terça-feira, 17 de março de 2020

Conversa de catequistas


Catequista, semeador do Reino

            A contemporaneidade trouxe muitos benefícios à vida das pessoas, e junto vieram vários desafios. A catequese movida por este avanço também teve muito ganho, mas obstáculos também apareceram. Ao olharmos para trás, notaremos que a catequese evoluiu, já não se transmite a mensagem como antigamente, passamos da era da doutrinação à era do aprender/fazer, ou seja, uma catequese que constrói e vive um itinerário baseado nos passos do Mestre Jesus, tentando apreender todos os sonhos e ideais do Homem de Nazaré, fazendo acontecer e vivendo o Reino de Deus.
            Hoje, mais do que nunca, o catequista é o sujeito dessa mudança, não como um transmissor de doutrinas e conteúdo, mas como um orientador da caminhada, um irmão que caminha junto. Para acontecer essa Catequese de qualidade, precisamos de catequistas com qualidade. O Diretório Nacional de Catequese destaca o perfil do catequista: pessoa que ama viver e se sente realizado (como amar se não me amo?); ter maturidade humana e equilíbrio; pessoa de espiritualidade; pessoa de integração ao seu tempo e sua comunidade; conhecimento da realidade e busca constante de formação.        Além dessas qualidades, o catequista deve promover a cultura do encontro (pedido do Papa Francisco), sair de si e escutar os outros, precisamos escutar mais os nossos catequizandos do que falar. Somos catequistas para ouvir mais do que falar, escutar as conquistas, alegrias, as decepções e sofrimentos de nossos catequizandos, pois assim teremos condições de dar qualidade à nossa catequese.
Não podemos ir para a catequese sem se preparar, as novas tecnologias estão aí e precisamos usá-las para evangelizar. O exemplo mais forte sobre a tecnologia ouvi de uma catequista, preparou um encontro sobre a terra de Jesus, levou cópias xerográficas do mapa de onde Jesus viveu. Um menino jogou o mapa no lixo, a catequista o interpelou o porquê daquele gesto, ele tirou o celular e em poucos segundos acessou um mapa colorido e animado, e disse: “assim é mais bonito”.
Há que se preparar melhor para entendermos o que nos cerca. Vivemos desafios: famílias desestruturadas, transformações sociais, intolerância, nova cultura, inversão de valores, falta de compromisso e outros. O grande desafio da catequese é transmitir a fé de forma significativa; que não seja um simples decorar normas ou repetir esquemas, mas seja um acolher a Palavra de Deus e vivê-la de forma significativa para dar sentido à sua vida (um dos motes das Santas Missões Populares). A formação tem papel primordial para que nossa missão seja mais eficiente, não é possível admitir que haja catequistas que não participam do grupo de catequistas de suas paróquias, é triste. O catequista não sabe tudo e não está formado, a formação é permanente, ou seja, para toda a vida. O grupo de catequistas é o “melhor audiovisual da catequese” (Frei Bernardo Cansi), onde o catequista faz experiência de amor, aprendizado e de comunidade. O catequista que diz que não vai ao encontro de formação sobre Cristologia, porque já sabe tudo sobre Jesus, já prova que não sabe nada. Essa desculpa que sabe tudo mostra o nível de comprometimento com a catequese e com a comunidade.
Que nossas comunidades estejam repletas de catequistas que topem o desafio de ser sal e luz, iluminados e iluminadores, semeadores do Reino de Deus.
Catequista, “Não pare de plantar suas sementes, porque você não sabe qual delas vai crescer, talvez todas cresçam” (Ecl 11,6).
                                    Paz inquieta!
            Luiz Sergio Palhão
            Catequista e coordenador de catequese
            Paróquia N. Sra. Do Carmo – Paraguaçu-MG

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