sexta-feira, 8 de agosto de 2025

Catequese digital II

 

Spadaro (2012) coloca que a catequese necessita ofertar uma atenção especial à cultura digital, que foi dinamizada a partir do período pandêmico da COVID-19.  Por meio desta, houve um maior acolhimento das oportunidades que emergiram e foram direcionadas ao processo educacional da fé. A digitalização, porém, não passou somente a ser uma simples parte das culturas que encontramos na atualidade, mas tem o poder de estabelecer uma cultura até então inexistente, alterando desde a linguagem, a forma de pensar e a possível reconstrução das escalas dos diversos valores. Isso possibilita um provável redirecionamento para uma maior descoberta nos procedimentos de conscientização e criação dessa nova região, a qual terá conexão direta através de inúmeros meios digitais.

Segundo Spadaro (2012), o período conhecido como sendo da (des)informação veio  proporcionar vastas experiências inéditas relativas às áreas desterritorializadas e de forma a fazer uso de comunicação de forma instantânea e onipresente. O surgimento de uma nova cultura, de forma eletrônica conseguiu alterar a relação dos indivíduos com o tempo e espaço.

A partir do instante que se fala em rede, não queremos nos referir a um complexo de dispositivos digitais, mas sim a indivíduos conectados através dessas tecnologias, gerando uma nova forma de comunicação entre as pessoas. O Papa Francisco (2014) coloca que os meios digitais são locais extremamente férteis em termos de comunicação por conta da humanidade, uma vez que não necessita de cabos, mas especialmente por relações dos seres humanos. Dessa forma, a internet não é simplesmente uma estrutura técnica, mas principalmente se trata de um conjunto de diversas experiências de relações, onde pode ocorrer através de seres humanos ou mesmo por meio de inteligências artificiais.

Diante tudo isso, pode-se notar que o ciberespaço jamais será um ambiente a qual podemos classificar como neutro, mas uma área qualificada por meio das ações que realizamos. Dessa maneira, Tapscoot (2010) coloca que há de se definir que o ambiente digital como sendo um local antropológico, social e ético. Assim sendo dever-se-á ser considerado como um local sagrado, especialmente no período pandêmico, onde se pode exercer a prática e a cultura da fé. Por meio desse experimento cristão através da internet, aparecem questionamentos teológicos as quais necessitam abordagens constantes: a ciberteologia.

 

 

Ciberteologia: o mundo tentando ser compreendido pela fé

 

Se tivermos como base a teologia dos sinais existentes na época do Concílio Vaticano II, poderemos notar que a ciberteologia surgiu no ano de 2012, criada pelo jesuíta de origem italiana Antônio Spadaro, com intuito de ser uma nova área teológica a qual direciona a uma compreensão da cultura digital perante à luz da fé das pessoas e seus respectivos impactos com o intuito de compreender a existência da fé cristã. Tapscoot (2010), procura relembrar que a  ciberteologia tem a internet como uma grande opção para que o profissional em teologia possa vir a se colocar de maneira adequada, com intuito de que possa ler a realidade e realizar, construir reflexões no que diz respeito a fé existente na atualidade.

Esse novo tema abordado possui como base o respectivo pensamento: as novas formas de tecnologias digitais, principalmente a internet, alteraram a forma de se comunicarem, uma vez que passaram a fazer uso de uma nova forma de linguagem, onde passaria a fazer uso de uma nova forma de fluir os pensamentos. Se compreendemos a teologia como sendo “intellectus fidei”, raciocinando sobre a fé, estaremos fazendo com que a cultura digital esteja se transformando de forma a alterar a maneira a qual se pratica a teologia na atualidade. Spadaro (2012) coloca que a ciberteologia pode se definir o pensamento da fé cristã na era digital. Novas abordagens teológicas surgem constantemente e que estão relacionadas diretamente ao fenômeno digital inovador que emergiu com toda força, a qual foi criado por meio da inserção na teologia protestante, no ano de 2014.

A catequese, segundo Rocha (2020), passou por alterações drásticas durante a fase de pandemia COVID-19, que veio adiantar o procedimento de digitalização. Compreender as alterações na forma de transmissão da fé se tornou algo de extrema importância, onde o Diretório para a Catequese (2020) expõe esse conteúdo. A cultura da era digital, que permitiu a necessidade de novas atividades teológicas, gerando novos indivíduos eclesiais as quais devemos ter conhecimento.

 

Nativos digitais: os personagens novatos da catequese

 

Para Oliveira (2010), o sucesso para que ocorra o processo de comunicação é extremamente dependente do conhecimento e também da proximidade existente entre os indivíduos. Assim sendo, os catequistas necessitam conhecer os caracteres insertes na prática da comunicação, sendo que é necessário possuir uma ampla visão do mundo moderno, de tudo o que gira ao seu redor e dos demais, passando a compreender o comportamento e a aprendizagem de cada indivíduo que está passando pelo processo da catequização.

Com o processo de globalização, esses conhecimentos passaram a ser compartilhados por pessoas jovens de uma única época. Isso direcionou à criação do estudo mais aprofundado das gerações. Na atualidade, segundo Oliveira (2010), existem seis gerações que possuem o convívio em comum. Estas gerações são a Belle Époque, que são as pessoas nascidas entre os anos 1920 e 1940; a Baby Boomers, que são os nascidos no período de 1940 a 1960; a geração X, oriunda de 1960 a 1980; a geração Y, dos anos de 1980 a 1999; a geração Z dos nascidos no período de 1999 a 2010, e mais recente a geração Alfa, das pessoas nascidas do ano de 2011 até os dias atuais. As bruscas diferenças encontradas na mentalidade existente entre as gerações podem gerar constante conflitos entre as gerações, se não forem em busca de um conhecimento similar e passarem a ter maior compreensão com relação aos demais.

Essas gerações podem ser classificadas em dois distintos conjuntos: as três primeiras gerações passam a compor o conjunto dos imigrantes digitais, e as últimas três formas são as que emergiram inseridas ao que conhecemos como sendo a revolução digital, também podendo utilizar a nomenclatura de nativos digitais. Tapscoot (2010) lembra que se torna necessário realizar a colocação de que para classificar o indivíduo como sendo nativo não direciona ao mesmo uma ampla rede de conhecimento a qual o mesmo já nasceu com a compreensão de como é e para que se pode utilizar da melhor forma os equipamentos digitais. O respectivo termo procura colocar o período, contexto e aspectos existentes nesses grupos. Independente da geração a qual a pessoa se inclua, todas, sem exceção, sempre necessitarão de serem capacitadas para poderem enfrentar a era digital.