terça-feira, 25 de julho de 2023

A parábola familiar do Bom Samaritano

Conta-se que uma família ia descendo de Jerusalém a Jericó, caminhando pelas estradas da história. De repente, uma quadrilha de inimigos, chamada de “tempos modernos”, a atacou no caminho e foi roubando todos os seus bens, a saber: a fé, a unidade, a fecundidade, a indissolubilidade, o diálogo familiar e, por último, a santidade. Em seguida, fugiram travestidos com novas roupas de modernidade. Aconteceu que, pela estrada da história, passou um psicólogo, representante de uma das escolas psicológicas, viu a família caída no chão e sentenciou? ‘Não disse? A família não quer aceitar a teoria da liberdade sexual total e é uma grande desmancha-prazer dos filhos e castradora dos seus desejos de felicidade. Então só poderia acabar assim, rejeitada. E seguiu adiante.

Em seguida, passou um sociólogo, que também representava certas teorias modernas, viu a família prostrada e também a acusou: ‘Faz tempo que, atrás de minhas pesquisas, eu achava que a família fosse uma instituição falida e que deveria acabar. Precisamos viver a era do amar livre’. Dito isto, passou adiante. Veio depois a Catequese, a Boa Samaritana, viu a família machucada, perdendo muito sangue e recordando as atitudes de Jesus, teve pena e compaixão, inclinou-se sobre ela, tomou-a em seus braços e levou-a para seu a hospedaria que se chama Comunidade Cristã, a fim de que fosse tratada e recuperada.

(Extraída da Revista de Catequese, p. 48, n. 121, Janeiro/2008, com adaptações).

 

O que essa parábola tem a nos ensinar? Quais os ensinamentos para a catequese?

Luzes e esperanças para a família do século XXI

 Nem tudo são só espinhos e sombras. Temos presente em nossa realidade familiar luzes que

nos dão muitas esperanças:

→Cresceu a consciência da liberdade pessoal e maior atenção à qualidade das relações

interpessoais no matrimônio.

→ A promoção da dignidade da mulher.

→ Maior atenção na educação dos filhos no exercício da paternidade e maternidade

responsável.

→ Maior união da família nas relações de ajuda, nos momentos de necessidade.

→ Descoberta da importância da família e sua missão na Igreja e na sociedade.

 

Tanto a família quanto a catequese tem uma missão em comum: educar para o Amor,

transmitindo valores humanos e cristãos. Diante das ameaças do mundo capitalista, é preciso não perder a esperança e abrir-se ao diálogo, revendo nossos métodos para educar os filhos no lar.

 

 A família deve formar os filhos para a vida, de modo que cada um realize plenamente o seu dever segundo a vocação recebida de Deus. De fato, a família que está aberta aos valores do transcendente, que serve os irmãos na alegria, que realiza com generosa fidelidade os seus deveres e tem consciência da sua participação cotidiana no mistério da Cruz gloriosa de Cristo, torna-se o primeiro e o melhor seminário da vocação à vida consagrada ao Reino de Deus.

 

O Documento da Conferência de Santo Domingo (cf. n. 214) apresenta a identidade e a

missão da família através de quatro aspectos:

a) A missão da família é viver, crescer e aperfeiçoar-se como comunidade de pessoas

chamadas a testemunhar a unidade por toda a vida (valor unitivo).

b) Ser santuário da vida, serva da vida, conservando o direito à vida como a base de todos os direitos humanos (valor procriativo). Nela deve-se transmitir e educar para os valores autenticamente humanos e cristãos.

c) Ser ‘célula primeira e vital da sociedade’. Por natureza e vocação, a família deve ser

promotora do desenvolvimento, protagonista de uma nova cultura que valorize a família.

d) Ser ‘Igreja doméstica’ que acolhe, vive, celebra e anuncia a Palavra de Deus. Lugar

privilegiado para a “fazer catequese”, aprofundando e dando razões para a fé, na vivência do discipulado de Jesus.

 

A família encontra hoje não poucos obstáculos, sobretudo neste “momento histórico em que ela é vítima de muitas forças que buscam destruí-la ou deformá-la” (Santo Domingo, n. 210). Deste modo, a catequese precisa conhecer algumas pistas de ação para ajudar a família a encontrar a sua missão:

a) Conhecer as diversas situações e a realidade de cada catequizando.

b) Conscientizar as famílias para participação mais ativa na Igreja, como incentivo e

testemunho para os seus filhos que estão caminhando na catequese.

c) Por meio de ações conjuntas com a Pastoral Familiar, oferecer esclarecimentos e

possibilidades de regularização às famílias em situações irregulares (especialmente aos

amasiados que não têm impedimentos para casar na Igreja).

d) Não discriminar as famílias e crianças e não abandoná-las por motivo algum. Acolher a todos, sem distinção, independentemente de suas opções.

e) Oferecer às famílias em dificuldades apoio e orientação, no diálogo.

f) Aos casais separados, prestar apoio e acolhida, com especial atenção aos seus filhos.

g) Distinguir entre o mal e a pessoa. No dizer do papa Paulo VI: “Jesus foi intransigente para com o mal, porém misericordioso para com as pessoas”.

h) Distinguir com perspicácia as famílias que procuram a Igreja não muito bem intencionada, querendo dar um jeitinho para receber os sacramentos sem a devida preparação.

i) As situações delicadas que aparecem na catequese, levar ao conhecimento do padre para descobrirem juntos as possíveis soluções. Depois de averiguar os casos, dar os

encaminhamentos necessários, baseando sempre na verdade e na caridade.

 

A família continua sendo muito importante para os planos de Deus. Ela é uma instituição divina, sonhada por Deus e fruto da sua benigna vontade. Ela não pode ficar desacreditada. Ela é dom de Deus, por isso merece todo o nosso empenho e todo o nosso amor. Se a catequese não zela pela família, como vai cuidar pastoralmente dos seus catequizandos? E se as famílias não se interessam pela catequese, que futuro poderão dar a seus filhos no caminho da justiça e da fé?

A catequese pergunta: E a família como vai?

 “À medida que a família cristã acolhe o Evangelho e amadurece na fé,

torna-se comunidade evangelizadora.” (João Paulo II)

 

Chamada a ser o Santuário da Vida e o lugar privilegiado para experimentar o amor, a

família hoje vive as ameaças da sociedade influenciada pelo consumismo, relativismo, ateísmo, individualismo, utilitarismo, subjetivismo e hedonismo (culto ao prazer).

 

O mundo hoje é plural, mas também fragmentado. As ciências e as tecnologias se

desenvolveram tanto que acabam passando por cima dos princípios da ética e da religião. E quem acaba sofrendo os impactos da sociedade pós-moderna é a família, por vezes mergulhada num horizonte cheio de dramas. As pressões do mundo globalizado são tantas que às vezes a família fica num beco sem saída.

 

Quais as dificuldades que passam as nossas famílias? O que influencia as famílias hoje?

Olhando para a realidade atual, verificamos diversas realidades. Entre elas, vale mencionar:

Falta de uma espiritualidade conjugal mais profunda de diálogo e de comunhão.

Ausência dos pais na educação de seus filhos.

Meios de comunicação assumindo a rédea da educação dos filhos.

Influência da “ditadura do relativismo” gerando uma ética da situação.

O culto ao corpo e a busca do prazer pelo prazer, banalizando a sacralidade do ato

conjugal.

Valores familiares como o amor, fidelidade e respeito sendo relativizados.

Aumento de relacionamentos instáveis. Nas primeiras dificuldades, casais optam por

trocar os parceiros.

Número crescente de divórcios.

Direito à liberdade colocado acima do direito inviolável à vida, incentivando assim a

prática do aborto.

Instauração de uma mentalidade contraceptiva.