domingo, 22 de maio de 2011

Professor ou catequista?

Dia 15 de outubro, dia do professor.

Um catequizando encontrou seu catequista e tentou ser gentil.

- Parabéns professor pelo seu dia.

- Não sou professor, sou catequista!

- E qual a diferença?

- Muitas.

- Quais?

- Ah, são muitas. O professor dá aula. O catequista não.

- Então porque o senhor faz chamada no início de cada encontro?

-Para controlar a presença de vocês.

- Mas isso se faz em aula também. Lá na escola também controlam a nossa presença.

- Mas é diferente.

- Diferente por quê?

- Diferente...

- Mas se é diferente, porque a gente se matricula na catequese?

- Não é matrícula, é inscrição.

- Mas a coordenadora e o padre falam em matrícula na catequese.

- Mas na catequese é diferente. Aqui não é uma escola.

- Mas se não é escola, porque é que a gente paga taxa de inscrição para fazer catequese?

- É para manter a igreja, com seus serviços e pastorais. E não é taxa, mas sim, uma contribuição.

- Sim, mas o padre e a coordenadora falam taxa. Ouvi eles dizerem isso. Todo mundo pergunta se a gente já pagou a taxa.

- Não é taxa. Ta errado. Não é assim que devemos tratar aquele valor que muitos pais pagam no início do ano. É uma contribuição. Quem não puder não paga.

- Ah....

- Tem muita diferença entre escola e catequese, muita mesmo.

- Mas se é tão diferente assim, porque usamos caderno e o senhor ainda usa o quadro para se comunicar com a gente? Porque temos que copiar conteúdos?

- Como vocês irão aprender se não for assim? Sim, faço isso, mas é catequese.

- Mas tudo isso a gente também faz na aula.

- Mas é diferente.

- O senhor faz prova também. Lá na escola, é prova toda a hora. Aqui na catequese o senhor também avalia a gente através de prova.

- Mas eu preciso avaliar vocês de alguma forma.

- Mas se não é aula, porque prova?

- Ah menino, já te disse, catequese não é aula. Aula é em escola. Não sou professor, sou catequista.

- Não entendi ainda a diferença...

- Mas tem muitas diferenças...

- Lá na escola a gente também fica numa sala e as cadeiras são colocadas de forma igual ao que acontece aqui na catequese, também tem chamada, quadro, prova. Tudo o que tem aqui tem lá. Não consigo entender a diferença.

- Mas tem diferença, e muita.

- O senhor poderia me explicar quais?

- Já te falei menino, preciso falar de novo?

- Não, obrigado. Mais uma vez, parabéns pelo dia do professor.

- Eu já disse, não sou professor, sou catequista.

- Lá na escola, quando não entendo algo, os professores tentam me explicar até que eu consiga entender. Talvez seja esta a diferença entre o senhor, catequista, e um professor da escola

- Menino, não seja mal criado. Sou seu catequista

- É que lá na escola também me obrigam a fazer algumas atividades. Aqui me obrigam a ir à missa.

- É diferente. Escola é uma coisa, catequese é outra.

- Ah, ta! Não vejo tanta diferença assim, pelo menos no seu modo de agir.

- Menino, aqui na catequese, estamos tentando te mostrar um outro caminho, que a escola na mostra. São objetivos diferentes.

- E qual é o caminho que o senhor está tentando me ensinar?

- O caminho de Deus.

- O que tem de diferente no caminho de Deus, que o senhor ensina, do caminho que a escola ensina?

- Ah menino, já te expliquei, catequese não é escola. Eu não sou professor. Os nossos encontros não são aulas. E se você continuar me questionando assim, vou chamar seus pais aqui e você não vai poder fazer a crisma.

- Vai me expulsar porque eu te questiono?

- Vou.

- Lá na escola eles também chamam os pais para expulsar os alunos. Pensei que na catequese fosse diferente.

Perguntas para debate

1- O que é ser Catequista para o grupo?

2- Nossa catequese se parece com a do catequista da história?

3- Quais as atitudes mais comuns quando estou com os catequizandos?

· Escuta

· Apoio

· Disponibilidade

· Ajuda

· Diálogo

Ou…

· Impaciência

· Cansaço

· Confronto

· Imposição.

4- Os catequizandos “pedem” muitas coisas ao amigo mais velho (=catequista) que os acolhe, que reza com eles, que canta, que prepara as festas, que os anima… Quais as coisas que me deram mais prazer fazer com eles e quais as que me foram mais custosas?

2 comentários:

  1. Amei o texto. Realmente denuncia a nossa dificuldade em sair do modelo "Escola da Fé". Ser catequista é antes de mais nada ser capaz de traduzir em atos uma experiencia de Fé que nos transforma. Então essa experiencia nos leva a querer saber mais desta comunidade que a propicia e tem início um processo enamoramento entre ambos (comunhão).

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  2. Adorei essa reflexão.
    Postarei em meu blog amanhã. Temos que compartilhar com todos nós. Ser catequista como diz o Ursoted: "Ser catequista é antes de mais nada ser capaz de traduzir em atos uma experiencia de Fé que nos transforma".
    Deus abençoe vc
    Bj

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