Como seguir Jesus (Mc 8,27-35) - Mesters e Lopes
por CEBI Publicações
COMO SEGUIR JESUS
MARCOS 8,27-35
Texto extraido do livro ''CAMINHANDO COM JESUS'' - Círculos Bíblicos do
Evangelho de Marcos - Coleção A Palavra na Vida 184/185. CEBI Publicações. Mais informações emvendas@cebi.org.br
ABRIR OS OLHOS PARA VER
O texto de hoje descreve a cegueira de Pedro que não entende
a proposta de Jesus quando este fala do sofrimento e da cruz. Pedro aceita
Jesus como messias, mas não como messias sofredor. Ele está influenciado pela
propaganda do governo da época que só falava do messias como rei glorioso.
Pedro parecia cego. Não enxergava nada e ainda queria que Jesus fosse como ele,
Pedro, o queria. Vamos conversar sobre isto!
SITUANDO
No início deste quarto bloco estão a cura de um cego - Mc
8,22-26 -, o anúncio da cruz e a explicação do seu significado para a vida dos
discípulos - Mc 8, 27 a
9,1. A cura do cego foi difícil. Jesus teve que realizá-la em duas etapas.
Igualmente difícil foi a cura da cegueira dos discípulos. Jesus teve que fazer
uma longa explicação a respeito do significado da cruz para ajudá-los a
enxergar, pois era a cruz que estava provocando neles a cegueira.
Nos anos 70, quando Marcos escreveu, a situação das
comunidades não era fácil. Havia muito sofrimento, muitas cruzes. Seis anos
antes, em 64, o imperador Nero tinha decretado a primeira grande perseguição,
matando muitos cristãos. Em 70, na Palestina, Jerusalém estava sendo destruída
pelos romanos. Nos outros países, estava começando uma tensão forte entre
judeus convertidos e judeus não-convertidos. A dificuldade maior era a cruz de
Jesus. Os judeus achavam que um crucificado não podia ser o messias tão
esperado pelo povo, pois a lei afirmava que todo crucificado devia ser
considerado como um maldito de Deus (Dt 21,22-23).
COMENTANDO
Marcos 8,27-30: VER - levantamento da realidade
Jesus perguntou: ''Quem diz o povo que eu sou?'' Eles
responderam relatando as várias opiniões do povo: ''João Batista'', ''Elias ou
um dos profetas''. Depois de ouvir as opiniões dos outros, Jesus
perguntou: ''E vocês, quem dizem que eu sou?'' Pedro respondeu: Tu és o Cristo,
o Messias''. Isto é, és aquele que o povo está esperando.
Jesus concordou com Pedro, mas proibiu de falar sobre isso ao povo.
Por que Jesus proibiu? É que naquele tempo, todos esperavam a vinda do messias, mas
cada um do seu jeito: uns como rei, outros como sacerdote,
doutor, guerreiro, juiz ou profeta. Ninguém parecia estar esperando o
messias servidor, anunciado por Isaías (Is 42,1-9).
Marcos 8,31-33: JULGAR - esclarecendo a situação -
primeiro anúncio da paixão
Jesus começa a ensinar que ele é o Messias Servidor e afirma
que, como o Messias Servidor anunciado por Isaías, será preso e morto no
exercício da sua missão de justiça. Pedro leva um susto, chama Jesus de lado
para desconcertá-lo. E Jesus responde a Pedro: ''Vá embora, Satanás''. Você não
pensa as coisas de Deus, mas as dos homens''. Pedro pensava ter dado a resposta
certa. De fato, ele disse a palavra certa ''Tu és o Cristo''. Mas não lhe deu o
sentido certo. Pedro não entendeu Jesus. Era como o cego de Betsaida. Trocava
gente por árvore. A resposta de Jesus foi duríssima ''Vá embora, Satanás''.
Satanás é uma palavra hebraica que significa acusador, aquele que afasta os
outros do caminho de Deus. Jesus não permite que alguém o afaste da sua missão.
Marcos 8,34-47 - AGIR - condições para seguir
Jesus tira as conclusões que valem até hoje - Quem quiser
vir após mim tome sua cruz e siga-me. Naquele tempo, a cruz era a pena de morte
que o Império Romano impunha aos marginais. Tomar a cruz e carregá-la atrás de
Jesus era o mesmo que aceitar ser marginalizado pelo sistema injusto que
legitimava a injustiça. A cruz não é fatalismo, nem é exigência do Pai. A cruz
é a consequência do compromisso livremente assumido por Jesus de revelar a Boa
Nova de que Deus é Pai e que, portanto, todos e todas devem ser aceitos e
tratados como irmãos e irmãs. Por causa deste anúncio revolucionário, ele foi
perseguido e não teve medo de dar a sua vida. Prova de amor maior não há que
doar a vida pelo irmão.
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