Naquele dia de sol,
Antônio chegou feliz e estacionou o reluzente caminhão
em frente à porta de sua casa.
Após 20 anos de muita economia e intenso trabalho,
sacrificando dias de repouso e lazer,
ele conseguiu: comprou um caminhão.
Orgulhoso,
entrou em casa e chamou a esposa
para ver a sua aquisição.
A partir de agora, seria seu próprio patrão.
Ao chegar próximo do caminhão,
uma cena o deixou descontrolado.
Seu filho de apenas seis anos estava
martelando alegremente a lataria do caminhão.
Irritado e aos berros,
ele investiu contra o pequeno filho.
Tomou o martelo das mãos dele e,
totalmente fora de controle,
martelou as mãozinhas do garoto.
Sem entender o que estava acontecendo,
o menino se pôs a chorar de dor,
enquanto a mãe interferiu e retirou o pequeno da cena.
Na seqüência,
ela trouxe o marido de volta à realidade
e juntos levaram o filho ao hospital,
para fazer curativos.
O que imaginavam, no entanto, fosse simples,
descobriram ser muito grave.
As marteladas nas frágeis mãozinhas
tinham feito tal estrago que o garoto
foi encaminhado para cirurgia imediata.
Passadas várias horas,
o cirurgião veio ao encontro dos pais
e lhes informou que as dilacerações tinham sido de grande extensão
e os dedinhos tiveram que ser amputados.
De resto, falou o médico,
a criança era forte e tinha resistido bem ao ato cirúrgico.
Os pais poderiam aguardá-lo no quarto,
para onde logo mais seria conduzido.
Com um aperto no coração,
os pais esperaram que a criança despertasse.
Quando, finalmente,
abriu os olhos e viu o pai o menino abriu um sorriso e falou:
- Papai, me desculpe,
eu só queria consertar o seu caminhão,
como você me ensinou outro dia.
Não fique bravo comigo.
O pai,
com lágrimas a escorrer pela face, em desconsolo,
se aproximou mais e lhe disse
que não tinha importância o que ele havia feito.
Mesmo porque, a lataria do caminhão nem tinha sido estragada.
O menino insistiu:
- Quer dizer que não está mais bravo comigo?
- Não, mesmo, falou o pai.
- Então, perguntou o garoto,
se estou perdoado,
quando é que meus dedinhos vão nascer novamente?
Comentário:
reconstruído, sobretudo as vidas que são tolhidas.