sábado, 31 de maio de 2014

Não se começa a ser Cristão por uma decisão ética ou uma grande idéia, mas pelo encontro com um acontecimento, com uma pessoa, que dá novo horizonte à vida e, com isso, gera uma adesão ao projeto. Tudo começa com uma busca que gera um encontro e depois uma conversão. Com Jesus se faz presente o Reino de Deus, o Mistério revelado entre nós. Ser Cristão é participar desse Mistério e se comprometer com ele que é um segredo que se manifesta somente aos iniciados.
Iniciação provém do latim “in-ire”, ou seja, ir bem para dentro. É um tempo de aproximação e imersão em um novo jeito de ser; sinaliza uma mudança de vida, de comportamento, e de inserção na vida cristã. Existem muitos batizados, mas muitos não estão iniciados. O batismo nos faz filhos do Pai, a Eucaristia nos alimenta com o Corpo de Cristo e a confirmação nos unge com a unção do Espírito Santo. Esta obra de amor de Deus se realiza na Igreja e pela mediação da Igreja. É ela que anuncia a boa nova, acolhe e acompanha.  A vida dos primeiro discípulos mudou a partir do encontro com Jesus de Nazaré e seu mistério.
Jesus formou discípulos, devagar. Houve um primeiro chamado, um aprendizado e um convívio. Houve etapas na missão, envio, aprofundamento. Mas mesmo assim não estavam totalmente prontos para a tarefa de ser Igreja até que viveram a experiência do mistério pascal. Alguns textos do evangelho já nos dão, de forma sintética, um caminho. Podemos refletir assim sobre o processo do chamado:
a) tudo começa com uma busca (cf. Jo 1,38): "Que procurais?"
pergunta Jesus;
b) isso gera um encontro (cf. Jo 1,38-39): "Onde moras?" dizem eles. No fundo estão perguntando: "Como te conheceremos melhor?" Jesus responde: "Vinde e vede!";
c) e produz conversão: eles vão, vêem... e decidem seguílo.
d) assim o processo vai produzindo comunhão:permaneceram com ele (cf. Jo 1,39),
acompanham seu poder de expulsar o mal e curar (cf. Mt 10, 1)
e) que leva à missão: cada discípulo atrai outros (cf. Jo l,40-41.45), para anunciar juntos a boa nova (cf. Mc 3,14 e cf. Jo 17,20-23) e depois fazer discípulos em todos os poros (cf. Mt 28,19);
f) a missão leva à transformação da sociedade: já nos Atos dos Apóstolos e nas comunidades vislumbradas nas cartas do Novo Testamento, vemos propostas de

novos tipos de relacionamento, em que a solidariedade, a comunhão e a fraternidade constroem um novo jeito de viver. Afinal, Jesus veio para transformar, trazer mais Vida para todos. A consequência social do seguimento do Evangelho deve se tornar visível para que a missão seja coerente.

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