferente. Mas esta não é a decisão do Dono da terra. Ele diz: “Deixa crescer juntos até a colheita!” O que vai decidir não é o que cada um fala e diz, mas o que cada um vive e faz. É pelo fruto produzido que Deus nos julgará. A força e o dinamismo do Reino se manifestam na comunidade. Mesmo sendo pequena e cheia de contradições, ela é um sinal do Reino. Mas ela não é dona do Reino, nem pode considerar-se justa. A parábola do joio e do trigo explica a maneira como a força do Reino age na história. É preciso ter paciência e aprender a conviver com as contradições e as diferenças, mesmo tendo uma opção clara pela justiça do Reino.
3. ALARGANDO
O ensino em parábolas
A parábola é um instrumento pedagógico que usa o quotidiano para mostrar como a vida nos fala de Deus. Torna a realidade transparente e faz o olhar da gente ficar contemplativo. Uma parábola aponta para as coisas da vida, e por isso mesmo, é um ensinamento aberto, pois das coisas da vida todo o mundo tem alguma experiência. O ensinamento em parábolas faz a pessoa partir da experiência que tem: semente, sal, luz, ovelha, flor, mulher, criança, pai, rede, peixe, etc. Assim, ele torna a vida quotidiana transparente, reveladora da presença e da ação de Deus. Jesus não costumava explicar as parábolas. Geralmente, terminava com esta frase: “Quem tem ouvidos ouça” (Mt 11,15; 13,9.43). Ou seja, “É isso! Você ouviram! Agora tratem de entender!” Jesus deixava o sentido da parábola em aberto e não o determinava. Sinal de que acreditava na capacidade do povo de descobrir o sentido da parábola a partir da sua experiência de vida. De vez em quando, a pedido dos discípulos, ele explicava o sentido (Mt 13,10.36). Por exemplo, os versículos 36-43 trazem a explicação da parábola do joio e do trigo. Ela mostra como se fazia catequese naquele tempo. As comunidades se reuniam e discutiam as parábolas de Jesus, procurando saber o que ele queria dizer. Assim, pouco a pouco, o ensinamento aberto de Jesus começava a ser afunilado na catequese da comunidade que aceitava apenas uma explicação da parábola. Ela não tinha a mesma confiança de Jesus na capacidade do povo de entender as coisas do Reino.
Texto extraído do livro “Travessia: Quero misericórdia e não sacrifício” –
Círculos Bíblicos sobre o Evangelho de Mateus – de Carlos Mesters,
Mercedes Lopes e Francisco Orofino – Publicado pelo Centro de Estudos Bíblicos. Coleção a Palavra na Vida - Volume 135/136.

quinta-feira, 14 de julho de 2011

O povo simples
José Antonio Pagola
Teólogo e biblista espanhol
Adital

Jesus não teve problemas com as pessoas simples. O povo sintonizava facilmente com Ele. Aquelas pessoas humildes que trabalhavam as suas terras para sustentar a família, acolhiam com alegria a Sua mensagem de um Deus Pai, preocupado com todos os Seus filhos, sobretudo, os mais esquecidos.

Os mais desamparados procuravam a Sua bênção: junto de Jesus sentiam Deus mais próximo. Muitos doentes, contagiados pela sua fé num Deus bom, voltavam a confiar no Pai do céu. As mulheres intuíam que Deus tem que amar os Seus filhos e filhas como dizia Jesus, com um fundo de mãe.

O povo sentia que Jesus, com a Sua forma de falar de Deus, com a Sua forma de ser e com o Seu modo de reagir ante os mais pobres e necessitados, anunciava-lhes o Deus que eles necessitavam. Em Jesus experimentavam a proximidade salvadora do Pai.

A atitude dos «entendidos» era diferente. O que ao povo simples lhe enche de alegria os indigna. Os mestres da lei não podem entender que Jesus se preocupe tanto com o sofrimento e tampouco com o cumprimento do sábado. Os dirigentes religiosos de Jerusalém olham-no com receio: o Deus Pai de que fala Jesus não é uma Boa Nova, mas um perigo para a sua religião.

Para Jesus, esta reacção tão diferente ante Sua mensagem não é algo casual. Ao Pai parece-lhe o melhor. Por isso dá-Lhe graças diante de todos: «Te dou graças, Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas coisas dos sábios e entendidos e as deste a conhecer aos simples. Sim, Pai, assim te pareceu melhor».

Também hoje o povo simples capta melhor que ninguém, o Evangelho. Não têm problemas para sintonizar-se com Jesus. A eles revela-se o Pai melhor que aos "entendidos” em religião. Quando ouvem falar de Jesus, confiam Nele de forma quase espontânea.

Hoje, praticamente, tudo o que é importante se pensa e se decide na Igreja, sem o povo simples e longe dele. No entanto, dificilmente, se poderá fazer algo de novo e bom para o cristianismo do futuro sem contar com ele. É o povo simples que nos arrastará para uma Igreja mais evangélica, não os teólogos nem os dirigentes religiosos.

Temos de redescobrir o potencial evangélico que se encerra no povo crente. Muitos cristãos simples intuem, desejam e pedem para viver a sua adesão a Cristo de forma mais evangélica, dentro de uma Igreja renovada pelo Espírito de Jesus. Reclamam mais evangelho e menos doutrina. Pedem o essencial, não frivolidades.

[Tradução: Antonio Manuel Álvarez Pérez. Adaptação ao português do Brasil pela Edição.
Enviado por Eclesalia Informativo].


segunda-feira, 11 de julho de 2011

Notícias

Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos 2012 já tem tema definido

Segunda-feira, 11 de julho de 2011 - 9h47min

por ALC - Agência Latino-Americana e Caribenha de Comunicação

o tema da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos (Souc) de 2012 está definido: "Todos seremos transformados pela vitória de nosso Senhor Jesus Cristo", baseado na carta do apóstolo Paulo aos Coríntios.

Os temas da Semana de Oração, que será celebrada de 20 a 27 de maio, foram preparados por católicos, ortodoxos e protestantes da Polônia e serão adaptados à realidade brasileira por equipe de trabalho nomeada pelo Conselho Nacional de Igrejas do Brasil (Conic).

‘Outro mundo possível’ é possível? Jung Mo Sung

Segunda-feira, 11 de julho de 2011 - 8h48min

por Adital

Após a queda do bloco socialista e a aparente vitória "final" do capitalismo, a afirmação de que "outro mundo é possível" se tornou uma forma de expressar a resistência à ideologia neoliberal e à atual globalização capitalista. Para muitos, a afirmação por si seria um tipo de comprovação de que outro mundo é possível. Porém, penso que é importante refletirmos um pouco sobre como mostrar a plausibilidade deste outro mundo.

É claro que para os já convencidos não há necessidade desta discussão, porém é preciso reconhecer que a maioria da população continua pensando que não há alternativas. Afinal, o poder e a capacidade de sedução dos meios de comunicação estão aí para, entre outras coisas, vender essa ideia. Por isso, é fundamental para a "esquerda", cristã ou não, que mostremos a plausibilidade da afirmação "outro mundo é possível".

Para o início da conversa, é importante reconhecer que o simples desejo de que outro mundo seja possível não serve de argumento para "comprovar" que este outro mundo realmente chegará a existir. Além disso, na afirmação "outro mundo é possível" o acento está na possibilidade de uma alternativa, mas não há uma explicitação de como seria este outro mundo. Tratando-se do desejo, é claro que, sob a expressão "outro mundo", vamos encontrar imaginação de um mundo quase que perfeito, se não perfeito, onde a descrição se dá muito mais em termos das realidades que não existirão (mundo sem exploração, sem opressão, sem injustiça etc.) ou em termos qualitativos (harmonia, solidariedade...). Muito pouco aparece da descrição dos mecanismos sociais e institucionais de produção e distribuição dos bens econômicos e das relações de poder e leis na esfera pública e estatal.

A afirmação de que outro mundo é necessário também não é suficiente para mostrar a plausibilidade, pois a afirmação da necessidade pressupõe o raciocínio de que, se outro mundo não surgir, a humanidade irá desaparecer ou entrar em profundo caos. Isto é, para que o mundo humano não entre em caos, é necessário um outro mundo. Porém esta necessidade não é garantia da realização, mas sim uma condição para que o caos não se estabeleça. As pessoas podem muito bem pensar que não há alternativa e que devemos nos preparar para o caos ou que a possibilidade do caos é apenas uma chantagem dos alarmistas. Alguns, especialmente cristãos conservadores fundamentalistas, podem até pensar que o caos previsto seria o Armagedon, sinal de que o final dos tempos está chegando e, com isso, a volta triunfal de Jesus. Portanto, deveríamos esperar ansiosamente por este caos final.

Já que o simples desejo e a afirmação da necessidade não são suficientes para mostrar a plausibilidade do outro mundo possível, precisamos apresentar outros tipos de argumentações. O primeiro pode ser a afirmação de caráter metafísico de que nenhum mundo ou civilização são eternos. Só Deus é eterno e todo o mais é passageiro ou contingente. Assim, mostramos que o sistema capitalista atual também passará. Esta é uma afirmação importante porque é da característica de todos os Impérios afirmarem-se como eternos. Isto é, em termos cristãos, a idolatria de se apresentar como expressões históricas de Deus ou do Reino de Deus.

Entretanto a afirmação da contingência do atual Império (não o norte-americano, mas do sistema capitalista global) é uma condição necessária, mas não suficiente para mostrar a plausibilidade de outro mundo melhor do que atual. Muito menos para motivar as pessoas a se engajarem na luta por este outro mundo.

Um outro argumento usado no campo religioso é de que o "mundo justo" é promessa de Deus, que nos pede para lutarmos por este outro mundo. No caso do cristianismo de libertação, textos bíblicos, especialmente dos profetas, são citados para "comprovar" como Deus se revela no mundo anunciando este outro mundo. Porém, este tipo de argumento só funciona junto às pessoas que compartilham a mesma fé e o mesmo tipo de leitura bíblica ou de outro livro sagrado. Além disso, se é verdade que textos sagrados revelam, não somente a vontade de Deus, mas a garantia da realização do outro mundo, muitos poderiam perguntar por que após mais de dois mil anos essas promessas ainda não se realizaram.

Essas reflexões nos mostram que argumentos teóricos "a priori" são necessários, mas não suficientes -se é que existem- para mostrar a plausibilidade e, ao mesmo tempo, motivar pessoas a se engajarem na luta. Precisamos então voltar nossos olhos para experiências históricas. (A continuar...)

[Autor, junto com Hugo Assmann, do livro "Deus em nós: o reinado que acontece no amor solidário aos pobres", Paulus. Twitter: @jungmosung]