terça-feira, 30 de setembro de 2025

Catequese Digital III

 

A primeira geração que podemos classificar como sendo a pioneira da era digital e global é a geração Y. Tapscott (2010) coloca que é por meio dela que podemos notar uma gigantesca ruptura dos padrões comportamentais se compararmos as gerações existentes anteriormente. O surgimento de novas características nas formas comunicativas emergem com força na geração Y e são fortemente intensificadas nas gerações seguintes. Podemos afirmar que a geração Alfa terá uma enorme distinção se comparada às demais, por conta da existência da pandemia do COVID-19. Para exemplificar essas inúmeras alterações que surgem, expomos algumas das muitas características existentes das gerações mais recentes, segundo (TAPSCOTT, 2010, p 41-51):

 

·         Os relacionamentos autoritários existentes no seio familiar, no ambiente escolar e na área de trabalho estão se alterando, uma vez que o poder e o processo de conhecimento já não se encontram disponíveis somente para os pais, para as pessoas que exercem respectiva chefia ou pelos mestres; os menores de idade, devido a sua extrema habilidade com os modernos dispositivos digitais, conseguiram importante autoridade de cunho tecnológico. Isso faz com que as relações sociais se tornem mais horizontais, tornando-as mais colaborativas e permitindo a ampliação de seu compartilhamento;

·         A respectiva área classificada como multiculturalista e pluralista de onde emergiram essa juventude classificada como digital, a fizeram mais aberta e com maior tolerância, constante na batalha às injustiças sociais, muito embora suas atividades se manifestem mais nas áreas tecnológicas que nas ruas;

·         São tidos como sendo pessoas analíticas, fartos observadores e pessoas íntegras, que constantemente batalham em busca da ampla liberdade nos estudos e nos respectivos trabalhos, com intuito de poderem ter o convívio da maneira que melhor lhe convir com seus respectivos gostos e crenças pessoais;

·         O momento real, a exposição à velocidade e também a ampla e constante exposição às mídias tornaram esses vultos muito mais ansiosos, com uma reduzida paciência, extremamente dispersivos e carentes de uma grande gama de reconhecimento;

·         Suas potencialidades cognitivas alteraram de forma brusca de comparadas com as primeiras gerações. Por conta da fartura de informações e Fake News, surgiram habilidades mais efetivas de processamento, de utilização em processo seletivo, de categorização e de melhor aproveitamento dos dados existentes.

 

Tapscoot (2010), coloca que, com relação à cognição, poderia acrescentar que o intelecto das pessoas classificadas como sendo nativos digitais transformaram-se para inventivo e criativo. Nesse momento deve-se esclarecer que, mesmo tendo o amplo estudo das distintas gerações  se transformado em algo indispensável no processo formativo dos alunos catequistas, não significa que que os catequizandos em sua ampla totalidade, poderão evoluir com as mesmas características comportamentais e de aprendizagem. Nesse meio aparecem outros inúmeros fatores que exercem uma grande influência sobre suas respectivas mentalidades. Para poder ter a chance de transpor a etapa da experiência de conexão para o processo de comunhão, emergiu a tecnologia  a qual conhecemos como cibergraça.

 

 

A Cibergraça

 

A utilização da cultura digital não surgiu para passar de forma repentina. Por conta de sua extrema importância, é necessário que saibamos como conviver com a graça dessa nova realidade, que necessita do ser humano uma ampla maturidade e uma maior disciplina. Oriolo (2020) lembra que durante o período pandêmico, com as medidas de distanciamento sendo constantemente utilizadas, tivemos como única alternativa para chegar até os catequizandos, conseguidas por meio de uma maior utilização da comunicação digital.

Muito embora podemos consideram como sendo indiscutíveis os enormes benefícios que a utilização da tecnologia proporciona, temos de tomar o cuidado para que não ocorra uma “tecnodependência” da mesma, e passemos a ficar dependentes dela, como se isolados em uma espécie de bolha. Toda forma de “desvio” comportamental por conta da utilização da internet que venha a gerar algum tipo de dano ao indivíduo ou a terceiros, é classificado como ciberpecado. Dessa forma, Guimarães (2020) relembra que as iniciativas de boas origens passaram a migrar em maior número para as redes on-line, porém as más ações também progrediram para o universo digital. Dentre elas podemos citar os constantes surgimentos das fake News, do cyberbulling, pedofilia e pornografia digital, dentre outros.

Um grande problema existente na atualidade é com relação a utilização dos dados pessoais de terceiros para poder gerar alguma espécie de lucro. A partir do instante a qual fazemos uso de um serviço sem custos existente na internet, na realidade ele não sai de graça, uma vez que nós nos transformamos no produto a qual está sendo repassado aos clientes. Para Ribeiro (2020), esse é um dilema de caracteres morais que geram o que classificamos como sendo pecado estrutural da rede. É de extrema importância termos ampla consciência de que a internet sempre teve problemas ditas estruturais, principalmente em se tratando de conexão, para não adentrarmos em alguma espécie de armadilha.

A Igreja, em inúmeras documentações, trabalha na orientação da conduta moral do ser humano perante as mídias, uma vez que possui plena consciência de que a culpa dos respectivos males não recai sobre os meios utilizados, mas sim da pessoa que o utiliza. Guimarães (2020) relembra que uma vez que os recursos existentes na internet possuem a capacidade de potencializar a expansão do pecado a qual cometemos, eles conseguem uma expansão ainda maior da graça a qual vivemos assim como dos bens que praticamos diariamente.

sexta-feira, 8 de agosto de 2025

Catequese digital II

 

Spadaro (2012) coloca que a catequese necessita ofertar uma atenção especial à cultura digital, que foi dinamizada a partir do período pandêmico da COVID-19.  Por meio desta, houve um maior acolhimento das oportunidades que emergiram e foram direcionadas ao processo educacional da fé. A digitalização, porém, não passou somente a ser uma simples parte das culturas que encontramos na atualidade, mas tem o poder de estabelecer uma cultura até então inexistente, alterando desde a linguagem, a forma de pensar e a possível reconstrução das escalas dos diversos valores. Isso possibilita um provável redirecionamento para uma maior descoberta nos procedimentos de conscientização e criação dessa nova região, a qual terá conexão direta através de inúmeros meios digitais.

Segundo Spadaro (2012), o período conhecido como sendo da (des)informação veio  proporcionar vastas experiências inéditas relativas às áreas desterritorializadas e de forma a fazer uso de comunicação de forma instantânea e onipresente. O surgimento de uma nova cultura, de forma eletrônica conseguiu alterar a relação dos indivíduos com o tempo e espaço.

A partir do instante que se fala em rede, não queremos nos referir a um complexo de dispositivos digitais, mas sim a indivíduos conectados através dessas tecnologias, gerando uma nova forma de comunicação entre as pessoas. O Papa Francisco (2014) coloca que os meios digitais são locais extremamente férteis em termos de comunicação por conta da humanidade, uma vez que não necessita de cabos, mas especialmente por relações dos seres humanos. Dessa forma, a internet não é simplesmente uma estrutura técnica, mas principalmente se trata de um conjunto de diversas experiências de relações, onde pode ocorrer através de seres humanos ou mesmo por meio de inteligências artificiais.

Diante tudo isso, pode-se notar que o ciberespaço jamais será um ambiente a qual podemos classificar como neutro, mas uma área qualificada por meio das ações que realizamos. Dessa maneira, Tapscoot (2010) coloca que há de se definir que o ambiente digital como sendo um local antropológico, social e ético. Assim sendo dever-se-á ser considerado como um local sagrado, especialmente no período pandêmico, onde se pode exercer a prática e a cultura da fé. Por meio desse experimento cristão através da internet, aparecem questionamentos teológicos as quais necessitam abordagens constantes: a ciberteologia.

 

 

Ciberteologia: o mundo tentando ser compreendido pela fé

 

Se tivermos como base a teologia dos sinais existentes na época do Concílio Vaticano II, poderemos notar que a ciberteologia surgiu no ano de 2012, criada pelo jesuíta de origem italiana Antônio Spadaro, com intuito de ser uma nova área teológica a qual direciona a uma compreensão da cultura digital perante à luz da fé das pessoas e seus respectivos impactos com o intuito de compreender a existência da fé cristã. Tapscoot (2010), procura relembrar que a  ciberteologia tem a internet como uma grande opção para que o profissional em teologia possa vir a se colocar de maneira adequada, com intuito de que possa ler a realidade e realizar, construir reflexões no que diz respeito a fé existente na atualidade.

Esse novo tema abordado possui como base o respectivo pensamento: as novas formas de tecnologias digitais, principalmente a internet, alteraram a forma de se comunicarem, uma vez que passaram a fazer uso de uma nova forma de linguagem, onde passaria a fazer uso de uma nova forma de fluir os pensamentos. Se compreendemos a teologia como sendo “intellectus fidei”, raciocinando sobre a fé, estaremos fazendo com que a cultura digital esteja se transformando de forma a alterar a maneira a qual se pratica a teologia na atualidade. Spadaro (2012) coloca que a ciberteologia pode se definir o pensamento da fé cristã na era digital. Novas abordagens teológicas surgem constantemente e que estão relacionadas diretamente ao fenômeno digital inovador que emergiu com toda força, a qual foi criado por meio da inserção na teologia protestante, no ano de 2014.

A catequese, segundo Rocha (2020), passou por alterações drásticas durante a fase de pandemia COVID-19, que veio adiantar o procedimento de digitalização. Compreender as alterações na forma de transmissão da fé se tornou algo de extrema importância, onde o Diretório para a Catequese (2020) expõe esse conteúdo. A cultura da era digital, que permitiu a necessidade de novas atividades teológicas, gerando novos indivíduos eclesiais as quais devemos ter conhecimento.

 

Nativos digitais: os personagens novatos da catequese

 

Para Oliveira (2010), o sucesso para que ocorra o processo de comunicação é extremamente dependente do conhecimento e também da proximidade existente entre os indivíduos. Assim sendo, os catequistas necessitam conhecer os caracteres insertes na prática da comunicação, sendo que é necessário possuir uma ampla visão do mundo moderno, de tudo o que gira ao seu redor e dos demais, passando a compreender o comportamento e a aprendizagem de cada indivíduo que está passando pelo processo da catequização.

Com o processo de globalização, esses conhecimentos passaram a ser compartilhados por pessoas jovens de uma única época. Isso direcionou à criação do estudo mais aprofundado das gerações. Na atualidade, segundo Oliveira (2010), existem seis gerações que possuem o convívio em comum. Estas gerações são a Belle Époque, que são as pessoas nascidas entre os anos 1920 e 1940; a Baby Boomers, que são os nascidos no período de 1940 a 1960; a geração X, oriunda de 1960 a 1980; a geração Y, dos anos de 1980 a 1999; a geração Z dos nascidos no período de 1999 a 2010, e mais recente a geração Alfa, das pessoas nascidas do ano de 2011 até os dias atuais. As bruscas diferenças encontradas na mentalidade existente entre as gerações podem gerar constante conflitos entre as gerações, se não forem em busca de um conhecimento similar e passarem a ter maior compreensão com relação aos demais.

Essas gerações podem ser classificadas em dois distintos conjuntos: as três primeiras gerações passam a compor o conjunto dos imigrantes digitais, e as últimas três formas são as que emergiram inseridas ao que conhecemos como sendo a revolução digital, também podendo utilizar a nomenclatura de nativos digitais. Tapscoot (2010) lembra que se torna necessário realizar a colocação de que para classificar o indivíduo como sendo nativo não direciona ao mesmo uma ampla rede de conhecimento a qual o mesmo já nasceu com a compreensão de como é e para que se pode utilizar da melhor forma os equipamentos digitais. O respectivo termo procura colocar o período, contexto e aspectos existentes nesses grupos. Independente da geração a qual a pessoa se inclua, todas, sem exceção, sempre necessitarão de serem capacitadas para poderem enfrentar a era digital.

segunda-feira, 7 de julho de 2025

 

A CATEQUESE DIGITAL

 

A partir do instante a qual observamos o passado da Igreja, veremos que a comunicação estava sempre fundamentada em uma vivência comunitária, onde se transmitiria a fé em um ambiente adequado e participativo. Oliveira (2010) lembra que no decorrer da história da comunicação, a instituição da Igreja passou por inúmeras dificuldades para poder ter um reconhecimento da extrema importância das formas de comunicação como um objeto de extrema importância para a difusão dos valores existentes na Igreja.

Para Oliveira (2010), a  Igreja passou a ter maior ampliação e aprofundamento com relação à importância dos meios de comunicação em massa somente após o papado de Pio XII, no ano de 1957, onde passou a dar muita importância para o rádio, cinema e principalmente pelos meios televisivos.

Com o tempo, as pastorais começaram a abrir as possibilidades reflexivas com relação às formas de comunicação ao orientar que essa área poderia ter enorme sucesso no quesito em aproximar mais as pessoas da Igreja. Dessa forma, Oliveira (2010) coloca que os meios de comunicação passaram a ter uma função importante no auxílio dessa missão perante a sociedade.

Já nesse século, segundo Tapscoot (2010), a Igreja, com relação a cultura digital lançou a carta apostólica a qual foi denominada “o rápido desenvolvimento”, datada do ano de 2005, onde João Paulo II se dirigia diretamente a todos os responsáveis pelas comunicações sociais. Ele colocou os desafios as quais necessitam serem sanados para que ocorram vivências reais na área da comunicação da Igreja, colocando a extrema importância de migrar para os procedimentos digitais. Na reflexão é colocado que não se deve somente fazer uso dos meios de comunicação em massa como uma forma de difusor da mensagem a ser transmitida, mas como uma maneira de expandir essa classificada como nova cultura surgida por meio de meios de comunicação tecnológicos. Para isso, João Paulo II pede:

 

Não tenhais medo! Não tenhais medo das novas tecnologias! Elas incluem-se “entre as coisas maravilhosas”, “Inter Mirifica”, que Deus pôs à nossa disposição para as descobrirmos, usarmos, fazer conhecer a verdade, também a verdade acerca do nosso destino de filhos seus, e herdeiros do Reino Eterno. (PONTIFÍCIO CONSELHO PARA A PROMOÇÃO DA NOVA EVANGELIZAÇÃO, 2020)

 Catequese Digital


A catequese digital proporciona a formação de uma nova mentalidade sobre a própria pessoa. Foi necessária uma conscientização com relação ao que é a rede. Porém, não é somente uma forma de conscientização com relação ao que é o que conhecemos como rede, mas uma evolução no amadurecimento compreensivo sobre o que se vive no dia-a-dia. Da mesma forma que a Igreja necessita estar em estado constante de auxílio, sendo necessário a utilizar novos olhares com a realidade a qual os meios digitais  irão proporcionar.

Por meio da evolução da cultura por meios digitais, da inserção da ciberteologia, a catequese digital permite que venhamos a inserir nesse trabalho dados as quais são colocados os conhecimentos  sobre o tema e sua respectiva necessidade da população em ter em seu meio para melhor evolução.  

Diante tudo isso, lança-se a pergunta: a catequese digital, devido a imposição proposta pelas bruscas mudanças impostas pelo período pandêmico, ficará permanentemente em meio à educação proposta pela Igreja, com aceitação uniforme da população?

Pelos estudos por meio dos conteúdos vistos, podemos afirmar que essa alteração é algo que surge para ficar em nosso meio de forma constante, independente de estar em período pandêmico ou não. Quem ganha com tudo isso são as pessoas as quais estão adquirindo esses estudos, por conta de ter a possibilidade de adquirir uma melhor capacitação.