terça-feira, 11 de novembro de 2014

Oração para pedir ignorância(padre José Luiz Gonzaga)

ó Deus,dai-me a graça de não saber nada,de ser ignorante,sem conhecimento,atrasado,para que, assim,
eu possa aprender tudo,possa alcançar a verdadeira sabedoria,venha a ser capaz de admirar , de descobrir coisas novas, de me atualizar a cada momento da vida.
Fazei que eu não queira conhecer outra cois que não seja Jesus Cristo e Jesus Cristo crucificado.
      Que cada dia eu possa entender melhor o que significa ser discípulo de um marginal , seguidor de um homem condenado como ameaça ao sistema e criminoso irrecuperável , companheiro de alguém que foi eliminado como lixo da sociedade .
Que jamais eu pretenda saber qualquer coisa que não sirva  para entender melhor o que isso significa.
             Livrai-me senhor, de ser o" sabe tudo"!
Livrai-me de parecer um mestre!
Livrai-me de ter a ultima palavra!
De ter todas as respostas,  de, por um momento que seja , achar que nada tenho a aprender.
ensinai-me a ouvir os que nada tem a dizer .
Ensinai-me a aprender dos que não sabem , a alcançar a sabedoria dos analfabetos,a aprofundar a minha fé
na prática dos sem-estudos.
Fazei que eu perca a ilusão dos livros e dê mais valor á realidade da vida.
Que eu perca a ilusão das palavras bonita e me empenhe cada  vez mais no compromisso com a verdade.
Que eu tenha, acima de tudo, a sabedoria da cruz, a sabedoria último lugar , que transforma em ilusão
toda sabedoria, toda ciência , toda técnica,todo palavreado humano.

PELO CRISTO, DE MÃOS GROSSAS, ANALFABETO E CONDENADO À MORTE,
        MAS VIVO PARA SEMPRE.    AMÉM!  (Padre José Luiz Gonzaga do Prado)

domingo, 9 de novembro de 2014

BÍBLIA, DEUS SE ABRE COM A GENTE

Padre José Luiz Gonzaga do Prado


      Estamos no Juvenato, Paraguaçu-MG, para mais um Curso de Formação Bíblica do Setor Alfenas, com o Padre Zé Luiz.
         "Quando esmorece em nós a consciência da Inspiração, corre-se o risco de ler a Escritura como objeto de curiosidade histórica e não como obra do Espírito Santo, na qual podemos ouvir a voz do Senhor e conhecer a sua presença na história". Bento XVI em Verbum Domini 19.
         O importante é descobrir o que Deus quer de nós no texto Bíblico que se lê. A Bíblia é menos uma vidraça que deixa olhar o passado e muito mais um espelho para hoje.
            O Papa João Paulo II em sua Carta Apostólica Novo Millennio Ineunte, ao iniciar o capítulo sobre o rosto do Cristo a contemplar a partir dos Evangelhos, faz a ressalva: “De fato, os Evangelhos não pretendem ser uma biografia completa de Jesus, segundo os cânones da ciência histórica moderna”. Para muitos, isso pode soar como novidade, talvez até como escândalo. Então, nem tudo o que está nos Evangelhos é verdade histórica cientificamente exata? Não! É o Papa que está dizendo isso? É!
                O Documento só rejeita a interpretação ingênua e literal da Bíblia. É a sua característica principal, destacada no discurso do Papa. Abrir a Bíblia ao acaso para achar uma frase que venha a solucionar um problema meu pode ser uma atitude “piedosa” e “atraente”, mas é “uma forma de suicídio do pensamento” (A INTERPRETAÇÃO DA BÍBLIA NA IGREJA, Paulinas, São Paulo, 1994, p.86).
                
1. Janela versus Espelho
            Nenhum escrito da Bíblia é apenas uma janela para o passado. É sempre e muito mais um espelho do que acontecia quando o texto foi escrito. Falando da criação do mundo, contando uma estória dos patriarcas ou um episódio da vida de Jesus, a Bíblia está muito mais interessada em refletir, iluminando o que acontece (ser espelho) do que em deixar ver com exatidão o que aconteceu (ser janela). Lida como espelho do que acontecia quando se escreveu, pode servir de espelho para hoje. Quanto mais escuro do lado de lá e mais claro do lado de cá, mais a vidraça vira espelho. A Bíblia tem um caráter divino, não como vidraça ou janela para o passado e sim como espelho, não como história, mas como luz para a vida. “Toda Escritura é inspirada por Deus e é útil para ensinar, para argumentar, para corrigir, para educar conforme a justiça. Assim, a pessoa que é de Deus estará capacitada e bem preparada para toda boa obra” (2Tm 3,16-17).

Duas versões da Criação Gn 1,1 - 2,4a e Gn2,4b - 25. São duas narrativas em contextos diferentes.



domingo, 2 de novembro de 2014

Do caderno de formação

Luzes e esperanças para a família do século XXI
Nem tudo são só espinhos e sombras. Temos presente em nossa realidade familiar luzes que
nos dão muitas esperanças:
􀀹 Cresceu a consciência da liberdade pessoal e maior atenção à qualidade das relações
interpessoais no matrimônio.
􀀹 A promoção da dignidade da mulher.
􀀹 Maior atenção na educação dos filhos no exercício da paternidade e maternidade
responsável.
􀀹 Maior união da família nas relações de ajuda, nos momentos de necessidade.
􀀹 Descoberta da importância da família e sua missão na Igreja e na sociedade.
Tanto a família quanto a catequese tem uma missão em comum: educar para o Amor,
transmitindo valores humanos e cristãos. Diante das ameaças do mundo capitalista, é preciso não
perder a esperança e abrir-se ao diálogo, revendo nossos métodos para educar os filhos no lar.
O Papa Paulo VI, em seu documento Evangelização no mundo contemporâneo (n. 71)
oferece uma catequese ao tratar sobre a família como centro de irradiação do Evangelho. Vamos
refletir alguns aspectos importantes para a família na educação da fé:
􀂃 No conjunto daquilo que é o apostolado evangelizador dos leigos, não se pode deixar de pôr
em realce a ação evangelizadora da família. Nos diversos momentos da história da Igreja,
ela mereceu bem a bela designação aprovada pelo II Concílio do Vaticano: ‘Igreja
doméstica’. Isso quer dizer que, em cada família cristã, deveriam encontrar-se os diversos
aspectos da Igreja inteira. Por outras palavras, a família, como a Igreja, tem por dever ser um
espaço onde o Evangelho é transmitido e donde o Evangelho irradia.
􀂃 No seio de uma família que tem consciência desta missão, todos os membros da mesma
família evangelizam e são evangelizados. Os pais, não somente comunicam aos filhos o
Evangelho, mas podem receber deles o mesmo Evangelho profundamente vivido. E ‘uma
família assim torna-se evangelizadora de muitas outras famílias e do meio ambiente em que
ela se insere’.
􀂃 A futura evangelização depende em grande parte da Igreja doméstica. Esta missão
apostólica da família tem as suas raízes no batismo e recebe da graça sacramental do
matrimônio uma nova força para transmitir a fé, para santificar e transformar a sociedade
atual segundo o desígnio de Deus.
􀂃 A família cristã, sobretudo hoje, tem uma especial vocação para ser testemunha da aliança
pascal de Cristo, mediante a irradiação constante da alegria do amor e da certeza da
esperança, da qual deve tornar-se reflexo: ‘A família cristã proclama em alta voz as virtudes
presentes do Reino de Deus e a esperança na vida bem-aventurada.’
􀂃 O mistério de evangelização dos pais cristãos é original e insubstituível: assume as
conotações típicas da vida familiar, entrelaçada como deveria ser com o amor, com a
simplicidade, com o sentido do concreto e com o testemunho do quotidiano.
􀂃 A família deve formar os filhos para a vida, de modo que cada um realize plenamente o seu
dever segundo a vocação recebida de Deus. De fato, a família que está aberta aos valores do
transcendente, que serve os irmãos na alegria, que realiza com generosa fidelidade os seus
deveres e tem consciência da sua participação cotidiana no mistério da Cruz gloriosa de
Cristo, torna-se o primeiro e o melhor seminário da vocação à vida consagrada ao Reino de
Deus.
O Documento da Conferência de Santo Domingo (cf. n. 214) apresenta a identidade e a
missão da família através de quatro aspectos:
a) A missão da família é viver, crescer e aperfeiçoar-se como comunidade de pessoas
chamadas a testemunhar a unidade por toda a vida (valor unitivo).
b) Ser santuário da vida, serva da vida, conservando o direito à vida como a base de todos os
direitos humanos (valor procriativo). Nela deve-se transmitir e educar para os valores
autenticamente humanos e cristãos.
c) Ser ‘célula primeira e vital da sociedade’. Por natureza e vocação, a família deve ser
promotora do desenvolvimento, protagonista de uma nova cultura que valorize a família.
d) Ser ‘Igreja doméstica’ que acolhe, vive, celebra e anuncia a Palavra de Deus. Lugar
privilegiado para a “fazer catequese”, aprofundando e dando razões para a fé, na vivência do
discipulado de Jesus.
A Conferência de Santo Domingo propôs como uma das linhas pastorais para a família:
“Fortalecer a vida da Igreja e da sociedade a partir da família: enriquecê-la a partir da catequese
familiar, a oração no lar, a Eucaristia, a participação no Sacramento da Reconciliação, o
conhecimento da Palavra de Deus, para ser fermento na Igreja e na sociedade.” (Santo Domingo, n.
225).
A Família é o melhor espaço para formar e orientar os filhos rumo a uma vida
verdadeiramente humana, cristã e feliz.
Quanto maior for a nossa formação humana e cristã, melhores condições temos para
transmitir às nossas crianças e adolescentes o interesse pela descoberta das riquezas da fé. E o gosto
de, juntos saborearmos as maravilhas do amor de Deus para connosco, e de Lhe correspondermos
com o nosso amor filial.
A família encontra hoje não poucos obstáculos, sobretudo neste “momento histórico em que
ela é vítima de muitas forças que buscam destruí-la ou deformá-la” (Santo Domingo, n. 210). Deste
modo, a catequese precisa conhecer algumas pistas de ação para ajudar a família a encontrar a sua
missão:
a) Conhecer as diversas situações e a realidade de cada catequizando.
b) Conscientizar as famílias para participação mais ativa na Igreja, como incentivo e
testemunho para os seus filhos que estão caminhando na catequese.
c) Por meio de ações conjuntas com a Pastoral Familiar, oferecer esclarecimentos e
possibilidades de regularização às famílias em situações irregulares (especialmente aos
amasiados que não têm impedimentos para casar na Igreja).
d) Não discriminar as famílias e crianças e não abandoná-las por motivo algum. Acolher a
todos, sem distinção, independentemente de suas opções.
e) Oferecer às famílias em dificuldades apoio e orientação, no diálogo.
f) Aos casais separados, prestar apoio e acolhida, com especial atenção aos seus filhos.
g) Distinguir entre o mal e a pessoa. No dizer do papa Paulo VI: “Jesus foi intransigente para
com o mal, porém misericordioso para com as pessoas”.
h) Distinguir com perspicácia as famílias que procuram a Igreja não muito bem intencionada,
querendo dar um jeitinho para receber os sacramentos sem a devida preparação.
i) As situações delicadas que aparecem na catequese, levar ao conhecimento do padre para
descobrirem juntos as possíveis soluções. Depois de averiguar os casos, dar os
encaminhamentos necessários, baseando sempre na verdade e na caridade.
A família continua sendo muito importante para os planos de Deus. Ela é uma instituição
divina, sonhada por Deus e fruto da sua benigna vontade. Ela não pode ficar desacreditada. Ela é
dom de Deus, por isso merece todo o nosso empenho e todo o nosso amor. Se a catequese não zela
pela família, como vai cuidar pastoralmente dos seus catequizandos? E se as famílias não se
interessam pela catequese, que futuro poderão dar a seus filhos no caminho da justiça e da fé?
O papa João Paulo II, na encíclica Familiaris Consortio, dirige algumas palavras
significativas que servem de horizonte para a missão da catequese: “Amar a família significa saber
estimar os seus valores e possibilidades, promovendo-os sempre. Amar a família significa descobrir
os perigos e males que a ameaçam, para poder superá-los. Amar a família significa empenhar-se em
criar um ambiente favorável ao seu desenvolvimento, e por fim, forma eminente de amor à família
cristã, de hoje, muitas vezes tomada por desconfortos e angustiada por crescentes dificuldades, é
dar-lhe novamente razões de confiança em si mesma, nas riquezas próprias que lhe advém da
natureza e da graça na missão que Deus lhe confiou”.