Envio dos doze para a missão (Mc 6,6b-13)
por CEBI Publicações
ENVIO DOS DOZE PARA A MISSÃO
Marcos 6, 6b-13
Texto extraído do livro "Caminhando com Jesus" - Série A Palavra na Vida
182/183. Autores: Carlos Mesters e Mercedes Lopes. CEBI Publicações. Mais
informações:vendas@cebi.org.br.
O conflito cresceu e tocou de perto a pessoa de Jesus. Como
ele reage? De duas maneiras: diante do fechamento da sua família e do seu
povoado, Jesus deixou Nazaré de lado e começou a percorrer os povoados nas
redondezas. Além disso, ele abriu a missão e intensificou o anúncio da Boa
Nova.
Chamando os doze, os enviou com as seguintes recomendações:
deviam ir dois a dois, receberam poder sobre espíritos maus, não podiam levar
nada no bolso, não deviam andar de casa em casa e, caso não fossem
recebidos, deviam sacudir o pó das sandálias e seguir adiante. E eles foram.
É o começo de uma nova etapa. Agora já não é só Jesus, mas é
todo o grupo que vai anunciar a Boa Nova de Deus ao povo. Se a pregação de
Jesus já dava conflito, quanto mais agora, com a pregação de todo o grupo! Se o
mistério já era grande, ainda será maior com a missão intensificada.
ALARGANDO
Envio e Missão
No tempo de Jesus havia vários outros movimentos de
renovação. Por exemplo, os essênios e os fariseus. Também eles procuravam uma
nova maneira de conviver em comunidade e tinham os seus missionários (cf. Mt
23,15). Mas estes, quando iam em missão, iam prevenidos. Levavam sacola e dinheiro para cuidar da sua
própria comida, pois não confiavam na comida do povo, que nem sempre era
ritualmente "pura".
Ao contrário dos outros missionários, os discípulos e
discípulas de Jesus receberam recomendações diferentes que ajudam a entender os
pontos fundamentais da missão de anunciar a Boa Nova, que receberam de Jesus e
que ainda é a nossa missão:
a) Deviam ir sem nada. Não podiam levar nada, nem bolsa, nem
ouro, nem prata, nem dinheiro, nem bastão, nem sandálias, nem sequer duas
túnicas. Isto significa que Jesus os obriga a confiar na hospitalidade, pois
quem vai sem nada vai porque confia no povo e acredita que vai ser recebido.
Com esta atitude criticavam as leis de exclusão, ensinadas pela religião
oficial, e mostravam, pela nova prática, que tinham outros critérios de
comunidade.
b) Deviam comer o que o povo lhes dava. Não podiam viver
separados com sua própria comida e deviam aceitar a comunhão de mesa. Isto
significa que, no contato como o povo, não deviam ter medo de perder a pureza
como era ensinada na época. Com esta atitude criticavam as leis da pureza em
vigor e mostravam, pela nova prática, que tinham outro acesso à pureza, isto é,
à intimidade com Deus.
c) Deviam ficar hospedados na primeira casa em que fossem
acolhidos. Isto é, deviam conviver de maneira estável e não andar de casa
em casa. Deviam trabalhar como todo o mundo e viver do que recebiam em troca,
"pois todo o operário merece salário" (Lc 10,7). Em outras palavras,
eles deviam participar da vida e do trabalhodo povo, e o povo os
acolheria na sua comunidade e partilharia com eles casa e comida. Significa que
deviam confiar na partilha. Isto também explica a severidade da crítica contra
os que recusavam a mensagem (Lc 10,10-12), pois não recusavam algo novo, mas
sim o próprio passado.
d) Deviam tratar dos doentes e necessitados, curar os
leprosos e expulsar os demônios (Lc 10,9; Mt 10,8). Isto é, deviam exercer a
função de "defensor" (goêl) e acolher para dentro do clã, dentro da
comunidade, os que viviam excluídos. Com esta atitude criticavam a situação de
desintegração da vida comunitária do clã e apontavam saídas concretas.
Estes eram os quatro pontos básicos que deviam marcar a
atitude dos missionários ou das missionárias que anunciavam a Boa Nova de Deus
em nome de Jesus: hospitalidade, comunhão de mesa, partilha e acolhida aos
excluídos. Caso estas quatro exigências fossem preenchidas, eles podiam e
deviam gritar aos quatro ventos: O Reino chegou! Pois o Reino de Deus que Jesus
nos revelou não é uma doutrina, nem um catecismo, nem uma lei. O Reino de Deus
acontece e se faz presente quando as pessoas, motivadas pela sua fé em Jesus,
decidem viver em comunidade para, assim, testemunhar e revelar a todos que Deus
é Pai e Mãe e que, portanto, nós, seres humanos, somos irmãos e irmãs uns dos
outros. Jesus queria que a comunidade local fosse novamente uma expressão da
Aliança, do Reino, do amor de Deus como Pai, que faz de todos irmãos e irmãs.
Nenhum comentário:
Postar um comentário