terça-feira, 12 de dezembro de 2023

CATEQUESE DIGITAL

 Por conta do período pandêmico em território brasileiro, especificamente, a catequese digital surgiu com intuito de sintetizar a proposta da transmissão do conhecimento ao catequista em momento de reclusão por conta da pandemia de COVID-19. Como a Igreja necessita estar em um contínuo processo de transmissão de conteúdo relacionado a crença religiosa, ela se lançou no mundo digital, em um caminho sem volta com intuito de adentrar nas residências permeada pela tecnologia digital. Essa reflexão será aprofundada nesse trabalho, expondo os assuntos principais para a realização com sucesso da Catequese Digital. O mundo está em constante processo de transformação para a era digital. Diante dessa evolução, surge o problema a ser superado: Como inserir a catequese no meio digital para que obtenha êxito? A Catequese necessita estar acompanhando as mudanças que a cultura digital inseriu na vida das pessoas, principalmente no período de pandemia. O meio digital, com toda sua funcionalidade, não apenas está incluso nas culturas existentes, que está construindo uma nova cultura, onde procura modificar a priori, a linguagem, procurando moldar a mentalidade e transformando as hierarquias existentes nos valores. A Catequese necessita acompanhar as alterações impostas por essa impressionante “revolução” tecnológica imposta pela pandemia. Este trabalho tem como objetivo propor alterações que proporcionem maiores possibilidades de reformulação para a transmissão do conhecimento da Catequese, mantendo, por meios digitais, a mesma qualidade e eficiência de ensino-aprendizagem. Estarei compartilhando o meu Trabalho de Conclusão de Curso - Bacharel em Teologia Católica.

terça-feira, 25 de julho de 2023

A parábola familiar do Bom Samaritano

Conta-se que uma família ia descendo de Jerusalém a Jericó, caminhando pelas estradas da história. De repente, uma quadrilha de inimigos, chamada de “tempos modernos”, a atacou no caminho e foi roubando todos os seus bens, a saber: a fé, a unidade, a fecundidade, a indissolubilidade, o diálogo familiar e, por último, a santidade. Em seguida, fugiram travestidos com novas roupas de modernidade. Aconteceu que, pela estrada da história, passou um psicólogo, representante de uma das escolas psicológicas, viu a família caída no chão e sentenciou? ‘Não disse? A família não quer aceitar a teoria da liberdade sexual total e é uma grande desmancha-prazer dos filhos e castradora dos seus desejos de felicidade. Então só poderia acabar assim, rejeitada. E seguiu adiante.

Em seguida, passou um sociólogo, que também representava certas teorias modernas, viu a família prostrada e também a acusou: ‘Faz tempo que, atrás de minhas pesquisas, eu achava que a família fosse uma instituição falida e que deveria acabar. Precisamos viver a era do amar livre’. Dito isto, passou adiante. Veio depois a Catequese, a Boa Samaritana, viu a família machucada, perdendo muito sangue e recordando as atitudes de Jesus, teve pena e compaixão, inclinou-se sobre ela, tomou-a em seus braços e levou-a para seu a hospedaria que se chama Comunidade Cristã, a fim de que fosse tratada e recuperada.

(Extraída da Revista de Catequese, p. 48, n. 121, Janeiro/2008, com adaptações).

 

O que essa parábola tem a nos ensinar? Quais os ensinamentos para a catequese?

Luzes e esperanças para a família do século XXI

 Nem tudo são só espinhos e sombras. Temos presente em nossa realidade familiar luzes que

nos dão muitas esperanças:

→Cresceu a consciência da liberdade pessoal e maior atenção à qualidade das relações

interpessoais no matrimônio.

→ A promoção da dignidade da mulher.

→ Maior atenção na educação dos filhos no exercício da paternidade e maternidade

responsável.

→ Maior união da família nas relações de ajuda, nos momentos de necessidade.

→ Descoberta da importância da família e sua missão na Igreja e na sociedade.

 

Tanto a família quanto a catequese tem uma missão em comum: educar para o Amor,

transmitindo valores humanos e cristãos. Diante das ameaças do mundo capitalista, é preciso não perder a esperança e abrir-se ao diálogo, revendo nossos métodos para educar os filhos no lar.

 

 A família deve formar os filhos para a vida, de modo que cada um realize plenamente o seu dever segundo a vocação recebida de Deus. De fato, a família que está aberta aos valores do transcendente, que serve os irmãos na alegria, que realiza com generosa fidelidade os seus deveres e tem consciência da sua participação cotidiana no mistério da Cruz gloriosa de Cristo, torna-se o primeiro e o melhor seminário da vocação à vida consagrada ao Reino de Deus.

 

O Documento da Conferência de Santo Domingo (cf. n. 214) apresenta a identidade e a

missão da família através de quatro aspectos:

a) A missão da família é viver, crescer e aperfeiçoar-se como comunidade de pessoas

chamadas a testemunhar a unidade por toda a vida (valor unitivo).

b) Ser santuário da vida, serva da vida, conservando o direito à vida como a base de todos os direitos humanos (valor procriativo). Nela deve-se transmitir e educar para os valores autenticamente humanos e cristãos.

c) Ser ‘célula primeira e vital da sociedade’. Por natureza e vocação, a família deve ser

promotora do desenvolvimento, protagonista de uma nova cultura que valorize a família.

d) Ser ‘Igreja doméstica’ que acolhe, vive, celebra e anuncia a Palavra de Deus. Lugar

privilegiado para a “fazer catequese”, aprofundando e dando razões para a fé, na vivência do discipulado de Jesus.

 

A família encontra hoje não poucos obstáculos, sobretudo neste “momento histórico em que ela é vítima de muitas forças que buscam destruí-la ou deformá-la” (Santo Domingo, n. 210). Deste modo, a catequese precisa conhecer algumas pistas de ação para ajudar a família a encontrar a sua missão:

a) Conhecer as diversas situações e a realidade de cada catequizando.

b) Conscientizar as famílias para participação mais ativa na Igreja, como incentivo e

testemunho para os seus filhos que estão caminhando na catequese.

c) Por meio de ações conjuntas com a Pastoral Familiar, oferecer esclarecimentos e

possibilidades de regularização às famílias em situações irregulares (especialmente aos

amasiados que não têm impedimentos para casar na Igreja).

d) Não discriminar as famílias e crianças e não abandoná-las por motivo algum. Acolher a todos, sem distinção, independentemente de suas opções.

e) Oferecer às famílias em dificuldades apoio e orientação, no diálogo.

f) Aos casais separados, prestar apoio e acolhida, com especial atenção aos seus filhos.

g) Distinguir entre o mal e a pessoa. No dizer do papa Paulo VI: “Jesus foi intransigente para com o mal, porém misericordioso para com as pessoas”.

h) Distinguir com perspicácia as famílias que procuram a Igreja não muito bem intencionada, querendo dar um jeitinho para receber os sacramentos sem a devida preparação.

i) As situações delicadas que aparecem na catequese, levar ao conhecimento do padre para descobrirem juntos as possíveis soluções. Depois de averiguar os casos, dar os

encaminhamentos necessários, baseando sempre na verdade e na caridade.

 

A família continua sendo muito importante para os planos de Deus. Ela é uma instituição divina, sonhada por Deus e fruto da sua benigna vontade. Ela não pode ficar desacreditada. Ela é dom de Deus, por isso merece todo o nosso empenho e todo o nosso amor. Se a catequese não zela pela família, como vai cuidar pastoralmente dos seus catequizandos? E se as famílias não se interessam pela catequese, que futuro poderão dar a seus filhos no caminho da justiça e da fé?

A catequese pergunta: E a família como vai?

 “À medida que a família cristã acolhe o Evangelho e amadurece na fé,

torna-se comunidade evangelizadora.” (João Paulo II)

 

Chamada a ser o Santuário da Vida e o lugar privilegiado para experimentar o amor, a

família hoje vive as ameaças da sociedade influenciada pelo consumismo, relativismo, ateísmo, individualismo, utilitarismo, subjetivismo e hedonismo (culto ao prazer).

 

O mundo hoje é plural, mas também fragmentado. As ciências e as tecnologias se

desenvolveram tanto que acabam passando por cima dos princípios da ética e da religião. E quem acaba sofrendo os impactos da sociedade pós-moderna é a família, por vezes mergulhada num horizonte cheio de dramas. As pressões do mundo globalizado são tantas que às vezes a família fica num beco sem saída.

 

Quais as dificuldades que passam as nossas famílias? O que influencia as famílias hoje?

Olhando para a realidade atual, verificamos diversas realidades. Entre elas, vale mencionar:

Falta de uma espiritualidade conjugal mais profunda de diálogo e de comunhão.

Ausência dos pais na educação de seus filhos.

Meios de comunicação assumindo a rédea da educação dos filhos.

Influência da “ditadura do relativismo” gerando uma ética da situação.

O culto ao corpo e a busca do prazer pelo prazer, banalizando a sacralidade do ato

conjugal.

Valores familiares como o amor, fidelidade e respeito sendo relativizados.

Aumento de relacionamentos instáveis. Nas primeiras dificuldades, casais optam por

trocar os parceiros.

Número crescente de divórcios.

Direito à liberdade colocado acima do direito inviolável à vida, incentivando assim a

prática do aborto.

Instauração de uma mentalidade contraceptiva.

terça-feira, 20 de junho de 2023

A missão do catequista

 

A MISSÃO DO CATEQUISTA

 

► A catequese de nosso tempo vive momentos difíceis. Percebe-se que, em grande parte, o esforço não atinge o seu objetivo. As razões são muitas e difíceis de decifrar. Se de uma parte, percebemos que muitos catequistas continuam com uma catequese tradicional, de outra percebe-se uma grande quantidade deles com pouca experiência e pouca formação para dirigir um grupo de catequizandos.

► A missão do catequista percorre um árduo caminho, que é o do despertar o catequizando para que, consciente do seu trabalho no mundo e no contato com a criação, seja mais um cristão chamado a consagrar e santificar este mundo a partir de onde está.

► A missão do catequista depende da missão de toda a Igreja no mundo de hoje. Como catequistas, para qual modelo de Igreja queremos formar os adolescentes e jovens? Qual a catequese adequada para responder os desafios de uma sociedade em crise, para reativar uma vivência comunitária autentica?

► Muitos catequistas=catequese tradicional onde a CR ainda não chegou. A missão do catequista deve ser sempre renovada. O núcleo central da missão do catequista passa a ser a situação concreta, histórica, e o reconhecimento da presença de Deus nos acontecimentos do dia a dia.

  Muitas vezes, perguntamos-nos em nossa catequese; por que os pais não participam? E logo nos vem à mente o saudosismo do passado, quando todos eram cristãos, a maioria ia a missa. O grande problema é que, diante disso, muitas vezes não reagimos, ou o máximo que fazemos é dar explicações, quem sabe para justificar nossa inabilidade. De outra parte, não conseguimos admitir que a catequese do passado é, em grande parte, a responsável por estes tímidos resultados que hoje vemos, pois os pais de hoje eram os catequizandos de ontem. As grandes massas de fiéis que no passado se diziam católicos, na verdade ou seguiam os pais e os avós ou achavam que se não o fossem, a sociedade os excluiria, e assim por diante.

  O catequista deve ter sempre presente que a opção de fé é feita pessoalmente, ninguém pode fazer em lugar de outro; portanto, é uma opção livre. E é aí que reside a beleza da proposta de Jesus: sou livre para decidir se aceito ou não a sua proposta.Por isso, o catequista deve, cada vez mais, preocupar-se com o conteúdo da mensagem e a forma de transmiti-la, para que não seja algo particular, mas sim verdadeiro, com origem na Palavra de Deus. Fazer catequese não é “fazer de conta”; não se trata de embelezar números e estatísticas nem fazer festa, mas sim de adesão, opção, compromisso com Jesus e seu Reino.

  Ler João 15, 1-11. Jesus é a videira, e seus ramos são os que o seguem, os que partilham entre si o que dele recebem. Comunidade é comunhão. Individualmente, cada um continua sendo um ramo, mas todos, para ter vida, devem estar ligados ao tronco, que é Jesus. Todos constituem a árvore, mas ninguém é dono dela. Não é possível ser cristão e viver de forma individualista. Só se vive o amor no relacionamento com os outros. O compromisso do catequista é fazer com que cada membro tenha consciência de ser ramo, ser parte de uma árvore cujo tronco emana a vida. Só assim produziram muito fruto.A missão do catequista na tarefa de construção da comunidade se faz com amor, paciência, coragem, despojamento, caridade, etc. Nesse processo, muitos ramos devem ser podados, mas isso é tarefa do “dono da vinha”. Com relação aos que “secam”, nosso dever é lutar, o quanto possível, para fazê-los tornar à vida, unindo-se a árvore e beneficiando-se de sua seiva.

► Em sua missão, o catequista deve ter presente que a formação da fé é um processo longo, que não se constrói de imediato, mas que se faz lentamente, com flexibilidade e com diálogo franco. O catequista deve considerar os “6 C”; compromisso, cooperação, concentração, crescimento, criatividade e carinho.

► O fazer catequético precisa ressoar como algo interessante, que dá esperança no caminhar e transforma a vida da pessoa, mesmo que tenha de enfrentar o sofrimento e a morte.

► O amor vem em primeiro lugar. O catequista não pede amor, deve oferecê-lo, para motivar seus catequizandos a viverem assim.Dom Bosco dizia assim em  relação a seu amor pelos jovens: “Eu por vocês estudo, por vocês trabalho, por vocês vivo, por vocês estou disposto, também a dar a vida”.

► A missão do catequista, que constrói a base para uma educação permanente da fé, deve levar em conta a integralidade da pessoa, que inclua, segundo Puebla, uma “formação para a vida política e a doutrina social da Igreja”.

► Ser catequista é uma conquista, exige de nós doação do melhor, por isso, ser catequista é lindo, mas exigente.  

sexta-feira, 12 de maio de 2023

Catequese permanente

Uma das mudanças mais curiosas que a catequese vem sofrendo hoje é que ela deixa de ser preparação para os sacramentos e torna-se caminhada de discipulado: uma catequese permanente. A pessoa entra na catequese não mais para fazer primeira comunhão ou crismar, mas para conhecer Jesus e se tornar seu amigo, seu discípulo. A primeira comunhão e a crisma, sacramentos da vida cristã, tornam-se marco importante nesta jornada de seguimento, mas deixam de ser um fim em si mesmo. São consequência da vida em Cristo, sinais da nossa amizade e comunhão com ele.

 

Muita gente pode se perguntar o porquê dessa mudança. Será que a Igreja vinha fazendo catequese de forma errada e agora resolveu consertar? Certamente que não se trata disso. Não é uma questão de catequese certa ou errada, mas de modo mais ou menos apropriado de catequizar, que muda de acordo com o tempo. Quando éramos crianças, éramos batizados pequenininhos, logo nos primeiros meses de vida. Todo mundo sabia que devia batizar seus filhos na fé da Igreja Católica. E depois, devia levar os filhos para a primeira comunhão, para a crisma, para o matrimônio religioso etc. Era tão evidente tudo isso, que ninguém imaginava crescer e pensar de outro modo, com outras práticas religiosas, ou sem elas até. O mundo respirava um ar cristão – de bases católicas – no qual estávamos mergulhados e dos quais ficávamos impregnados desde criança. Então, bastava batizar e cuidar para que a criança recebesse os sacramentos na idade apropriada, com pequenas pausas para catequeses curtas e bem definidas que precediam esses sacramentos. O trabalho de evangelização ficava a cargo da família, da sociedade cristã, do mundo cristão em geral. A Igreja se preocupava de burilar a fé, de corrigir alguns equívocos, de dar informações importantes sobre os sacramentos, de esclarecer doutrinas. Não fazia parte de sua lista de tarefas despertar a fé ou comunicar a experiência cristã de Deus, propondo encontros com o Deus vivo. Este encontro era dado por pressuposto.

 

Mas tudo mudou... Vivemos num mundo plural: pluralismo cultural, religioso, ético até. As crianças não recebem mais em suas casas as bases da fé cristã; nossos jovens não fizeram a experiência cristã de Deus no seio das famílias; nossos adultos não conhecem mais Jesus Cristo, não sabem mais quem ele é, a não ser por meio de um imaginário fantasioso e mítico que restou. E quando sabem, sabem-no de modo deformado. E isso não é mal, nem bom. É só a vida que achou outro modo de ser, de se organizar. Então, na atual conjuntura, na qual a fé cristã não é mais obrigação, nem tradição, nem necessidade, tornou-se urgente propor a fé, evangelizar, anunciar Jesus Cristo. Em meio a tantas opções que o mundo nos oferece, a fé cristã é uma delas: palpável, viável, encantadora, maravilhosa e, para nós que conhecemos o amor de Deus, a razão de nossas vidas, a marca mais fundamental de nosso modo de viver, nossa pérola mais preciosa.

 

A catequese permanente se encarrega desta tarefa: propor a fé cristã como algo precioso e desejável. As crianças, jovens e adultos vão ter tempo e ocasião de conhecer Jesus e seu amor libertador, vão fazer a experiência da vida cristã na comunhão fraterna com outros irmãos de fé. E, livremente, poderão aderir a ele, engrossando a fila dos seus seguidores, ou poderão escolher não continuar no discipulado por não estarem convencidos de que vale a pena segui-lo. Isso também faz parte, é normal. Hoje em dia, a fé cristã não se impõe mais por força de argumentação, nem por vias de poder, nem por falta de opção, nem por tradição e costumes. A fé cristã deve se impor por sua beleza, por sua plausabilidade, pela força de sua proposta, pelo bem que ela nos faz. A fé cristã se impõe porque o evangelho de Jesus Cristo é força para viver, que gera um bem-estar inigualável. Para descobrir essa beleza da vida cristã, é preciso tempo. A pressa é inimiga da fé cristã como proposta e amiga da imposição religiosa. Na catequese permanente, o catequizando tem tempo para conhecer Jesus e seu evangelho, tem lugar junto à comunidade cristã para fazer sua experiência do amor de Deus, tem direito de discernir seus caminhos e de escolher livremente seu itinerário de fé. E como a vida não para de apresentar novos obstáculos, o cristão não cessa de crescer na fé para sempre responder prontamente a esses desafios. A catequese permanente propõe um mergulho na fé cristã em vez de mero curso de preparação para os sacramentos. Para tempos com desafios permanentes, propomos uma experiência sempre permanente e crescente do amor de Deus, porque Deus não cessa de nos amar e de demonstrar esse amor.

 

Ah! E os sacramentos? Para quem entrou na dinâmica do discipulado, do seguimento de Jesus, os sacramentos serão uma festa: uma ocasião de estreitar os laços com Jesus e de reforçar a experiência do amor de Deus que ele nos revela. Para quem não entrou nesta caminhada, eles não fazem sentido!

 

Solange Maria do Carmo

Teóloga, Professora de Sagrada Escritura e Catequética na PUC-Minas

 

quinta-feira, 11 de maio de 2023

Catequista, semeador do Reino

 

            A contemporaneidade trouxe muitos benefícios à vida das pessoas, e junto vieram vários desafios. A catequese movida por este avanço também teve muito ganho, mas obstáculos também apareceram. Ao olharmos para trás, notaremos que a catequese evoluiu, já não se transmite a mensagem como antigamente, passamos da era da doutrinação à era do aprender/fazer, ou seja, uma catequese que constrói e vive um itinerário baseado nos passos do Mestre Jesus, tentando apreender todos os sonhos e ideais do Homem de Nazaré, fazendo acontecer e vivendo o Reino de Deus.

            Hoje, mais do que nunca, o catequista é o sujeito dessa mudança, não como um transmissor de doutrinas e conteúdo, mas como um orientador da caminhada, um irmão que caminha junto. Para acontecer essa Catequese de qualidade, precisamos de catequistas com qualidade. O Diretório Nacional de Catequese destaca o perfil do catequista: pessoa que ama viver e se sente realizado (como amar se não me amo?); ter maturidade humana e equilíbrio; pessoa de espiritualidade; pessoa de integração ao seu tempo e sua comunidade; conhecimento da realidade e busca constante de formação.        Além dessas qualidades, o catequista deve promover a cultura do encontro (pedido do Papa Francisco), sair de si e escutar os outros, precisamos escutar mais os nossos catequizandos do que falar. Somos catequistas para ouvir mais do que falar, escutar as conquistas, alegrias, as decepções e sofrimentos de nossos catequizandos, pois assim teremos condições de dar qualidade à nossa catequese.

Não podemos ir para a catequese sem se preparar, as novas tecnologias estão aí e precisamos usá-las para evangelizar. O exemplo mais forte sobre a tecnologia ouvi de uma catequista, preparou um encontro sobre a terra de Jesus, levou cópias xerográficas do mapa de onde Jesus viveu. Um menino jogou o mapa no lixo, a catequista o interpelou o porquê daquele gesto, ele tirou o celular e em poucos segundos acessou um mapa colorido e animado, e disse: “assim é mais bonito”.

Há que se preparar melhor para entendermos o que nos cerca. Vivemos desafios: famílias desestruturadas, transformações sociais, intolerância, nova cultura, inversão de valores, falta de compromisso e outros. O grande desafio da catequese é transmitir a fé de forma significativa; que não seja um simples decorar normas ou repetir esquemas, mas seja um acolher a Palavra de Deus e vivê-la de forma significativa para dar sentido à sua vida (um dos motes das Santas Missões Populares). A formação tem papel primordial para que nossa missão seja mais eficiente, não é possível admitir que haja catequistas que não participam do grupo de catequistas de suas paróquias, é triste. O catequista não sabe tudo e não está formado, a formação é permanente, ou seja, para toda a vida. O grupo de catequistas é o “melhor audiovisual da catequese” (Frei Bernardo Cansi), onde o catequista faz experiência de amor, aprendizado e de comunidade. O catequista que diz que não vai ao encontro de formação sobre Cristologia, porque já sabe tudo sobre Jesus, já prova que não sabe nada. Essa desculpa que sabe tudo mostra o nível de comprometimento com a catequese e com a comunidade.

Que nossas comunidades estejam repletas de catequistas que topem o desafio de ser sal e luz, iluminados e iluminadores, semeadores do Reino de Deus.

Catequista, “Não pare de plantar suas sementes, porque você não sabe qual delas vai crescer, talvez todas cresçam” (Ecl 11,6).

                                    Paz inquieta!

            Luiz Sergio Palhão

            Catequista e coordenador de catequese

            Paróquia N. Sra. Do Carmo – Paraguaçu-MG

 

sexta-feira, 18 de novembro de 2022

Viva o hoje


 

 

Paz Inquieta!

            Quando se aproximam a Palavra de Deus e a vida, se aproximam a fé e a vida. O catequista tem que ter consciência disso e fazer que seus catequizandos tenham cada vez mais a possibilidades de tocar a Bíblia e dela saciar da água que brota do seu interior.

 A Bíblia deve ser o livro de cabeceira do catequista, pois nela ele encontra caminhos para a sua prática catequética, não se esquecendo do cotidiano, onde ela deve se manifestar. O saudoso Frei Bernardo Cansi dizia que o catequista deve ter em uma das mãos um jornal e na outra a Palavra de Deus.

            Há que se cuidar da leitura da Bíblia, muito já se caminhou nesse sentido, mas ainda acontecem casos de fundamentalismos que não devem ser mais aceitos na nossa Igreja. Aquele que faz uma leitura fundamentalista acaba destruindo a beleza e a vivacidade da Palavra. Dizer que se necessita também de muito estudo para ler as Sagradas Escrituras é ignorar a sabedoria popular e a interpretação coletiva. Lembro-me de Padre José Luiz Gonzaga do Prado, nosso estimado amigo, nos contando sobre Dona Sebastiana, mesmo sendo analfabeta explicando as escrituras, ela pedia para um alfabetizado ler e ela com sua sabedoria iluminava a comunidade. Como dizia Padre Zé Luiz: “Basta saber bem do que se está falando e ter “malícia” para perceber o que está por trás das palavras, as insinuações, as alusões. O linguajar do povo está cheio disso. Sem sentido duplo não há humor. É preciso uma boa dose de humor para se entender a Bíblia”.

             Devemos lembrar sempre que Bíblia não trás uma resposta pronta, mas aconselha, guia os seus passos. Santo Agostinho disse que a vida é a primeira Palavra de Deus.

      Algumas dicas para o uso da Bíblia na catequese:

1- Ter clara a mensagem que queremos transmitir, a atitude evangélica que queremos despertar.

2- Levar em conta o perfil do catequizando: se é criança, jovem ou adulto, qual sua situação de vida, sua cultura e suas experiências.

3- Técnicas que melhorem a assimilação da mensagem.

4- Vivência concreta.

 

“Tua Palavra é luz no meu caminho”.

 

Luiz Sergio Palhão

Equipe de coordenação catequese setor Alfenas

 

 Salmo do Catequista

 

Senhor, eis-me aqui diante de Ti para te servir.

Tu me chamaste e, apesar da minha relutância em atender, inflamaste meu coração com o fogo do teu Amor. Tu me ungiste como aos profetas e imprimiste em mim o selo que identifica aqueles a quem escolheste.

Sei que não sou pessoa melhor do que outras, mas confio em Ti e me entrego para que faças em mim a obra de tuas mãos. Para que dessa forma eu possa dar testemunho de Ti e da tua presença entre nós.

Senhor, põe em meu coração a compaixão e a misericórdia, para que me aproxime dos meus irmãos com a alma aberta e livre de preconceitos de toda espécie.

Põe na minha mente sabedoria e entendimento para que eu possa perceber tua presença mesmo nos lugares e nos fatos mais improváveis.

Põe na minha boca palavras de paz e de esperança para que eu possa anunciar tua Boa Nova tocando o coração daqueles que me confiares.

Sou pessoa pequenina, Senhor, diante da grandeza do teu chamado.

Grande é o caminho da Catequese, dá-me forças para não desanimar na caminhada.

Grande é o desafio de educar meus irmãos e irmãs na fé, dá-me a coragem para superar todos os obstáculos.

Grande é a missão que a Igreja me confia, dá-me o discernimento necessário para que eu saiba que és Tu que realizas todas as obras e que sou apenas um instrumento em tuas mãos.

Abençoa-me, Senhor; abençoa meu ministério; e abençoa todos aqueles que me forem confiados, para que brote no meio de nós as sementes do teu Reino e floresça a justiça e a paz. Amém.