Catequista,
semeador do Reino
A contemporaneidade trouxe muitos
benefícios à vida das pessoas, e junto vieram vários desafios. A catequese
movida por este avanço também teve muito ganho, mas obstáculos também
apareceram. Ao olharmos para trás, notaremos que a catequese evoluiu, já não se
transmite a mensagem como antigamente, passamos da era da doutrinação à era do
aprender/fazer, ou seja, uma catequese que constrói e vive um itinerário
baseado nos passos do Mestre Jesus, tentando apreender todos os sonhos e ideais
do Homem de Nazaré, fazendo acontecer e vivendo o Reino de Deus.
Hoje, mais do que nunca, o
catequista é o sujeito dessa mudança, não como um transmissor de doutrinas e
conteúdo, mas como um orientador da caminhada, um irmão que caminha junto. Para
acontecer essa Catequese de qualidade, precisamos de catequistas com qualidade.
O Diretório Nacional de Catequese destaca o perfil do catequista: pessoa que
ama viver e se sente realizado (como amar se não me amo?); ter maturidade
humana e equilíbrio; pessoa de espiritualidade; pessoa de integração ao seu
tempo e sua comunidade; conhecimento da realidade e busca constante de
formação. Além dessas qualidades, o
catequista deve promover a cultura do encontro (pedido do Papa Francisco), sair
de si e escutar os outros, precisamos escutar mais os nossos catequizandos do
que falar. Somos catequistas para ouvir mais do que falar, escutar as
conquistas, alegrias, as decepções e sofrimentos de nossos catequizandos, pois
assim teremos condições de dar qualidade à nossa catequese.
Não podemos ir para a catequese sem
se preparar, as novas tecnologias estão aí e precisamos usá-las para
evangelizar. O exemplo mais forte sobre a tecnologia ouvi de uma catequista,
preparou um encontro sobre a terra de Jesus, levou cópias xerográficas do mapa
de onde Jesus viveu. Um menino jogou o mapa no lixo, a catequista o interpelou
o porquê daquele gesto, ele tirou o celular e em poucos segundos acessou um
mapa colorido e animado, e disse: “assim é mais bonito”.
Há que se preparar melhor para
entendermos o que nos cerca. Vivemos desafios: famílias desestruturadas,
transformações sociais, intolerância, nova cultura, inversão de valores, falta
de compromisso e outros. O grande desafio da catequese é transmitir a fé de forma
significativa; que não seja um simples decorar normas ou repetir esquemas, mas
seja um acolher a Palavra de Deus e vivê-la de forma significativa para dar sentido à sua vida (um dos motes
das Santas Missões Populares). A formação tem papel primordial para que nossa
missão seja mais eficiente, não é possível admitir que haja catequistas que não
participam do grupo de catequistas de suas paróquias, é triste. O catequista
não sabe tudo e não está formado, a formação é permanente, ou seja, para toda a
vida. O grupo de catequistas é o “melhor audiovisual da catequese” (Frei
Bernardo Cansi), onde o catequista faz experiência de amor, aprendizado e de
comunidade. O catequista que diz que não vai ao encontro de formação sobre
Cristologia, porque já sabe tudo sobre Jesus, já prova que não sabe nada. Essa
desculpa que sabe tudo mostra o nível de comprometimento com a catequese e com
a comunidade.
Que nossas comunidades estejam
repletas de catequistas que topem o desafio de ser sal e luz, iluminados e
iluminadores, semeadores do Reino de Deus.
Catequista, “Não pare de plantar
suas sementes, porque você não sabe qual delas vai crescer, talvez todas
cresçam” (Ecl 11,6).
Paz
inquieta!
Luiz Sergio Palhão
Catequista e coordenador de
catequese
Paróquia N. Sra. Do Carmo –
Paraguaçu-MG
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