Ao tratarmos do núcleo familiar como finalidade da evangelização, concentramo-nos diretamente no essencial da mensagem cristã: o anúncio do evangelho. Esta mensagem fundamental e primeira é chamada de querigma. Propomos o caminho do querigma como o primeiro a ser realizado com os pais e com todos os envolvidos no processo.[1]
Partimos da sensibilidade de fé, da abertura religiosa, naturalmente presente nas pessoas. Hoje, temos a grande tarefa de ajudá-las a ler a manifestação de Deus nos acontecimentos e situações que as envolvem; o que significa falar de Deus a partir do sofrimento e de suas inquietações para sentirem a presença e a ação salvadora divina. A experiência de Deus torna-se a matéria-prima de nossa prática evangelizadora. Daí a necessidade de ouvirmos as pessoas e ajudá-las a interpretar suas vidas sob o olhar da fé.
Podemos partir da situação de luto, de doença, de desilusão amorosa ou de situações de passagem como o nascimento de um filho, o matrimônio… A densidade de significação destes momentos constitui o ponto de partida para a revelação de Deus na vida das pessoas.
O mistério de Deus nos foi revelado por aquele que veio do Pai. Deus vem ao encontro do ser humano, por isso toda conversão se dá no encontro pessoal comJesus Cristo. Ele revela sua proposta de vida nova, não como fato passado, mas como realidade plenamente atual, capaz de abraçar quem a acolhe em continuidade da única história da salvação, conduzida pelo Espírito Santo.
Daí a necessidade de apresentar, pelo menos, o livro de um dos evangelhos. Tomar contato direto com os ensinamentos, parábolas e acontecimentos da encarnação, da paixão, morte e ressurreição do Senhor.
O lugar mais apropriado para encontrarmos o Senhor é a comunidade de fé. Lugar em que se reúnem aqueles(as) que professam a fé no Ressuscitado, acolhem o mistério de Deus em suas vidas e se reconhecem seguidores daquele que se proclama Caminho, Verdade e Vida.
A Igreja é a comunidade dos seguidores de Jesus, novo povo de Deus fundado nanova aliança graças ao sangue de Cristo. A Igreja anuncia a salvação como sua razão de ser. Assim, todo aquele que crê é inserido numa cadeia ininterrupta de vida da Igreja, de anúncio da Palavra de Deus, de celebração dos Sacramentos, que chega a nós e que chamamos de Tradição. Essa nos dá a garantia de que aquilo em que acreditamos é a mensagem original de Cristo, pregada pelos apóstolos.
Tendo sempre a consciência de que o amor de Deus precede a nossa conversão e proporciona uma relação pessoal de confiança, com vista à salvação e à vida eterna, torna-se fundamental a decisão de aceitar essa proposta de vida. O primeiro anúncio é interpelante, reitera a promessa de graça aplicando-a ao contexto dos ouvintes para suscitar a reação de cada um à mensagem.
“Na boca do catequista, volta a ressoar sempre o primeiro anúncio: ‘Jesus Cristoama-te, deu a sua vida para te salvar, e agora vive contigo todos os dias para te iluminar, fortalecer, libertar’. Ao designar-se como ‘primeiro’ este anúncio, não significa que ele se situa no início e que, em seguida, se esquece ou substitui por outros conteúdos que o superam; é o primeiro em sentido qualitativo, porque é o anúncio principal, aquele que sempre se tem de voltar a ouvir de diferentes maneiras e aquele que sempre se tem de voltar a anunciar, duma forma ou doutra, durante a catequese, em todas as suas etapas e momentos”.[2]


[1] Para maior aprofundamento deste tema, recomendamos: Núcleo de Catequese Paulinas. Querigma. A força do anúncio. São Paulo, Paulinas, 2014.
[2] Francisco I. Exortação Apostólica A Alegria do Evangelho. São Paulo, Paulinas, 2013, n. 164.