quinta-feira, 28 de março de 2013

Do cebi

Prova de amor maior não há que doar a vida pelo irmão (Jo 13,1-15) - Mesters, Lopes e Orofino

Terça-feira, 26 de março de 2013 - 22h14min
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         Texto extraído do livro RIO-X DA VIDA – Círculos Bíblicos do Evangelho de João. Coleção A Palavra na Vida 147/148. Autoria de Carlos Mesters, Mercedes Lopes e Francisco Orofino. CEBI Publicações. Saiba mais com vendas@cebi.org.br

OLHAR O ESPELHO DA VIDA

Vamos refletir sobre o texto que descreve o último encontro de Jesus com seus amigos. Vamos fechar os olhos e imaginar que estamos na sala com Jesus, ao lado de Pedro. Durante a leitura, vamos prestar atenção no gesto de Jesus e na reação de Pedro.

SITUANDO

O Evangelho de João tem uma dinâmica que envolve os leitores e as leitoras. No primeiro livro, o Livro dos Sinais (1,19 a 11,54), vemos a revelação progressiva que Jesus fazia de si e do Pai. Pouco a pouco, a gente ficou sabendo quem é Jesus e qual a missão que recebeu do Pai. Paralelamente a esta revelação, apareciam a aceitação por parte do povo e a resistência por parte das autoridades religiosas. No fim, o balanço foi o seguinte. O grupo fiel dos discípulos e das discípulas, mesmo sem entender tudo, aceitou Jesus, acreditou nele e se comprometeu com ele.

O segundo livro, o Livro da Glorificação, tem outra dinâmica. Na primeira parte (Jo 13 a 17), Jesus se reúne com o grupo fiel na última ceia. Na segunda parte (Jo 18 e 19), o outro grupo toma as providências para executar o plano de matar Jesus. Na terceira parte (Jo 20 e 21), Jesus ressuscitado reencontra a comunidade e a envia em missão, a mesma que ele recebeu do Pai.

COMENTANDO

João 13,1 – A passagem, a páscoa de Jesus
Finalmente, chegou a Hora de Jesus fazer a passagem definitiva deste mundo para o Pai. Esta passagem através da morte e ressurreição é motivada pelo amor aos amigos: “Tendo amado os seus, amou-os até o fim!” É o êxodo, a páscoa de Jesus, que vai abrir a passagem para todos nós, de volta para o Pai.

João 13,2-5 – O lava-pés: dois contrastes
Chama a atenção a maneira contrastante como João apresenta a cena do lava-pés. Ele diz que Jesus e os discípulos se encontraram à mesa numa refeição. Para os judeus, a comunhão de mesa era um momento de muita intimidade, onde só participavam os maiores amigos. Mas aqui, Judas, que já tinha decidido entregá-lo, está presente e participa. O amor de Jesus é maior. Ele aceita Judas na mesa. Este é o primeiro contraste. Há outro, Jesus veio do Pai e volta para o Pai. Mesmo sendo de condição divina, ele assume a atitude de empregado e de escravo. Coloca um avental e começa a lavar os pés dos discípulos. Começa a realizar a profecia do Servo de Deus (Is 42,1-9). É a imagem de Deus servidor que contrasta com a imagem do Deus todo-poderoso.

João 13,6-11 – Reação de Pedro
Pedro reage. Não quer aceitar que Jesus lhe lave os pés. Jesus diz que, se Pedro não aceitar que lhe lave os pés, não vai poder ter parte com ele. O que significa isto? É que Pedro tinha dificuldade em aceitar Jesus como Messias Servo que sofre. Pedro queria um Messias  Rei que fosse forte e dominador. Nos outros evangelhos, Pedro recebe a crítica de Jesus: “Vai embora, Satanás” (Mc 8,33). Ele tem que mudar de ideia e aceitar Jesus do jeito que Jesus é, e não um Jesus de acordo com o seu próprio gosto.

João 13, 12-15: Bem aventurança da prática
Depois de lavar os pés dos discípulos, Jesus tira o avental, recoloca o manto, senta novamente na cabeceira da mesa e começa a comentar o gesto. Ele pergunta: “Vocês entenderam o que eu fiz?” Parece que não tinham entendido, começando por Pedro. E continua: “Se eu, sendo mestre e senhor, levei os pés de vocês, vocês também devem lavar os pés uns dos outros”. Em outras palavras, quem quer ser o maior deve ser o menor e o servidor de todos. Aqui, nesta prática humilde do servo está a raiz da verdadeira felicidade: “Se vocês compreenderem isto e o praticarem serão felizes!” Diz a  Primeira Carta de João: “Filhinhos, não amemos com palavras nem com a língua, mas com ações e em verdade” (1Jo 3,18).

ALARGANDO

A última ceia e o lava-pés no Evangelho de João

Mateus, Marcos e Lucas descrevem como Jesus instituiu a Eucaristia durante a última ceia. João descreve a instituição a Eucaristia. Será que esqueceu ou achou que não era importante? É que João tem a sua maneira de descrever a Ceia Eucarística. Ela está no capítulo 6, onde fala da multiplicação dos pães para o povo (Jo 6,5-15). Está no longo discurso sobre o Pão da Vida (Jo 6,22-71). Está aqui no capítulo 13, onde insiste no serviço amoroso, simbolizado no lava-pés (Jo 13,1-17). Está no capítulo 19, onde descreve a morte de Jesus como cordeiro pascal (Jo 19,31-37).

A ceia narrada no Evangelho de João é bem diferente daquela narrada nos outros evangelhos. Aqui no Quarto Evangelho não se fala em comer o corpo e beber o sangue de Jesus num memorial até que ele venha (1Cor 11,23-26). No Evangelho de João, o pão e o vinho são substituídos pelo gesto de lavar os pés de seus discípulos e discípulas. Gesto de amor e de entrega que precede e conduz à sua glorificação. “Tendo amado os seus, Jesus amou-os até o fim” (Jo 13,1). Este mandamento de serviço e de amor é que purifica qualquer pessoa que queira seguir Jesus (Jo 15,3).

O gesto de lavar os pés não é feito antes da ceia, mas durante a ceia. Jesus não quer fazer um mero gesto de purificação ou de higiene. Durante a ceia ele se levanta, tira o manto, que é um gesto de entrega e de serviço, e ele mesmo derrama a água na bacia para lavar os pés de seus discípulos. Quando chega diante de Pedro, este toma o gesto de Jesus como se fosse de fato um gesto ritual de purificação e não aceita que Jesus lhe lave os pés. Jesus corrige a interpretação de Pedro e dá o sentido verdadeiro. O gesto do lava-pés significa que a verdadeira purificação acontece na entrega e no serviço. Significa também que Jesus é o Messias-Servo, anunciado por Isaías. Por isso, se Pedro não aceitar tal gesto, não poderá estar em comunhão com Jesus. Para Jesus, os que aceitam sua mensagem, suas palavras e seus gestos, estão puros e prontos para o Reino. O que purifica a pessoa não é a observância da Lei, mas sim a prática das palavras de Jesus. Quem for capaz de amar como Jesus amou, receberá o Espírito que é serviço gratuito aos irmãos e irmãs. Este exemplo ele nos deixou. Mas na ceia nem todos estavam puros. O adversário se fazia presente em Judas. Mesmo assim, Jesus lava os pés de Judas antes que ele saia para cumprir sua missão. O amor vence o ódio. 
  
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segunda-feira, 25 de março de 2013


Um apoio para a reflexão:
“A fonte na qual a catequese busca a sua mensagem é a Palavra de Deus. (DNC 106)
“O perfil do catequista é um ideal a ser conquistado, olhando para Jesus, modelo de Mestre, de
servidor e de catequista. Sendo fiel a esse modelo, é importante desenvolver as diversas
dimensões: ser, saber, saber fazer em comunidade” (DNC 261).
“Não se começa a ser cristão por uma decisão ética ou uma grande idéia, mas pelo encontro com
um acontecimento, com uma Pessoa, que dá um novo horizonte à vida, e, com isso, uma
orientação decisiva” (DA 12).
Discipulado não é ponto de chegada, mas processo: “ser discípulo é dom destinado a crescer” (DA
291).
“A catequese não pode se limitar a uma formação meramente doutrinal, mas precisa ser uma
verdadeira escola de formação integral. Portanto, é necessário cultivar a amizade com Cristo na
oração, o apreço pela celebração litúrgica, a experiência comunitária, o compromisso apostólico
mediante um permanente serviço aos demais” (DA 299).
“A admiração pela pessoa de Jesus, seu chamado e seu olhar de amor despertam uma resposta
consciente e livre desde o mais íntimo do coração do discípulo, uma adesão de toda sua pessoa ao
saber que Cristo o chama por seu nome (cf. Jo 10,3). É um “sim” que compromete radicalmente a
liberdade do discípulo a se entregar a Jesus, Caminho, Verdade e Vida (cf. Jo 14,6)” (DA 136).
“Quando cresce no cristão a consciência de se pertencer a Cristo, em razão da gratuidade e alegria
que produz, cresce também o ímpeto de comunicar a todos o dom desse encontro. A missão não
se limita a um programa ou projeto, mas em compartilhar a experiência do acontecimento do
encontro com Cristo, testemunhá-lo e anunciá-lo de pessoa a pessoa, de comunidade a comunidade
e da Igreja a todos os confins do mundo (cf. At 1,8)” (DA 145).
“A espiritualidade dá um sentido à missão, mas ela precisa ser alimentada pela leitura orante da
Bíblia, pela oração pessoal e comunitária e pela vida sacramental. A espiritualidade ajuda a
valorizar a dignidade da pessoa humana, a formar a comunidade e a construir uma sociedade
fraterna e justa” (Texto Base do Ano Catequético, n. 90).

quarta-feira, 20 de março de 2013


Comunidade, ensaio do Reino (Carlos Mesters)
Toda nova experiência de Deus, quando verdadeira, traz mudanças profundas na
convivência humana. Eis algumas das mudanças que apareceram na comunidade de pessoas que se
formou ao redor de Jesus.
1. Todos irmãos. A base da comunidade não é o saber, nem o poder, mas a igualdade de
todos como irmãos. É a fraternidade.
2. Igualdade homem e mulher. Jesus muda o relacionamento homem mulher, pois tira o
privilégio do homem em relação à mulher.
3. Partilha dos bens. Ninguém tinha nada de próprio(Mc 10,28). Jesus não tinha onde
reclinar a cabeça (Mt 8,20). Mas havia uma caixa comum que era partilhada também
com os pobres (10 13,29).
4. Amigos e não empregados. A partilha deve atingir a alma e o coração (At 1,14;4,32).
Eles rezam juntos, sofrem juntos. A comunhão deve chegar ao ponto de não haver mais
segredo entre eles (10 15,15).
5. Poder é serviço. (Lc 22,25-26; Mc 10,44; Jo 13,15; Mt 20,28).
6. Poder de perdoar e reconciliar. O perdão de Deus passa pela comunidade que deve ser
lugar de perdão e de reconciliação, e não de condenação mútua (Jo 20,23; Mt 18,18).
7. Oração em comum. Eles iam juntos em romaria ao Templo (10 2,13;7,14;10,22-23),
rezavam antes das refeições (Mc 6,41; Lc 24,30), freqüentavam as sinagogas (Lc 4,16).
E, com grupos menores, Jesus se retirava para rezar (Lc 9,29; Mt 26,36-37).
8. Alegria. Jesus diz aos discípulos: “Felizes são vocês, porque seus nomes estão escritos
no céu” (Lc 10,20), seus olhos vêem a realização da promessa (Lc 10,23-24), o Reino é
de vocês! (Lc 6,20). É a alegria que convive com dor e perseguição (Mt 5,11). Ninguém
consegue roubá-la (Jo 16,20-22).
Estas são algumas das características da comunidade que nasce ao redor de Jesus. Ela é o
modelo para a comunidade dos primeiros cristãos, descrita nos Atos dos Apóstolos (At 2,42-47;
4,32-35). Serve de modelo para todos nós! A comunidade deve ser como o rosto de Deus,
transformado em Boa Nova para o povo.

terça-feira, 12 de março de 2013


Shalom
Dá-nos, Senhor aquela Paz inquieta que denuncia a Paz dos cemitérios e a Paz dos lucros fartos.
Dá-nos a Paz que luta pela Paz! A Paz que nos sacode com a urgência do Reino. A Paz que nos invade, com o vento do Espírito, a rotina e o medo, o sossego das praias e a oração de refúgio.
A Paz das armas rotas na derrota das armas.
A Paz da fome de Justiça, a paz da Liberdade conquistada, a Paz que se faz "nossa" sem cercas nem fronteiras,
 Que tanto é "Shalom" como "Salam", perdão, retorno, abraço... Dá-nos a tua Paz, essa Paz marginal que soletra Em Belém e agoniza na Cruz e triunfa na Páscoa. Dá-nos, Senhor, aquela Paz inquieta, que não nos deixa em paz!
Pedro Casaldáligaloja grátis

domingo, 10 de março de 2013


A reunião Setorial foi excelente, das 12 Paróquias do setor, participaram 10. A explanação do Chiquinho e o debate da CF2013 foi muito bom. Obrigado Paróquia Sagrada Família por nos acolher. Nosso agradecimento. Luiz Sergio, Ana Cristina, Alexandre. Vanderlei, Irmão Augusto e Rosa.



quarta-feira, 6 de março de 2013


Tempo de Quaresma - Tempo de Amor: por isso Tempo de Mudanças e Ousadias (Paulo Ueti)

Oh, tu que, em silêncio, vives no fundo do coração.  
Revela-nos a tua imensa realidade,
Faze que vivamos a tua viva presença.
Tu que, em silêncio, vives no fundo do coração.

1. Introdução
Iniciar a celebração cantando uma música conhecida da comunidade que trás boas lembranças e alegria.
2. Tocando em frente
3. Ambientação e partilha
Acende-se uma vela. Providencia-se um pote com sal. Deixa-se passar pelas mãos das pessoas: a vela e o pote de sal.
a) O que gostaríamos de celebrar neste momento?
b) Que desejos temos para o presente?
c) Que desejos temos para mudanças: na vida pessoal, na comunidade, na política, na igreja...?
4. Canto
Todas as coisas são mistério.
Todas as coisas são mistério.
O que me faz viver, o que me faz te amar.
Nem sequer quando penso em você,
Não consigo explicar.
O vento que sopra na rosa,
A luz que brilha em teu olhar,
O que ferve no aqui dentro
Do peito, ao te beijar.
5. Memória Bíblica
Vamos ler Mateus, 6 dos versículos de 1 a 18.
Partilha
a) o que nos chama a atenção neste texto?
b) o que gostaríamos de dizer uns aos outros neste tempo de partilha e conversão?
6. Oração
7. Canto e partilha.
As pessoas vão compartilhando, dando umas as outras e desejando paz e esperanças para o cotidiano da vida. Isso pode ser dito sem palavras, com um grande e forte abraço, olhar, beijo.
Benção
Que a terra abra caminhos sempre à frente dos teus passos. E que o vento sopre suave aos teus ombros. Que o sol brilhe sempre cálido e fraterno no teu rosto. Que a chuva caia suave entre teus campos. E até que nos tornemos a encontrar. Deus te guarde no calor do teu abraço; e até que nos tornemos a encontrar. Deus te guarde, Deus nos guarde no carinho do beijo e do nosso abraço. Amém.


domingo, 3 de março de 2013

Amigos catequistas, amanhã a tv aparecida começa a exibir a série Papas dos Concílios. Já assisti e indico a todos. O horário: 20 horas. Vale a pena conferir.

sexta-feira, 1 de março de 2013


Um texto para refletir: A pipoca
A culinária me fascina. De vez em quando eu até me até atrevo a cozinhar. Mas
o fato é que sou mais competente com as palavras do que com as panelas.
Por isso tenho mais escrito sobre comidas que cozinhado. Nunca imaginei,
entretanto, que chegaria um dia em que a pipoca iria me fazer sonhar. Pois foi
precisamente isso que aconteceu.
A pipoca é um milho mirrado, subdesenvolvido. Fosse eu agricultor ignorante, e
se no meio dos meus milhos graúdos aparecessem aquelas espigas nanicas, eu ficaria
bravo e trataria de me livrar delas. Pois o fato é que, sob o ponto de vista de tamanho, os
milhos da pipoca não podem competir com os milhos normais. Não sei como isso
aconteceu, mas o fato é que houve alguém que teve a idéia de debulhar as espigas e
colocá-las numa panela sobre o fogo, esperando que assim os grãos amolecessem e
pudessem ser comidos. Havendo fracassado a experiência com água, tentou a gordura.
O que aconteceu, ninguém jamais poderia ter imaginado.
Repentinamente os grãos começaram a estourar, saltavam da panela com uma
enorme barulheira. Mas o extraordinário era o que acontecia com eles: os grãos duros
quebra-dentes se transformavam em flores brancas e macias que até as crianças podiam
comer.
Mas a transformação só acontece pelo poder do fogo. Milho de pipoca que não
passa pelo fogo continua a ser milho de pipoca, para sempre. Assim acontece com a
gente. As grandes transformações acontecem quando passamos pelo fogo. Quem não
passa pelo fogo fica do mesmo jeito, a vida inteira. São pessoas de uma mesmice e
dureza assombrosa. Só que elas não percebem. Acham que o seu jeito de ser é o melhor
jeito de ser.
Mas, de repente, vem o fogo. O fogo é quando a vida nos lança numa situação
que nunca imaginamos. Dor. Pode ser fogo de fora: perder um amor, perder um filho,
ficar doente, perder um emprego, ficar pobre. Pode ser fogo de dentro. Pânico, medo,
ansiedade, depressão — sofrimentos cujas causas ignoramos. Há sempre o recurso aos
remédios. Apagar o fogo. Sem fogo o sofrimento diminui. E com isso a possibilidade da
grande transformação.
Imagino que a pobre pipoca, fechada dentro da panela, lá dentro ficando cada
vez mais quente, pense que sua hora chegou: vai morrer. De dentro de sua casca dura,
fechada em si mesma, ela não pode imaginar destino diferente. Não pode imaginar a
transformação que está sendo preparada. A pipoca não imagina aquilo de que ela é
capaz. Aí, sem aviso prévio, pelo poder do fogo, a grande transformação acontece:
PUF!! — e ela aparece como outra coisa, completamente diferente, que ela mesma
nunca havia sonhado. É a lagarta rastejante e feia que surge do casulo como borboleta
voante.
Na simbologia cristã o milagre do milho de pipoca está representado pela morte
e ressurreição de Cristo: a ressurreição é o estouro do milho de pipoca. É preciso deixar
de ser de um jeito para ser de outro.
Em Minas, todo mundo sabe o que é piruá. Falando sobre os piruás com os
paulistas, descobri que eles ignoram o que seja. Alguns, inclusive, acharam que era
gozação minha, que piruá é palavra inexistente. Cheguei a ser forçado a me valer do
Aurélio para confirmar o meu conhecimento da língua. Piruá é o milho de pipoca que se
recusa a estourar. Mas acho que o poder metafórico dos piruás é maior. Piruás são
aquelas pessoas que, por mais que o fogo esquente, se recusam a mudar. Elas acham que
não pode existir coisa mais maravilhosa do que o jeito delas serem. Ignoram o dito de
Jesus: "Quem preservar a sua vida perdê-la-á". A sua presunção e o seu medo são a dura
casca do milho que não estoura. O destino delas é triste. Vão ficar duras a vida inteira.
Não vão se transformar na flor branca macia. Não vão dar alegria para ninguém.
Terminado o estouro alegre da pipoca, no fundo a panela ficam os piruás que não
servem para nada. Seu destino é o lixo.
Que o fogo do Espírito Santo possa estar queimando nossas cascas e fazendonos
mais maleáveis ao seu sopro. Deixa-te moldar pela Palavra viva e pelo poder de
Deus! Saia da mesmice e faça diferença em sua geração!
Rubem Alves