sábado, 29 de outubro de 2011

Do Cebi

As aparências enganam - Jesus condena a incoerência - Mateus 23,1-12

Sexta-feira, 28 de outubro de 2011 - 17h26min

por CEBI

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O evangelho para próximo domingo (30/10/11) é o texto de Mateus 23,1 a 12, do qual faz parte a longa crítica de Jesus contra os escribas e fariseus (Mt 23,1-39). O presente artigo conduz à reflexão de que, o importante ao meditar estes textos, é descobrir que Jesus condena a incoerência e falta de sinceridade no relacionamento nosso com Deus e com o próximo. Ele está falando contra a hipocrisia de ontem e de hoje!

1 Situando

1. O texto deste Círculo faz parte da longa crítica de Jesus contra os escribas e fariseus (Mt 23,1-39) com que Mateus encerra a parte narrativa dos capítulos 19 a 23. Lucas e Marcos têm apenas alguns trechos desta crítica contra as lideranças religiosas da época. Só o Evangelho de Mateus traz o discurso todo. Este texto tão severo contra os escribas e fariseus deixa entrever como era violenta a polêmica das comunidades de Mateus com as sinagogas daquela região.

2. Hoje, ao ler e comentar estes textos fortemente antifarisaicas devemos tomar muito cuidado para não sermos injustos com o povo judeu. Nós cristãos, durante séculos, tivemos atitudes antijudaicas e, por isso mesmo, anticristãs. O que importa ao meditar estes textos é descobrir o seu objetivo: Jesus condena a incoerência e falta de sinceridade no relacionamento nosso com Deus e com o próximo. Ele está falando contra a hipocrisia de ontem e de hoje!

2 Comentando

1 Mateus 23,1-3: O erro básico: dizem mas não fazem

Jesus se dirige à multidão e aos discípulos. Faz uma crítica aos escribas e fariseus. O motivo do ataque é a incoerência entre a palavra e a prática. Jesus reconhece a autoridade e o conhecimento dos escribas. "Estão sentados na cátedra de Moisés. Por isso, observai o que eles mandam! Mas não imitai suas ações, pois dizem, mas não fazem!"

2. Mateus 23,4-7: O erro básico se manifesta de várias maneiras

Os escribas impõem leis pesadas ao povo. Eles conhecem as leis, mas não as praticam, nem usam o seu conhecimento para aliviar a carga nos ombros do povo. Fazem tudo para serem vistos e elogiados, usam roupas especiais de oração, gostam dos lugares de honra e das saudações em praça pública. Querem ser chamados de "Senhor Doutor!" Eles representam um tipo de comunidade que mantém, legitima e alimenta as diferenças de classe e de posição social. Legitima os privilégios dos grandes e a posição inferior dos pequenos. Ora, se há uma coisa de que Jesus não gosta é de fachada e de aparências que enganam.

3. Mateus 23,8-12: Como combater o erro básico

Como deve ser uma comunidade cristã? Todas as funções comunitárias devem ser assumidas como um serviço: "O maior entre você será aquele que serve!" A ninguém devem chamar de Senhor Doutor (Rabino), nem de Pai, nem de Guia. Pois a comunidade de Jesus deve manter, legitimar e alimentar não as diferenças, mas sim a fraternidade. Esta é a lei básica: "Vocês todos são irmãos e irmãs!" A fraternidade nasce da "experiência de que Deus é Pai, o que faz de todos nós irmãos e irmãs. "Aquele que se exaltar será humilhado, e aquele que se humilhar será exaltado!"

3 Alargando

1. O grupo dos fariseus

O grupo dos fariseus nasceu no século II antes de Cristo com a proposta de uma observância mais perfeita da Lei de Deus, sobretudo das prescrições de pureza. Eles eram mais abertos às novidades do que os saduceus. Por exemplo, aceitavam a fé na ressurreição e a fé nos anjos, coisa que os saduceus não aceitavam. A vida dos fariseus era um testemunho exemplar: rezavam e estudavam a lei durante oito horas por dia, trabalhavam durante oito horas para poder sobreviver, faziam descanso e lazer durante oito horas. Por isso, tinham grande liderança junto do povo. De fato, eles tinham um excelente trabalho popular e ajudaram o povo a conservar sua identidade e a não se perder, ao longo dos séculos.

2. A mentalidade chamada farisaica

Com o tempo, porém, os fariseus se agarraram ao poder e já não escutavam os apelos do povo nem deixavam o povo falar. A palavra "fariseu" significa "separado". A observância deles era tão estrita e rigorosa, que eles se distanciavam do comum do povo. Por isso, eram chamados de "separados". Daí nasceu a expressão "mentalidade farisaica". É de pessoas que pensam poder conquistar a justiça através de uma observância estrita e rigorosa da Lei de Deus. Geralmente, são pessoas medrosas, que não têm coragem de assumir o risco da liberdade e da responsabilidade. Elas se escondem atrás das leis e das autoridades. Quando estas pessoas alcançam uma função de mando, tornam-se duras e insensíveis para esconder a sua imperfeição.

3. Rabino, Guia, Mestre, Pai

São os quatro títulos que Jesus proíbe a gente de usar. Hoje, na igreja, os sacerdotes são chamados de "pai" (padre). Muitos estudam nas universidades da igreja e conquistam o título de "Doutor" (mestre). Muita gente faz direção espiritual e se aconselha com pessoas que são chamadas "Diretor espiritual" (guia). O que importa é que se tenha em conta o motivo que levou Jesus a proibir o uso destes títulos. Se forem usados para a pessoa se firmar numa posição de autoridade e de poder, ela estará errada e cai debaixo da crítica de Jesus. Se forem usados para alimentar e aprofundar a fraternidade e o serviço, não caem debaixo da crítica de Jesus.

Texto extraído do livro "Travessia: Quero Misericórdia e não Sacrifício. Círculos Bíblicos sobre o Evangelho de Mateus". De Carlos Mesters, Mercedes Lopes e Francisco Orofino.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Alguém me deu esta ladainha. Não sei quem é o autor, mas é linda!

Ladainha de mãe Maria

Maio, mês mariano, me faz lembrar uma cena que atravessou minha infância e adolescência, e hoje é saudade: o terço rezado em família.

Nos meus tempos de criança, esse momento tinha tudo para ser uma chateação, por interromper nossas brincadeiras, mas transformava-se numa festa. É claro que o meu espírito e de meus irmãos estava longe de qualquer traço de santidade. Imagine um bando de meninos, seis ou até treze, quando juntavam os primos-irmãos, aquela escadinha de idades debulhando as contas do terço desfiadas com agilidade manual e verbal pelas mães, avós e tias que iam recitando aquela saraivada de ave-marias que ‘perseguíamos’, pisando de leve os primeiros passos no terreno dos mistérios que, sem saber, aprendíamos a contemplar...

Ao final, havia um momento mágico. Rezado o terço, chegava a hora da Ladainha de Nossa Senhora que era rezada em latim por Dindinha, a matriarca entre minhas tias.

Não entendíamos nada, mas respondíamos a cada invocação com um “ora pro nóbis” rápido e certeiro. Todas as noites era assim...

Hoje transformo minha saudade em prece. E retomo os valores do materno em uma ladainha à Maria mãe, à mãe Maria, pedindo a ela não favores ou milagres, mas que me ensine a ter um coração materno, a ter gestos maternais. O mundo anda precisando. Eu, ainda mais...

Nossa Senhora do carinho de mãe, ensina-nos a ser carinhosos.

Nossa Senhora da paciência de mãe, ensina-nos a ser pacientes.

Nossa Senhora do cuidado de mãe, ensina-nos a ser cuidadosos.

Nossa Senhora do zelo de mãe, ensina-nos a ser zelosos.

Nossa Senhora da atenção de mãe, ensina-nos a ser atenciosos.

Nossa Senhora do afeto de mãe, ensina-nos a ser afetuosos.

Nossa Senhora da delicadeza de mãe, ensina-nos a ser delicados.

Nossa Senhora da justiça de mãe, ensina-nos a ser justos.

Nossa Senhora da fraternidade de mãe, ensina-nos a ser fraternos.

Nossa Senhora da esperança de mãe, ensina-nos a construir a esperança.

Nossa Senhora da caridade de mãe, ensina-nos a ser caridosos.

Nossa Senhora da serenidade de mãe, ensina-nos a ser serenos.

Nossa Senhora do perdão de mãe, ensina-nos a perdoar.

Nossa Senhora da acolhida de mãe, ensina-nos a acolher.

Nossa Senhora da sabedoria de mãe, ensina-nos a ser sábios.

Nossa Senhora da sensibilidade de mãe, ensina-nos a ser sensíveis.

Nossa Senhora da disponibilidade de mãe, ensina-nos a ser disponíveis.

Nossa Senhora da generosidade de mãe, ensina-nos a ser generosos.

Nossa Senhora do aconchego de mãe, ensina-nos a ser aconchegantes.

Nossa Senhora do silêncio de mãe, ensina-nos a valorizar o silêncio.

Nossa Senhora do equilíbrio de mãe, ensina-nos a se equilibrados.

Nossa Senhora da percepção de mãe, ensina-nos a ser perceptivos.

Nossa Senhora da amizade de mãe, ensina-nos a ser amigos.

Nossa Senhora da dedicação de mãe, ensina-nos a ser dedicados.

Nossa Senhora da suavidade de mãe, ensina-nos a ser suaves.

Nossa Senhora da alegria de mãe, ensina-nos a ser alegres.

Nossa Senhora da firmeza de mãe, ensina-nos a ser firmes.

Nossa Senhora da oração de mãe, ensina-nos a rezar.

Nossa Senhora da vida que nasce da mãe, ensina-nos a escolher a vida!

Amém!

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Mais uma linda reflexão do Cebi para o fim de semana! Bom fim de semana a todos!

Qual é o maior mandamento da Lei? (Mateus 22,34-40) - Ildo Bohn Gass

Terça-feira, 18 de outubro de 2011 - 11h48min

A comunidade de Mateus apresenta Jesus ensinando o maior mandamento em um contexto no qual os fariseus novamente o procuram, a fim de pô-lo à prova (Mateus 22,35). Assim já haviam feito ao armarem, junto com os herodianos, uma cilada em torno do pagamento dos impostos ao império romano, para apanhá-lo por alguma palavra (Mateus 22,15). Tanto os representantes da religião oficial (fariseus), bem como os do império (herodianos), já haviam se dado conta de quanto era perigoso para seus sistemas o jeito de Jesus propor o Reino do Pai. Ainda mais, depois que ele também fechara a boca dos saduceus (Mateus 22,34). Os saduceus eram o partido judaico mais poderoso naquele momento, uma vez que aglutinava os que controlavam a religião a partir do templo (sacerdotes) e os que detinham o poder sobre o comércio em Jerusalém (anciãos). O projeto do Reino de Deus é revolucionário a todos os sistemas, seja aos de ontem, seja aos de hoje, grandes ou pequenos, dentro ou fora de nós.

Desta vez, os fariseus partem para cima de Jesus com uma nova armadilha: Mestre, qual é o maior mandamento da Lei? (Mateus 22,36). Então, Jesus faz a memória da centralidade do amor em toda Lei. Dessa forma, ao colocar no centro o amor a Deus e ao próximo, Jesus torna relativas todas as leis e as tradições. Elas somente estão conforme a vontade de Deus, caso tiverem como motivação primeira o amor. Assim, Jesus acusa os fariseus de traírem o projeto de Deus ao colocarem a letra acima do espírito da Lei. Incomodados pela acusação de Jesus, eles ficaram sem resposta e silenciaram. Porém, novamente se reuniram. Seria para preparar outra cilada? (Mateus 22,41). No entanto, agora é Jesus quem passa a desmascará-los, fazendo perguntas (Mateus 22,42) e acusações fortes contra os fariseus, incluindo também os doutores da Lei, os escribas (Mateus 23,1-36). Desse modo, ninguém podia responder-lhe nada. E a partir daquele dia, ninguém se atreveu a interrogá-lo (Mateus 22,46).

Jesus faz memória da Lei a fim de relativizá-la

Em que parte das Escrituras Jesus busca o espírito da Lei, o princípio do amor? Para o primeiro mandamento, ele recorre a um dos livros da Lei judaica, o Deuteronômio (6,4-5): Amarás ao Senhor, teu Deus... É um amor intenso, isto é, com todo o nosso ser: coração, alma, força vital e mente.

O segundo, ele o encontra em outro escrito do Pentateuco, o livro do Levítico (19,18): Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Também é um amor profundo, pois é amar o próximo tanto quanto amamos a nós próprios. Segundo Mateus 7,12, Jesus diz o mesmo em outras palavras: Tudo que desejais que as pessoas vos façam, fazei vós a elas. Pois esta é a Lei e os Profetas. Amar intensamente a Deus e o próximo é acolher de coração. É cuidar com corpo e com alma. É escutar com mente aberta. É solidariedade, força de vida...

O amor é o centro da vida nutrida em Deus, pois Deus é amor (1ª carta de João 4,8.16). Se andamos no caminho de Deus, vivemos o amor que gera vida, pois toda a Lei se resume neste único mandamento: ‘amarás o teu próximo como a ti mesmo’(Gálatas 5,14; Romanos 13,9). Portanto, o amor é o cumprimento perfeito da Lei(Romanos 13,10). Ao dizer que toda Lei e os Profetas dependem desses dois mandamentos (Mateus 22,40), Jesus torna todas as Escrituras relativas em relação ao amor. Somente este é absoluto.

Os judeus mais piedosos haviam relacionado todas as leis do Pentateuco. Chegaram a catalogar 613 leis. Dessas, 365 eram proibições como, por exemplo, não matarás(Êxodo 20,13). E 248 eram leis afirmativas como lembra-te de santificar o dia de sábado(Êxodo 20,8). Uma quantidade tão grande de leis era difícil para o povo cumprir. De um lado, por não saber ler e, por isso, não conhecer toda a Lei em seus detalhes. De outro, por não ter, na luta pela sobrevivência diária, condições de cumprir a Lei em todos os seus pormenores.

Segundo uma informação que encontramos no evangelho segundo João (7,47-49), os fariseus diziam que essa corja que ignora a Lei, são uns amaldiçoados. Isso revela que, para esses fariseus, as pessoas que não conhecem a Lei e, em consequência, não a cumprem são amaldiçoadas por Deus. E essa era a situação da maioria do povo pobre daquele tempo. Apenas uma minoria se considerava abençoada por Deus pelo fato de saber e cumprir a Lei, bem como as tradições orais sobre o puro e o impuro. Ao dar valor relativo às inúmeras prescrições e ao colocar como único princípio o amor, Jesus abre a possibilidade aos pobres de também fazerem parte das bênçãos do Reino. Segundo os fariseus, por não conhecerem a Lei, estavam fora dessas bênçãos de Deus. Somente eles achavam ter esse privilégio. Dessa forma, Jesus derruba os muros que impediam o acesso dos pobres ao Reino. E mais, alegra-se porque são justamente eles os que acolheram a Boa Nova, enquanto os que se achavam sábios e entendidos, porém, prisioneiros de inúmeras regrinhas, se fecharam ao projeto de Deus (Mateus 11,25). Assim, diante da dificuldade para cumprir tantas leis, Jesus propõe um caminho alternativo, o caminho do amor.

Caminhemos pela estrada do amor

O caminho do amor é um novo jeito de caminhar, é uma nova prática. Sua vivência não é algo abstrato, teórico, mas é um amor bem concreto. Antes de procurar um próximo para amar, importa tornar-se próximo através da solidariedade. É isso que a comunidade de Lucas nos quer lembrar ao acrescentar ao mandamento do amor a parábola do samaritano misericordioso (Lucas 10,29-37). Ou como recorda a comunidade de Mateus, ao insistir na prática da misericórdia: Vinde, benditos de meu Pai, recebei por herança o Reino preparado para vós desde a criação do mundo. Pois tive fome e me destes de comer. Tive sede e me destes de beber. Era sem teto e me acolhestes. Estive nu e me vestistes, doente e me visitastes, preso e viestes ver-me(Mateus 25,34-36).

A comunidade de João, diferentemente de Mateus, Marcos e Lucas, não separa em dois o mandamento de Jesus. Vai mais fundo e identifica o amor a Deus com o amor ao próximo: Amai-vos uns aos outros. Como eu vos amei, assim também vós deveis amar-vos uns aos outros (João 13,34; 15,12.17). Se alguém disser: ‘amo a Deus’, mas odeia o seu irmão, é mentiroso; pois quem não ama o seu irmão a quem vê, não poderá amar a Deus, a quem não vê (1ª carta de João 4,20).

Ó Deus de ternura e de bondade,

diante da crise em que os sistemas deste mundo se encontram,

permite-nos que teu amor nos conduza

na superação de todas as estruturas de morte

que ameaçam a vida no planeta e do planeta. Amém!

Ildo Bohn Gass é autor da Série Uma Introdução à Bílblia e coautor de O Pão nosso de cada dia dá-nos hoje.


quinta-feira, 20 de outubro de 2011

O dogma da MATERNIDADE DIVINA consiste em que a Virgem Maria é verdadeira Mãe de Deus, por ter engravidado por obra do Espírito Santo e dado à luz a Jesus Cristo, não quanto a sua Natureza Divina, senão quanto à Natureza humana que tinha assumido. A Igreja afirma este Dogma desde sempre, e o definiu solenemente no Concílio de Éfeso (século V). Retomado pelo Concílio Vaticano II – Lumen Gentium, Num 66

O Dogma da IMACULADA CONCEIÇÃO consiste em que a Virgem foi preservada imune da mancha do pecado original desde o primeiro instante de sua Concepção, por singular graça e privilégio de Deus Onipotente, em atendimento aos méritos de Jesus Cristo, Salvador do gênero humano. Esta verdade foi proclamada como Dogma de Fé pelo Papa Pio IX, em 8 de dezembro de 1854 , na Bula Ineffabilis Deus.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Maria

A historiografia de Maria colhe uma tradição fundada nos evangelhos que venera as Suas Sete Dores, são sete momentos da sua vida em que passou por sofrimento humano notável:

Primeira dor: A profecia de Simeão.

Segunda dor: A fuga para o Egito.

Terceira dor: Jesus perdido no Templo.

Quarta dor: Maria encontra o seu Filho com a cruz a caminho do Calvário.

Quinta dor: Jesus morre na Cruz.

Sexta dor: Jesus é descido da Cruz e entregue a sua Mãe.

Sétima dor: O corpo de Jesus é sepultado

A Igreja ensina os seguintes dogmas a respeito da Virgem:

1º) A MATERNIDADE DIVINA

2º) A IMACULADA CONCEIÇÃO

3º) A VIRGINDADE PERPÉTUA

4º) A ASSUNÇÃO AOS CÉUS

sábado, 15 de outubro de 2011

Transcrevo aqui este belo comentário de Edmilson Schinelo, que foi publicado no site do CEBI

O que é de César a César... O que é mesmo de César? - Edmilson Schinelo

Quarta-feira, 12 de outubro de 2011 - 16h39min

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Um plano bem armado: fazer Jesus cair na armadilha de suas próprias palavras! A cilada é introduzida por um elogio que é, ao mesmo tempo, reconhecimento de integridade: "Mestre, sabemos que és verdadeiro, que ensinas o caminho de Deus... que não consideras as pessoas pela aparência..." (v. 16). Depois do elogio, a pergunta: "É lícito ou não pagar o imposto a César?"

Em caso de resposta afirmativa, toda a pregação de Jesus cairia por terra diante do povo. A ocupação romana era o que havia de mais explorador, a transferência de impostos para Roma era elemento provocador de miséria e fome. Além disso, do ponto de vista religioso, pagar o imposto significava aceitar o culto ao imperador. Na própria moeda, podia-se ler:Tibério César, Filho do Divino Augusto. Por isso, os fariseus e a maioria do povo se opunham ao pagamento.

Por outro lado, se Jesus responde que não se deve pagar o tributo, é apanhado em atitude aberta de afronta ao império. Os próprios herodianos, favoráveis ao pagamento do tributo e a serviço dos romanos, ali estavam para o flagrante.

A resposta de Jesus desmascara qualquer religião fetichista e legitimadora do sistema, seja a divulgada pela propaganda imperialista, seja a alimentada pelas autoridades judaicas (no texto, representadas pelos fariseus). É possível que Jesus tenha tocado no coração do sistema religioso romano: o lucro proveniente da cobrança do tributo imposta às províncias conquistadas por Roma. Ao questionar o caráter divino do imperador, todo culto a ele prestado (leia-se: submissão, oferenda e pagamento do tributo) está deslegitimado.

Mas também está desautorizada e ridicularizada a prática de boa parte das lideranças judaicas, que mantinham duplo comportamento. Desejavam a expulsão dos dominadores, ao mesmo tempo em que reproduziam a dominação ou usufruíam das benesses propiciadas pela ocupação, incluindo o sistema de cobrança do tributo: ainda que a maior parte dos impostos fosse repassada a Roma, as elites alimentavam seu luxo com o que retinham do montante arrecadado pelos malvistos cobradores de impostos. Se, por um lado, as autoridades judaicas negavam-se a oferecer incenso ao divino César, por outro, eram beneficiadas com tal divinização.

Pagar ou devolver?

O texto de Mateus, seguindo a versão de Marcos (Mc 12,13), coloca juntos fariseus e herodianos. A narrativa de Lucas opta por classificá-los: "espiões que se fingiam dejustos" (cf Lc 20,20). O interessante é que enquanto os falsos justos perguntam se é lícito ou não "pagar" (em grego, é o verbo dídomi) o tributo a César, Jesus responde com outra concepção de justiça: usa o mesmo verbo, mas acrescentando um prefixo (apo) que dá uma ênfase diferente: não se trata de pagar, mas de devolver, como pode ser traduzido o termo apodídomi.

Se na moeda está a imagem (literalmente a epígrafe) do seu proprietário, o dinheiro pertence ao opressor romano e é preciso devolver a ele. Como gosta de afirmar Gustavo Gutierrez, "se na pergunta dos fariseus está implícita a possibilidade de não pagar o tributo, também está a de ficar, nesse caso, com o dinheiro". Jesus supera o pretenso nacionalismo dos fariseus, vai à raiz: "é preciso erradicar toda dependência do dinheiro. Não basta romper com o domínio político estrangeiro, é necessário romper a opressão que nasce do apego ao dinheiro e de suas possibilidades de exploração dos demais" (O Deus da vida. São Paulo: Loyola, 1990. p. 87-88).

Fazendo uso do imperativo, a comunidade de Mateus mantém enfática a resposta de Jesus: devolvam ao imperador o que lhe é devido; e, da mesma forma, a Deus o que é de Deus! No Sermão da Montanha, a comunidade já havia lembrado: Não se pode servir a dois senhores, não há como servir a Deus e ao dinheiro (Mateus 6,24). O culto a Deus não se coaduna com o culto a Mamon, aqui representado pelo sistema do império romano.

Mas o que é mesmo de César? E o que é de Deus?

Neste "a César o que é de César e a Deus o que é de Deus" ainda cabe a pergunta: o que mais é de César e o que é de Deus?

Em terra ocupada, toda a população sabia que além do denário, também era de César o procurador da Judéia, nomeado pelo próprio imperador. Eram de César os exércitos invasores. "A César o que é de César" inclui, portanto, todo o anseio de libertação. O clássico texto de Marcos 5,1-20 já tinha descrito, através da imagem dos porcos lançando-se ao mar, o mesmo desejo: a legião (termo militar para designar uma corporação de soldados) volta pelo caminho de onde veio, o mar (pelo Mediterrâneo chegavam os exércitos de Cesar). Da mesma forma que no Êxodo o mar havia engolido os cavalos do faraó e a opressão do Egito foi vencida, a comunidade espera que os porcos do império sejam devolvidos ao mar. É o que pode também ser lido no "Devolvam a César o que é de César".

Em contrapartida, o que mesmo é de Deus? Conforme Levítico 25,23, a terra pertence a Deus, o povo é nela hóspede. Logo, não pode a terra ser tomada por outra divindade, o império romano. O povo, em última instância, é o "povo de Deus", com ele Deus fez aliança (Josué 24). A liberdade do povo é dom de Deus!

Cumprir a sugestão de Jesus pode nos trazer riscos

Há que se repetir que o processo de divinização de Jesus feito pelas comunidades é implícita (ou até mesmo explícita) oposição à divinização do imperador. Isso nos permite afirmar que o movimento de Jesus, ou pelo menos a leitura que dele se fez na segunda metade do primeiro século, traz em si forte reação antiimperialista. E se reconhecemos que a teologia imperial romana era, de fato, o centro ideológico do poder imperial, seu coração teológico, devemos admitir também que a comunidade cristã entendeu que proclamar Jesus Cristo como filho de Deus significava deliberadamente negar a César o seu mais alto título.

Consequências viriam... Não por menos, tantas lideranças tiveram a mesma sorte de Jesus, A essa altura, só restaria mesmo a um camponês de periferia, já considerado blasfemo pelas autoridades religiosas de seu povo (Marcos 14,60-64), ser condenado como malfeitor (Lucas 23,33-34). Como o próprio Jesus, as comunidades experimentariam que não é simples "devolver a César o que é de César". O império não costuma aceitar.

Edmilson Schinelo é biblista popular e assessor do CEBI. Colaborou em publicações como Leitura Bíblica: a juventude mostra o caminho, Horizontes ainda que seja de noite e outras.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Caminha conosco, Senhor; fica conosco, Senhor - Pe. Alfredo J. Gonçalves

Sexta-feira, 14 de outubro de 2011 - 10h10min

por Adital - Notícias da América Latina e Caribe

Caminha conosco, Senhor, quando o desânimo ameaça paralisar nossos passos
E o horizonte se enche de sombras obscuras que impedem ver a nova aurora;
Fica conosco, Senhor, quando nos domina a agitação febril do fazer e do produzir
E não sobra mais tempo para o para o repouso e a paz, a oração e a contemplação.

Caminha conosco, Senhor, quando a estrada é íngreme e tudo em volta é deserto,
Sentimo-nos órfãos e solitários, perdidos e abandonados em becos sem saída;
Fica conosco, Senhor, quando somos tomados pelo frenesi do ter e do consumir
E esquecemos que poucas coisas, frugais e sóbrias, bastam para fazer-nos felizes.

Caminha conosco, Senhor, quando a escuridão da noite nos enche de medo e angústia,
E tudo em volta parece povoado de vozes estranhas e fantasmas desconhecidos;
Fica conosco, Senhor, quando os minutos e as horas, os dias, os meses e os anos
São devorados pelo afã de aplausos e títulos, riqueza e poder, fama e celebridade.

Caminha conosco, Senhor, quando o fardo dobra de peso, as pernas tremem e vacilam,
A cruz das dores e do sofrimento se amplifica e não sabemos como carregá-la;
Fica conosco, Senhor, quando, apesar da carga que nos encurva os ombros,
Teimamos em ir adiante, não admitindo a fragilidade nem a necessidade de parar.

Caminha conosco, Senhor, quando o ruído das coisas, das máquinas e das pessoas
Nos tornam surdos aos apelos que nos chegam do alto e do chão, de dentro e de fora;
Fica conosco, Senhor, e ensina-nos a resgatar o dom do silêncio e da escuta,
Na busca de um oásis de paz e de quietude em meio às turbulências do cotidiano.

Caminha conosco, Senhor, quando nos surpreendem as encruzilhadas da vida
Ilumina o rumo de nossa escolha, para não perdermos a direção do porto;
Fica conosco, Senhor, quando as nuvens se adensam e perdemos a luz do sol,
Ensina-nos a acender uma vela, por menor que seja, ou a caminhar no escuro.

Caminha conosco, Senhor, quando a multidão apressada nos absorve e atropela,
E nos fragmentamos em mil funções desconectadas de um eixo seguro;
Fica conosco, Senhor, quando necessitamos recolher nossos fragmentos dispersos
E reconstruir o significado e a coluna vertebral da existência dilacerada.

Caminha conosco, Senhor, quando a ânsia dos shows, da imagem e dos espetáculos
Nos leva a substituir a via lenta e longa do processo pela vida curta do evento;
Fica conosco, Senhor, quando precisamos acreditar no fermento e na semente,
Que germina no ventre úmido e oculto da terra, antes de buscar o sol, o ar e o céu.

Caminha conosco, Senhor, quando atividades desencontradas travam a trajetória,
E nos perdemos em meio a um corre-corre que ameaça submergir-nos;
Fica conosco, Senhor, quando a sede, a fome e o cansaço batem à porta:
Nutre-nos com tua água viva, teu alimento eucarístico e teu repouso vivificante.

Caminha conosco, Senhor, como o fizeste com os discípulos de Emaús,
Sê um forasteiro que interpela os fatos e os ilumina com a Palavra;
Fica conosco, Senhor, quando declina o dia e as trevas se aproximam,
Sê ao mesmo tempo nosso hóspede e anfitrião, que oferece pão e salvação.

Pe. Alfredo J. Gonçalves, CS
São Paulo-SP, 29 de abril de 2011

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

De catequista para catequistas

Ser catequista é ser otimista e acima de tudo acreditar no Reinado de Deus. A catequese nos mostra o caminho, aponta como devemos nos situar diante deste mundo, que valoriza tanto o “ter” em detrimento do “ser”. Ser catequista é revelar ao mundo o nosso Deus que liberta, e que é amor, este amor que gratuitamente demonstra a nós. Ser catequista é assumir o compromisso de construir um mundo melhor. Se formos para um encontro de catequese, não tivermos focados em construir uma vida melhor, não estamos sendo fiéis ao nosso chamado. Ser catequista é desafiador, pois temos a missão de anunciar e se preciso for denunciar. Anunciar e denunciar não é fácil, é preciso coragem, é preciso saber que vai doer, como diz o padre Zezinho: “não se faz à paz sem nenhum sofrer.”. É preciso buscar forças na eucaristia (“comungar é tornar-se um perigo”) e na união do grupo de catequistas para enfrentarmos os desafios de catequizar.

O catequista tem que fazer a leitura da atualidade e ajudar seus catequizandos a descobrirem o que Deus quer deles neste mundo. Ajuda-los a fazer o Reino acontecer em suas vidas. É fácil? Não, mas a esperança é sempre maior. Quando aqueles apóstolos viram seu mestre na cruz, tiveram medo e dor, mas não perderam a esperança e viram a aurora vencer a escuridão.

Hoje vejo que os jovens estão carentes de bons exemplos, já os maus exemplos estão aí na mídia todo dia. Estes dias em um curso para catequistas falávamos nisso, o jovem conhece a vida daquele artista de televisão, do cantor, do jogador. É preciso contar a eles sobre pessoas que fizeram algo mais para o outro, testemunharam com suas vidas de amor: São Francisco, São Paulo, São Pedro e outros santos; Dom Oscar Romero, Dom Helder Câmara, Dom Paulo Evaristo Arns, Gandhi, Martin Luther King, Mandela e tantos outros. Se há tantos maus modelos, que tal mostrarmos bons modelos.

Para encerrar, somos discípulos de Jesus e temos que ensinar o que dele aprendemos, com o coração humilde, puro e manso.

Estou lendo um livro muito bom do padre Zezinho “Um rosto para Jesus Cristo”, na página 157, discorrendo sobre a Semana Santa, ele diz:

“Pregar uma Semana Santa sem mostrar caminhos e sem abordar os dramas sociopolíticos do mundo de hoje é fugir do assunto. Quem não mostra desejo de suavizar a dor humana, desviou-se do Cristo!”.

Que a gente nunca se desvie do Cristo!

Luiz Sergio Palhão

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Palavras de Maria

Nos Evangelhos Maria faz uso da palavra por seis vezes, duas delas dirigidas ao Anjo da Anunciação, o Magnificat em resposta a sua prima Isabel, duas dirigidas ao seu Filho Jesus e uma só e última vez dirigida aos homens (aos servos das bodas de Caná) que a Igreja Católica conserva com todo o valor de um testamento:

“Como vai acontecer isso, se não vivo com nenhum homem?” (Lc. 1,34).

“Eis a escrava do Senhor, Faça-se em mim segundo a tua palavra” (Lc 1:38)

"A minha alma proclama a grandeza do Senhor..." (Lc. 1,46-55)

“Meu filho, por que você fez isso conosco? Olhe que seu pai e eu estávamos angustiados, à sua procura." (Lc. 2,48).

"Não tem mais vinho"... (Jo. 2,3).

"Fazei tudo o que Ele vos disser" (Jo.2,5).

domingo, 9 de outubro de 2011

O que se conhece sobre Maria?

Segundo uma tradição católica estima-se que a Virgem Maria teria nascido em 8 de setembro, num sábado, data em que a Igreja festeja a sua Natividade.

Filha de São Joaquim, descendente de Davi, e de Sant’Ana.

Nasceu em Jerusalém em 15a.c. e mudou-se para Nazaré com 12 anos de idade, após a morte de seu pai. O papel que Maria ocupa na Bíblia é mais discreto se comparado com a tradição católica.

Os Evangelhos dizem-nos que era uma jovem donzela Virgem, quando concebeu Jesus, o Filho de Deus.

Era uma mulher verdadeiramente devota e corajosa.

É dezenove vezes citada no Novo Testamento

Fatos notáveis de sua vida:

O aparecimento do anjo Gabriel, e anúncio de que seria ela a mãe do Filho de Deus, o prometido Messias (Lc 1,26-56 e Lc 2,1-52);

A visitação à sua prima Santa Isabel e o Magnificat (Lc. 1,39-56);

O nascimento do Filho de Deus em Belém, a adoração dos pastores e dos reis magos (Lc. 2,1-20);

A Sua purificação e a apresentação do Menino Jesus no templo (Lc. 2,22-38);

À procura do Menino-Deus no templo debatendo com os doutores da lei (Lc. 2,41-50);

Meditando sobre todos estes fatos (Lc. 2,51);

Nas bodas de Casamento em Caná, na Galiléia. (Jo 2,1-11);

À procura de Cristo enquanto este pregava (Lc. 8,19-21) e (Mc. 3, 33-35);

Ao pé da Cruz quando Jesus aponta Maria como mãe do discípulo e a este como seu filho (Jo, 19,26-27);

Depois da Ascensão de Cristo aos céus, Maria era uma das mulheres que estavam reunidas com o restantes dos discípulos na vinda do Espírito Santo, no Pentecostes, onde se deu a fundação da Igreja Cristã. (Atos 1,14 e Atos 2,1-4).

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Ide às encruzilhadas e chamai todos/as para a festa - Mateus 22,1-14 - Paulo Ueti

Sexta-feira, 7 de outubro de 2011 - 10h46min

Uma das pilastras da vida evangélica é o reconhecimento de que todas/os nós somos irmãos em Cristo. Não deveria haver espaço para intolerâncias, sexismos, preconceitos, privilégios, especialmente no que diz respeito à misericórdia e à graça de Deus para com a vida no planeta. "Não há judeus nem gregos, escravos ou livres, homens ou mulheres, todos somos UM em Cristo Jesus"(Gálatas 3,28).

Mas esse é um ideal a ser perseguido todos os dias. É um objetivo a ser reafirmado a cada manhã quando acordamos. Não é fácil. Isso vai contra o jeito patriarcal das sociedades se organizarem. Ser irmão no patriarcado é muito revolucionário. Ser irmão nos impérios é subversivo.

Nas primeiras comunidades, havia esse enfrentamento muito forte. Por um lado, o desejo de seguir Jesus, que já nos anos 80 estava enfraquecendo como projeto global das comunidades. Por outro lado, o desafio de sobreviver na convivência dentro do império em meio a gente de grupos sociais diferentes. Judeus tinham muita dificuldade de superar séculos de intolerância e "ensimesmamento". O Evangelho segundo Mateus guardou bem esses conflitos entre judeus e não-judeus.

A parábola que lemos neste domingo em algumas igrejas possui duas partes. A primeira reflete bem o desejo de ser uma comunidade aberta a todas as pessoas. O reino dos céus é para todas as pessoas. A imagem da festa é muito apropriada e reflete que os "convidados tradicionais e de direito - judeus" não aceitam o convite. Então o convite é feito para todos: maus e bons (gentios e judeus que estão nas margens). A violência do rei é expressão do que aconteceu pelos anos 70 quando Jerusalém foi destruída pelas tropas de Roma durante a guerra judaica naquele período. É uma adição difícil de ser engolida no contexto da parábola como tal.

A segunda parte, ainda com um tom de violência e exclusão, difícil de ser entendida, conta que, mesmo a festa sendo para todas as pessoas, um requisito era necessário para estar lá. Estar vestido apropriadamente. Pode ser uma alusão ao batismo, rito de passagem para tornar-se membro pleno da comunidade, onde você era "revestido do Cristo" para uma vida nova, abandonando sua vida antiga. Parece que tinha gente na festa que aceitou o convite, mas pela metade. Queria estar na festa com roupas antigas, estava apegada ainda ao passado e resistindo a "vestir-se apropriadamente" para essa nova etapa da vida. Por isso, o resultado é que não pode estar ali. Tem que voltar para fora e converter-se ao novo modelo de festa, onde todas as pessoas podem entrar mas, ao entrar, precisam estar com novos compromissos e novo estilo de vida (o que a parábola chama de "estar vestido apropriadamente").

Novos compromissos (festa de bodas - estar com a comunidade, ali representada pelo noivo/a) exigem da gente nova roupagem, nova atitude, novo jeito de perceber e se relacionar com a vida. Por isso, poucos são os "escolhidos". A festa continua lá, não está encerrada, mas é necessário estar "vestido apropriadamente" (estar cristificado) para entrar na mesma e se aproveitar da presença do noivo/a.

A comunidade de Mateus, assim como a nossa hoje, deve enfrentar esse conflito ético e estético comunitário, em termos de avaliação acerca dos compromissos que assumimos como cristãos e a expressão (ou ausência de expressão) desses compromissos. Como vivemos, como nos comportamos, como nos relacionamos conosco mesmos e com as outras pessoas, que cuidado/relação estabelecemos com o planeta onde moramos? Estamos ao menos conversando sobre tudo isso na comunidade?

São desafios que o reino de Deus, conteúdo de nossa parábola, nos aponta. Quando não assumimos novos compromissos, frutos da nova espiritualidade, há ranger de dentes e escuridão, situações que necessitam de intervenção e mudança de vida para mudarem. O desafio é aceitar o convite, vestir-se do Cristo e olhar o mundo através de seu olhar de misericórdia, compromisso incansável e apaixonado por festas e novidades.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Ganhei este texto há alguns anos, se não me engano é de autoria de Eduardo Machado, que escreve no jornal Opinião. Excelente texto.

SER SANTO...

Você já reparou, nas Igrejas, altares, mesmo em museus e exposições, as imagens de arte religiosa ali presentes? Elas tem alguns pontos em comum. O rosto sereno, o olhar voltado para o alto ou contemplando um ponto indefinido. As mãos estendidas ou entrelaçadas, como quem recebe ou pede alguma coisa. A auréola na cabeça confirma a suspeita: é um(a) santo(a)!

O santo que descrevemos acima provavelmente viveu há muitos anos. Sua imagem está nos altares de Igrejas pelo mundo inteiro, em Escolas e em casas de família. São estátuas de gesso, madeira, metal. São pinturas, painéis, esculturas de todas as artes e estilos. Representam um conceito, contam uma história.

E para nós, hoje? Se tivéssemos que escolher alguém que simbolizasse um santo? Como seria a sua imagem? Que características teria um santo dos nossos dias e para o nosso tempo?

O que é afinal, SER SANTO?

Talvez seja importante primeiro, apagar algumas idéias equivocadas sobre santidade. Equivocadas, mas muito comuns entre nós.

Começaríamos dizendo que o Santo NÃO É:

- Um mágico que resolve problemas impossíveis (com o perdão de São Judas Tadeu...)

- Um quebra galho a quem recorremos quando as coisas parecem não ter solução (com o perdão de Santo Antônio...)

- A saída para apressar a resolução de dificuldades (com o perdão de Santo Expedito)

- A válvula de escape para os desesperos cotidianos (com o perdão de Nossa Senhora – todas elas...)

- E até alguém capaz de organizar o trânsito ou achar uma vaga no estacionamento do shopping em véspera de Natal (com o perdão de São Cristóvão)

Ser santo ou santa é muito mais que ser intermediário de promessas, verdadeiras “chantagens” que se faz com Deus. Para esse tipo de religiosidade não era preciso altar, bastava um balcão para as trocas. Eu te prometo uma vela, dez missas, uma reza milagrosa, uma novena, mas em troca quero um emprego, um carro novo e até um marido. E rápido! (tarefa para São Judas Tadeu, com a ajuda de Santo Expedito...)

Santo Inácio de Loyola (que não tem fama de milagreiro, por isso não é tão popular) tinha um princípio de vida precioso para essa reflexão:

“Faça tudo como se tudo dependesse só de você.

Confia como se tudo dependesse apenas de Deus”

Os grandes santos foram pessoas que não ficaram esperando que milagres caíssem do céu. Lutaram muito e suas vidas são exemplos de heroísmos, muitas vezes anônimos, que podem nos inspirar nas batalhas que a vida propõe no cotidiano.

É claro que ao longo dos tempos, a maneira de falar e apresentar a vida dos santos esteve adaptada à linguagem e costumes de cada época. Há santos que são guerreiros heróicos. Outros humildes e simples. O que há de comum entre eles é:

FORAM PESSOAS QUE DESCOBRIRAM A VONTADE DE DEUS EM SUAS VIDAS

... e lutaram para realizar essa vontade, deixando em suas palavras, gestos e exemplos sinais do amor de Deus pelos homens.

Mais que rezar pedindo a intercessão dos santos, somos convidados a nos inspirarmos em suas vidas, seguindo seus exemplos, imitando seus passos. A santidade é um convite permanente de Deus PARA CADA UM DE NÓS.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Metodologia

Após cada encontro, o catequista deve avaliar a sua ação catequética, verificar se os objetivos foram alcançados, e se o encontro contribuiu para que os catequizandos reconheçam-se como filhos de Deus, irmãos comprometidos e responsáveis diante do mundo.

O testemunho do catequista é referencial para a formação do catequizando, pois o catequista que é fiel às propostas de Jesus e à sua explanação durante os encontros garante o respeito dos seus catequizandos e uma formação sólida na fé.