Spadaro (2012) coloca que a catequese necessita ofertar uma atenção
especial à cultura digital, que foi dinamizada a partir do período pandêmico da
COVID-19. Por meio desta, houve um maior
acolhimento das oportunidades que emergiram e foram direcionadas ao processo
educacional da fé. A digitalização, porém, não passou somente a ser uma simples
parte das culturas que encontramos na atualidade, mas tem o poder de
estabelecer uma cultura até então inexistente, alterando desde a linguagem, a
forma de pensar e a possível reconstrução das escalas dos diversos valores.
Isso possibilita um provável redirecionamento para uma maior descoberta nos
procedimentos de conscientização e criação dessa nova região, a qual terá
conexão direta através de inúmeros meios digitais.
Segundo Spadaro (2012), o período conhecido como sendo da
(des)informação veio proporcionar vastas
experiências inéditas relativas às áreas desterritorializadas e de forma a fazer
uso de comunicação de forma instantânea e onipresente. O surgimento de uma nova
cultura, de forma eletrônica conseguiu alterar a relação dos indivíduos com o
tempo e espaço.
A partir do instante que se fala em rede, não queremos nos referir a um
complexo de dispositivos digitais, mas sim a indivíduos conectados através
dessas tecnologias, gerando uma nova forma de comunicação entre as pessoas. O
Papa Francisco (2014) coloca que os meios digitais são locais extremamente
férteis em termos de comunicação por conta da humanidade, uma vez que não
necessita de cabos, mas especialmente por relações dos seres humanos. Dessa
forma, a internet não é simplesmente uma estrutura técnica, mas principalmente se
trata de um conjunto de diversas experiências de relações, onde pode ocorrer
através de seres humanos ou mesmo por meio de inteligências artificiais.
Diante tudo isso, pode-se notar que o ciberespaço jamais será um
ambiente a qual podemos classificar como neutro, mas uma área qualificada por
meio das ações que realizamos. Dessa maneira, Tapscoot (2010) coloca que há de
se definir que o ambiente digital como sendo um local antropológico, social e
ético. Assim sendo dever-se-á ser considerado como um local sagrado,
especialmente no período pandêmico, onde se pode exercer a prática e a cultura
da fé. Por meio desse experimento cristão através da internet, aparecem
questionamentos teológicos as quais necessitam abordagens constantes: a
ciberteologia.
Ciberteologia: o mundo tentando ser compreendido pela fé
Se tivermos como base a teologia dos sinais existentes na época do
Concílio Vaticano II, poderemos notar que a ciberteologia surgiu no ano de
2012, criada pelo jesuíta de origem italiana Antônio Spadaro, com intuito de
ser uma nova área teológica a qual direciona a uma compreensão da cultura
digital perante à luz da fé das pessoas e seus respectivos impactos com o
intuito de compreender a existência da fé cristã. Tapscoot (2010), procura
relembrar que a ciberteologia tem a
internet como uma grande opção para que o profissional em teologia possa vir a
se colocar de maneira adequada, com intuito de que possa ler a realidade e
realizar, construir reflexões no que diz respeito a fé existente na atualidade.
Esse novo tema abordado possui como base o respectivo pensamento: as
novas formas de tecnologias digitais, principalmente a internet, alteraram a forma
de se comunicarem, uma vez que passaram a fazer uso de uma nova forma de
linguagem, onde passaria a fazer uso de uma nova forma de fluir os pensamentos.
Se compreendemos a teologia como sendo “intellectus fidei”, raciocinando sobre
a fé, estaremos fazendo com que a cultura digital esteja se transformando de
forma a alterar a maneira a qual se pratica a teologia na atualidade. Spadaro
(2012) coloca que a ciberteologia pode se definir o pensamento da fé cristã na
era digital. Novas abordagens teológicas surgem constantemente e que estão
relacionadas diretamente ao fenômeno digital inovador que emergiu com toda
força, a qual foi criado por meio da inserção na teologia protestante, no ano
de 2014.
A catequese, segundo Rocha (2020), passou por alterações drásticas
durante a fase de pandemia COVID-19, que veio adiantar o procedimento de
digitalização. Compreender as alterações na forma de transmissão da fé se
tornou algo de extrema importância, onde o Diretório para a Catequese (2020)
expõe esse conteúdo. A cultura da era digital, que permitiu a necessidade de
novas atividades teológicas, gerando novos indivíduos eclesiais as quais
devemos ter conhecimento.
Nativos digitais: os personagens novatos da catequese
Para Oliveira (2010), o sucesso para que ocorra o processo de
comunicação é extremamente dependente do conhecimento e também da proximidade
existente entre os indivíduos. Assim sendo, os catequistas necessitam conhecer
os caracteres insertes na prática da comunicação, sendo que é necessário
possuir uma ampla visão do mundo moderno, de tudo o que gira ao seu redor e dos
demais, passando a compreender o comportamento e a aprendizagem de cada
indivíduo que está passando pelo processo da catequização.
Com o processo de globalização, esses conhecimentos passaram a ser
compartilhados por pessoas jovens de uma única época. Isso direcionou à criação
do estudo mais aprofundado das gerações. Na atualidade, segundo Oliveira
(2010), existem seis gerações que possuem o convívio em comum. Estas gerações
são a Belle Époque, que são as pessoas nascidas entre os anos 1920 e 1940; a
Baby Boomers, que são os nascidos no período de 1940 a 1960; a geração X,
oriunda de 1960 a 1980; a geração Y, dos anos de 1980 a 1999; a geração Z dos
nascidos no período de 1999 a 2010, e mais recente a geração Alfa, das pessoas
nascidas do ano de 2011 até os dias atuais. As bruscas diferenças encontradas na
mentalidade existente entre as gerações podem gerar constante conflitos entre
as gerações, se não forem em busca de um conhecimento similar e passarem a ter
maior compreensão com relação aos demais.
Essas gerações podem ser classificadas em dois distintos conjuntos: as
três primeiras gerações passam a compor o conjunto dos imigrantes digitais, e
as últimas três formas são as que emergiram inseridas ao que conhecemos como
sendo a revolução digital, também podendo utilizar a nomenclatura de nativos
digitais. Tapscoot (2010) lembra que se torna necessário realizar a colocação
de que para classificar o indivíduo como sendo nativo não direciona ao mesmo
uma ampla rede de conhecimento a qual o mesmo já nasceu com a compreensão de
como é e para que se pode utilizar da melhor forma os equipamentos digitais. O
respectivo termo procura colocar o período, contexto e aspectos existentes
nesses grupos. Independente da geração a qual a pessoa se inclua, todas, sem
exceção, sempre necessitarão de serem capacitadas para poderem enfrentar a era
digital.