sexta-feira, 20 de novembro de 2015

Desenhos para colorir Igualdade Racial - Somos Iguais





FILHO PREDILETO de (Erma Bombeck)

Certa vez perguntaram a uma mãe qual era seu filho preferido,
aquele que ela mais amava.
E ela, deixando entrever um sorriso, respondeu: 
"Nada é mais volúvel que um coração de mãe.
E, como mãe, lhe respondo: o filho predileto, é
aquele a quem me dedico de corpo e alma...
É o meu filho doente, até que sare.
O que partiu, até que volte.
O que está cansado, até que descanse.
O que está com fome, até que se alimente.
O que está com sede, até que beba.
O que estuda, até que aprenda.
O que está com frio, até que se agasalhe.
O que não trabalha, até que se empregue.
O que namora, até que se case.
O que casa, até que conviva.
O que é pai, até que os crie.
O que prometeu, até que se cumpra.
O que deve, até que pague.
O que chora, até que cale.
E já com o semblante bem distante daquele sorriso, completou:
O que já me deixou...
...até que o reencontre... 

quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Os pessimistas, os otimistas e os radicais

Certa vez um índio que morava a beira de um rio, cansado de perder tudo para a enchente que vinha todo ano furiosa e engolia ocas, plantações e tudo mais que eles tivessem conquistado, resolveu colocar um plano em ação. Todo ano era a mesma coisa, a tribo toda subia para a colina e, após a enchente destruir tudo, eles faziam novas ocas no chão ainda molhado e plantavam sementes. A tribo não se mudava daquela área, pois ali a terra era produtiva. Não havia uma rota de fuga, teriam que aprender a viver ali. Mas aquele índio cresceu vivendo aquela situação e todos da tribo já estavam acostumados. Alguns de tão acostumados, quando começava a chover, já derrubavam as ocas e saiam destruindo as plantações. Aquele índio era diferente, ele não se conformava com aquela situação e sempre falava para o povo da tribo "vou dar um jeito de não perder tudo para a enchente", e começava o burburinho. Os pessimistas cochichavam: "espia ta doido, esse ai já não tem mais cura". Os otimistas falavam: "tomara que ele consiga e ajude a todos nós". E os radicais já davam um grito lá do fundo: "esse ai ta cheio de espíritos malignos". E todos da tribo se assustavam e se afastavam daquele índio. Mas ele não se abalou, colocou seu plano em ação e começou a construir uma oca alta, bem acima do chão. No entanto todas as ocas da tribo eram junto ao chão, aquilo era loucura para os outros índios e muitos juravam que não iria dar certo. Durante dias ele saía para a mata e pegava tudo que iria precisar: troncos de árvores, palhas, bambus, cipós e foi amontoando tudo frente a sua oca.
O Chefe da tribo incomodado com os falatórios foi falar com o índio e questionar sobre aquela obra. O chefe começou a fazer perguntas para aquele índio que corria contra o tempo, pois faltavam poucas luas para o início das chuvas. O índio respondia as indagações do chefe apenas com uma frase "eu vou tentar". O chefe da tribo, então, o deixou em paz após ouvir sempre a mesma resposta: "eu vou tentar". Enquanto isso, todos olhavam tudo que aquele índio fazia. Os pessimistas cochichavam: "não vai dar certo, tá na cara". Os otimistas falavam: "que rapaz corajoso, vai dar certo". E os radicais gritavam: "espia, fazendo um templo a mando do coisa ruim". E todos se assustavam e se afastavam daquele índio. Faltava apenas uma lua para as chuvas chegarem e aquele índio parecia que havia ficado surdo e não escutava ninguém que viesse falar que aquilo era loucura e que não iria dar certo.
Ele já havia cavado buracos e fincado troncos no chão, inúmeros troncos ele colocou em buracos que cavou há dias sem a ajuda de ninguém. Ele fez um piso com amarrações de cipós, junto a bambus, palha e barro para cobrir e formar um piso e, então, construir sua oca e plantar sementes em cima daquele chão que acabou de levantar. Fez tudo com muito zelo e cuidado, certificando se que tudo havia ficado firme.
Ninguém da tribo sabia, mas aquele índio orava à Deus todos os dias e no coração dele havia a certeza que a resposta era: "Sim, você vai conseguir". Fortalecido pela fé ele continuava surdo e não ouvia ninguém que viesse falar que aquilo era loucura e que não iria dar certo. Ao terminar a obra e com os gotejo da chuva que estava por vir, muitos índios já estavam rente a colina e alguns ainda tentaram convencer aquele índio a ir junto, mas ele continuava firme em sua decisão. De cima da colina todos avistavam a tribo e a construção daquele índio. A chuva começou a cair e todos olhanvam atentos o que iria acontecer. O rio, então, começou a subir. Os pessimistas cochichavam: "vai cair tudo e ele vai vir pra colina toda molhado, espia". Os otimistas falavam: "deu certo”. E os radicais gritavam: "isso é pacto com o coisa ruim, mas não vai demorar a cair". Mas ninguém se assustou e muitos queriam estar lá, junto daquele índio que havia se tornado um exemplo de coragem e perseverança. Passaram-se dias e o rio subiu como todos os anos, a enchente veio e destruiu as ocas da tribo e as plantações. Menos a oca daquele índio que estava alta, feito uma colina, mas aquela não foi Deus que criou com suas próprias mãos e, sim auxiliou seu filho diante de sua coragem e força de vontade.
Após o término das chuvas, os índios voltaram da colina e todos começaram a fazer uma construção igual a daquele índio, mas os poucos pessimistas e radicais que sobraram falavam: " Hum! Não caiu agora, mas qualquer vento que vier derruba."
Não ouça os pessimistas, muito menos os radicais, pois esses sempre irão te falar que não dará certo, que não haverá benefício naquilo que você está fazendo. Seja como aquele índio, peça à Deus, confie nele e ponha seu plano em prática. Seja surdo para aqueles que vierem dizer que é loucura e que não dará certo e se vierem questionar, responda: "eu vou tentar". Fortaleça sua fé e o resultado será grandioso!

segunda-feira, 16 de novembro de 2015

A MOÇA DO POTE VAZIO de Jacob Petry

Naquele tarde caminhamos por um longo tempo. Ao contrário dos outros dias, o Mestre falava pouco. Restringia-se a fazer perguntas sobre a arte de viver em sociedade. Quando chegamos à margem do lago, contou-me a seguinte história:

"Muitos séculos atrás, um rei muito sábio e rico habitava uma ilha do Mediterrâneo. Certo dia, ele adoeceu e decidiu passar, ainda em vida, a coroa ao filho. Segundo a tradição, o princípe deveria se casar antes de assumir o trono. O príncipe então resolveu escolher sua esposa. Para isso, marcou uma celebração especial onde lançaria um desafio. A moça que vencesse o desafio, tornaria-se sua esposa.
Uma serva do palácio ouviu os comentários sobre o desafio e se sentiu muito triste, pois sabia que sua filha, uma moça humilde mas muito bela e honesta, nutria um sentimento especial pelo príncipe. Seu sonho era algum dia, pelo menos, poder ver o príncipe de perto.
Quando a mãe chegou em casa, a filha estava a sua espera. Ela também já havia sido informada sobre as intenções do príncipe, e esperava a autorização da mãe para participar do desafio.
Cética, a mãe tentou desencorajá-la.
- Minha filha, o que você fará lá? Estarão presentes as mais belas e ricas moças da corte.Tire esta ideia da cabeça. Eu sei o quanto gosta do príncipe, sei que deve estar sofrendo, mas não transforme esse sofrimento em uma tortura ainda maior.
- Mãe, respondeu a filha, sei que dificilmente serei a escolhida. Mas é minha única oportunidade de ficar, pelo menos alguns momentos, perto do príncipe. Isto já me fará feliz.
A mãe acabou consentindo, e no dia da celebração, a moça foi ao palácio. Lá, de fato, estavam não só as mulheres mais belas e ricas da ilha, mas também as de inúmeras ilhas vizinhas. Seus vestidos eram lindos. Estavam cobertas de joias valiosas e com maquiagens impecáveis. A moça, tímida e humilde, manteve-se discreta num canto, esperando o príncipe anunciar o desafio. Enfim, o momento chegou:
- Darei a cada uma de vocês, disse o príncipe, a semente de uma rara espécie de flor. Daqui a três meses, vamos ter outra celebração. Aquela jovem que souber cultivar melhor a semente, e trouxer a flor mais bela, será a minha esposa.
A filha da serva pegou sua semente e foi para casa muito feliz, repleta de esperanças. Na verdade, contra todas as perspectivas, ela teria uma chance: ela somente precisaria cultivar a flor com todo cuidado possível. Era isso que ela faria.
Na manhã seguinte, plantou a semente num vaso e passou a tratá-la com todos os cuidados possíveis. Desejava que a beleza da flor fosse da intensidade de seu amor pelo príncipe. Se isso fosse acontecer, ela já se sentiria satisfeita.
O tempo foi passando. Um mês depois, a semente ainda não havia germinado. A jovem tentou de tudo, fez uso de todos os métodos que conhecia, mas não conseguia fazer com que a semente germinasse. Dia após dia, seu sonho parecia mais difícil de se realizar; mas seu amor não permitia que ela desistisse. Por fim, os três meses haviam passado e a semente não havia germinado. E agora, o que fazer?
Dias antes da celebração ela já implorava, desesperada, para sua mãe a deixasse retornar ao palácio. Ela não pretendia nada além de passar mais alguns momentos na companhia do príncipe. Queria ficar perto dele, só isso.
Por fim, para satisfazer o desejo da filha, a mãe consentiu que ela fosse.
No dia da celebração, ela estava lá. Temendo que talvez não a deixassem entrar sem a flor, ela levou seu vaso vazio. Todas as outras jovens traziam flores lindas, robustas, coloridas e cheirosas. Havia rosas, violetas, jasmins, orquídeas, todas, das mais variadas formas e cores.
A pobre filha da serva do palácio estava triste, frustrada e envergonhada com seu pote vazio. Sentia-se humilhada, mas também grata por estar ali. O que ela poderia ter feito se a semente não germinou?
Na metade da noite, chegou o grande momento da escolha. As mulheres foram todas colocadas em um círculo.Para ficar mais perto dele, a moça foi para o círculo com seu pote vazio.
O príncipe observou cada uma das pretendentes curtiu muito as flores que haviam trazido. Após analisar uma a uma, ele retornou ao centro para anunciar o resultado. Que surpresa: entre todas, o príncipe escolheu justamente a filha da serva do palácio, que trazia um pote vazio.
As pessoas tiveram as reações mais inesperadas. Ninguém compreendeu porque o príncipe havia escolhido justamente aquela moça que nem mesmo conseguira cultivar sua semente. Então, calmamente, o príncipe explicou o motivo da sua escolha.
-Esta moça, ele disse, foi a única que cultivou a flor que a tornou digna de se tornar minha esposa e rainha. Ela cultivou a flor da honestidade. Pois, todas as sementes que distribui naquela noite, trinta dias atrás, eram sementes falsas, e portanto, estéreis."
Quando a história terminou, o Mestre seguiu em silêncio. Depois, ele se voltou para mim, colocou a mão sobre meu ombro e disse:
- Muitas vezes, ser quem verdadeiramente somos parece muito pouco. Aparecer com um pote vazio, quando todo mundo aparenta ter conseguido cultivar flores robustas e coloridas, parece duro, árduo, triste e até humilhante. Mas nada impressiona e recompensa tanto quanto a honestidade, ainda que ela seja feia como um pote vazio.
Em seguida, disse que já estava na hora dele partir.

Reflexão com Cortella