DESAFIOS PARA A CATEQUESE
NO MUNDO ATUAL
Se realmente queremos
transmitir a Boa Nova de Jesus Cristo, seduzir os corações das pessoas para
Ele, buscando uma sociedade que viva o Seu discipulado, é hora de pensarmos em
fazer a travessia de uma catequese de pouca eficácia para uma catequese de qualidade
para os dias de hoje. Para isso, o grande desafio que se apresenta é o preparo
do evangelizador, e no caso específico da catequese, o catequista.
É com este olhar que
desenvolveremos as proposições que se seguem, mas, que não podem ser tomadas
como únicas para a construção da catequese que pensamos e desejamos. Há
outras. Para efeito de uma melhor
leitura e dado ao espaço aqui oferecido, desdobraremos as reflexões em
partes.
A AUTOCONSCIÊNCIA ACERCA DA
SUA IMPORTÂNCIA COMO EDUCADOR DA FÉ
Sabemos da importância que
têm o catequista na vida do catequizando. E essa importância advém exatamente
da sua dedicação e competência no exercício de sua função educativa. No seu
cotidiano, o educador da fé deve buscar ultrapassar ou transcender a dimensão do
ensino de conteúdos conceituais, procedimentos ou atitudes, preparando assim o
catequizando para a vida, partindo do pressuposto que educação e vida se fundem
em uma só ação.
Ao tratarmos da questão da
autoconsciência do catequista acerca da sua importância como educador da fé,
pensamos no alcance de seu trabalho. Entendemos que quando o catequizando tem,
em sua formação, um catequista consciente de seu papel de mediador no encontro
pessoal com a pessoa de Jesus Cristo, certamente terá uma educação que o conduzirá
para a efetivação de um autêntico cristão católico. No entanto, a aquisição da
autoconsciência é um processo longo e complexo, mas, sabemos que ela é
essencial no ato educacional.
SER AUTOR DE SEU PRÓPRIO
CRESCIMENTO NA FÉ
Estamos numa época não
esclarecida, mas, de esclarecimentos. Momento propício para gestar
gradativamente o conhecimento para conduzir o homem ao seu entendimento.
Podemos perceber que essa questão nos aponta para uma discussão de como
fomentar uma educação da fé que seja realmente capaz de conduzir a pessoa a não
só conhecer mas, tornar-se intima de Jesus Cristo.
“Dar razões da sua fé”, é
ajudar o catequista a sair de sua “menoridade”, ou seja, tornar-se maduro no
conhecimento e na fé. O desânimo, o
desinteresse, acreditar que já sabe muito são as causas pelas quais a grande
maioria, não só dos catequistas mas dos seres humanos em geral, preferem
permanecer na menoridade, uma vez que é mais cômodo.
Assim, podemos deduzir a
necessidade e a importância da formação dos catequistas para motivá-los a
saírem do seu comodismo, de sua menoridade, de querer saber mais, de avançar no
conhecimento tornando progressivamente menores os obstáculos ao esclarecimento.
Também é necessário proporcionar experiências de fé que o torne apto a fazer
uso público de sua razão e expor publicamente suas convicções de fé – ser um
autêntico discípulo missionários de Jesus. Procedendo assim, fará com que o
catequizando também se expanda sempre mais enquanto discípulo.
Todas estas situações devem
ser postas com clareza no complexo pedagógico uma vez assumidas como opção de
educação na fé, aqui entendida como uma educação para a reflexão, para a
autodeterminação, para o testemunho. Enfim, uma educação para o discipulado.
Sabemos que é um processo que acontecerá gradualmente.
A MUDANÇA PARA UMA NOVA
MENTALIDADE
Hoje, na nossa sociedade
globalizada, desmaterializada e desterritorializada, na qual as notícias
acontecem em tempo real, é mais que necessária e compreensível esta
discussão. É o educador da fé, bem
formado e consciente no mundo do diálogo entre homem e mídia, no dia a dia do
processo de formação do novo cristão, que provoca o homem para a inserção no
seu meio, nos problemas de seu tempo, que o mobiliza a passar da crítica
ingênua a um estado crítico-reflexivo. Para essa mudança constitui-se o
terceiro desafio - a mudança para a
construção de uma nova mentalidade – o que hoje nos pede insistentemente a
Catequese de Iniciação à Vida Cristã.
Diante deste desafio, ou
seja, o de educar para a atual ordem da vida eclesial, precisamos de
catequistas esclarecidos. O que um catequista bem formado e consciente deve
visualizar é proporcionar uma educação de fé que não se reduza ao imediato
(catequese sacramental) ou somente ao local (na minha paroquia...), mas sim uma
educação que fomente a construção no devido tempo da infância à terceira idade,
que dê sentido ao desenvolvimento da vida.
UM OLHAR SEM FRONTEIRAS
Cada dia a vida muda, a
ciência progride, as gerações evoluem; com a catequese não é diferente.
Desejamos que o seu crescimento seja constante, isto é, que construa
diuturnamente uma imagem de espiral em busca de novos horizontes. Reafirmamos
aqui que os educadores da fé são protagonistas dessas mudanças e criações, não
que dependa exclusivamente deles, mas, que a partir deles, seja possível uma
catequese de qualidade.
Não há a necessidade do
catequista explicador, mas daquele que motiva o outro a pensar. Com o advento
da tecnologia, por exemplo, é possível, por meio do vídeo, da televisão, da
internet, do cinema levar os catequizandos a ver e ouvir as grandes mensagens
evangélicas e, juntamente com o catequista, descobrir, discutir e alargar
sempre mais a compreensão do Reino de Deus.
A FIGURA DO EDUCADOR DA FÉ
Primeiramente, é preciso
entender que a fé diz respeito à dimensão mais interna da pessoa e que a sua
educação a partir deste movimento - interno e pessoal - pode promover, gerar e
dar sentido à sua vida. Daí a seriedade de tal assunto.
Em razão desta afirmação,
quando pensamos em explicitar as características do catequista capaz de elevar
o catequizando à condição de discípulo de Jesus Cristo, supomos a sua árdua tarefa na busca da
excelência no exercício de sua atividade catequética. Mas, não só. É o educador que, no exercício da sua vida
pessoal, preza pela busca e estima de si e por si mesmo, das suas relações com
os outros e com Deus. Os catequizandos
ao perceberem que o catequista preza pelo conhecimento que propõe e pelo ser que é, passam a desejar segui-lo. Ser educador da fé, neste sentido, é uma
opção de vida que implica na formação da vida do outro.
Que seja o sal da terra,
capaz de ensinar, a despeito da complexidade e confusão modernas, a arte da
vida pessoal inspirada em Jesus Cristo, em uma sociedade extremamente
impessoal!
Regina Helena Mantovani -
Coordenação da Animação Bíblico-Catequética / Regional Sul 2
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