Muitas pessoas me perguntam como
está a saúde de Pe. Zezinho, scj, que na semana passada sofreu um AVC isquêmico
provocado pela diabetes.
Hoje tive a oportunidade de visitá-lo. Encontrei-o forte e bem disposto. Seu
ânimo está ótimo, apesar de conviver com alguns limites que ficaram do acidente
vascular que sofreu. Naturalmente isso exige que ele permaneça sob atenta
supervisão médica. As visitas estão restritas para que ele tenha condições de
repousar e seu organismo encontre os caminhos naturais para compensar as
habilidades que ficaram comprometidas. E quais seriam exatamente estes limites?
O AVC não atingiu nenhuma função motora. Pe. Zezinho se movimenta e alimenta
normalmente. Porém, não poderá dirigir por algum tempo e deverá, por prudência,
andar acompanhado. Imagine que ele percebeu que algo estava acontecendo quando
dirigia pelas ruas de São Paulo. Um confrade ao perceber isso o levou
imediatamente para os médicos que o acompanham há anos, em São José dos Campos.
Pe. Zezinho permanece com sua habilidade e incrível criatividade musical
inalterada. Está compondo belas melodias. Mostrou-me uma delas assoviando.
Gravei. Sua maior dificuldade é pronunciar algumas palavras e articular as
frases com a habilidade que conhecemos deste que é reconhecidamente um dos
maiores comunicadores da Igreja Católica. Tem progredido na superação deste
limite. Mas só o tempo poderá dizer a velocidade da recuperação. Sua leitura é lenta,
mas compreende exatamente o que lê. Fala com coerência de ideias mas não é
capaz de cantar de memória nenhuma de suas canções. Difícil imaginar que algum
católico não cante decor “Maria de Nazaré”. Pois o autor da canção neste
momento não tem condições de fazer isso. Outro limite bastante curioso é que
ele lembra de todas as pessoas e sabe exatamente quem são e o que fazem, mas
não é capaz de lembrar seus nomes. Durante todo o tempo em que estive com ele
não pronunciou meu nome. Aos poucos este lapso de memória parece estar sendo
superado. Perguntei se ele está tendo novas e geniais ideias, dessas que
diariamente partilha comigo e com outros confrades. Ele me falou de uns cinco
projetos novos e de coisas que pensou nos últimos dias. Mas não consegue digitar
nada disso em seu computador. Mais um limite. Ele mesmo interpreta este momento
como sua participação na cruz de Cristo. Fiquei edificado pela coragem e
determinação como que ele enfrenta tudo isso. Em nenhum momento manifestou
tristeza ou lamento. Seu horizonte continua sendo a esperança. Foi ferido em um
ponto do tamanho da cabeça de um alfinete em seu cébrebro, mas seu coração
continua do tamanho do mundo, como sempre. Ao final da visita fiz um teste.
Estou devendo vários capítulos de um livro que estamos escrevendo juntos. A
parte dele está pronta. Perguntei se eu estava devendo alguma coisa. Ele
respondeu de supetão: “Vê se escreve logo os capítulos que você prometeu que os
meus estão prontos”. Esqueceu os nomes, mas lembra muito bem das dívidas!
Pe. Joãozinho, scj
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