domingo, 2 de novembro de 2014

Do caderno de formação

Luzes e esperanças para a família do século XXI
Nem tudo são só espinhos e sombras. Temos presente em nossa realidade familiar luzes que
nos dão muitas esperanças:
􀀹 Cresceu a consciência da liberdade pessoal e maior atenção à qualidade das relações
interpessoais no matrimônio.
􀀹 A promoção da dignidade da mulher.
􀀹 Maior atenção na educação dos filhos no exercício da paternidade e maternidade
responsável.
􀀹 Maior união da família nas relações de ajuda, nos momentos de necessidade.
􀀹 Descoberta da importância da família e sua missão na Igreja e na sociedade.
Tanto a família quanto a catequese tem uma missão em comum: educar para o Amor,
transmitindo valores humanos e cristãos. Diante das ameaças do mundo capitalista, é preciso não
perder a esperança e abrir-se ao diálogo, revendo nossos métodos para educar os filhos no lar.
O Papa Paulo VI, em seu documento Evangelização no mundo contemporâneo (n. 71)
oferece uma catequese ao tratar sobre a família como centro de irradiação do Evangelho. Vamos
refletir alguns aspectos importantes para a família na educação da fé:
􀂃 No conjunto daquilo que é o apostolado evangelizador dos leigos, não se pode deixar de pôr
em realce a ação evangelizadora da família. Nos diversos momentos da história da Igreja,
ela mereceu bem a bela designação aprovada pelo II Concílio do Vaticano: ‘Igreja
doméstica’. Isso quer dizer que, em cada família cristã, deveriam encontrar-se os diversos
aspectos da Igreja inteira. Por outras palavras, a família, como a Igreja, tem por dever ser um
espaço onde o Evangelho é transmitido e donde o Evangelho irradia.
􀂃 No seio de uma família que tem consciência desta missão, todos os membros da mesma
família evangelizam e são evangelizados. Os pais, não somente comunicam aos filhos o
Evangelho, mas podem receber deles o mesmo Evangelho profundamente vivido. E ‘uma
família assim torna-se evangelizadora de muitas outras famílias e do meio ambiente em que
ela se insere’.
􀂃 A futura evangelização depende em grande parte da Igreja doméstica. Esta missão
apostólica da família tem as suas raízes no batismo e recebe da graça sacramental do
matrimônio uma nova força para transmitir a fé, para santificar e transformar a sociedade
atual segundo o desígnio de Deus.
􀂃 A família cristã, sobretudo hoje, tem uma especial vocação para ser testemunha da aliança
pascal de Cristo, mediante a irradiação constante da alegria do amor e da certeza da
esperança, da qual deve tornar-se reflexo: ‘A família cristã proclama em alta voz as virtudes
presentes do Reino de Deus e a esperança na vida bem-aventurada.’
􀂃 O mistério de evangelização dos pais cristãos é original e insubstituível: assume as
conotações típicas da vida familiar, entrelaçada como deveria ser com o amor, com a
simplicidade, com o sentido do concreto e com o testemunho do quotidiano.
􀂃 A família deve formar os filhos para a vida, de modo que cada um realize plenamente o seu
dever segundo a vocação recebida de Deus. De fato, a família que está aberta aos valores do
transcendente, que serve os irmãos na alegria, que realiza com generosa fidelidade os seus
deveres e tem consciência da sua participação cotidiana no mistério da Cruz gloriosa de
Cristo, torna-se o primeiro e o melhor seminário da vocação à vida consagrada ao Reino de
Deus.
O Documento da Conferência de Santo Domingo (cf. n. 214) apresenta a identidade e a
missão da família através de quatro aspectos:
a) A missão da família é viver, crescer e aperfeiçoar-se como comunidade de pessoas
chamadas a testemunhar a unidade por toda a vida (valor unitivo).
b) Ser santuário da vida, serva da vida, conservando o direito à vida como a base de todos os
direitos humanos (valor procriativo). Nela deve-se transmitir e educar para os valores
autenticamente humanos e cristãos.
c) Ser ‘célula primeira e vital da sociedade’. Por natureza e vocação, a família deve ser
promotora do desenvolvimento, protagonista de uma nova cultura que valorize a família.
d) Ser ‘Igreja doméstica’ que acolhe, vive, celebra e anuncia a Palavra de Deus. Lugar
privilegiado para a “fazer catequese”, aprofundando e dando razões para a fé, na vivência do
discipulado de Jesus.
A Conferência de Santo Domingo propôs como uma das linhas pastorais para a família:
“Fortalecer a vida da Igreja e da sociedade a partir da família: enriquecê-la a partir da catequese
familiar, a oração no lar, a Eucaristia, a participação no Sacramento da Reconciliação, o
conhecimento da Palavra de Deus, para ser fermento na Igreja e na sociedade.” (Santo Domingo, n.
225).
A Família é o melhor espaço para formar e orientar os filhos rumo a uma vida
verdadeiramente humana, cristã e feliz.
Quanto maior for a nossa formação humana e cristã, melhores condições temos para
transmitir às nossas crianças e adolescentes o interesse pela descoberta das riquezas da fé. E o gosto
de, juntos saborearmos as maravilhas do amor de Deus para connosco, e de Lhe correspondermos
com o nosso amor filial.
A família encontra hoje não poucos obstáculos, sobretudo neste “momento histórico em que
ela é vítima de muitas forças que buscam destruí-la ou deformá-la” (Santo Domingo, n. 210). Deste
modo, a catequese precisa conhecer algumas pistas de ação para ajudar a família a encontrar a sua
missão:
a) Conhecer as diversas situações e a realidade de cada catequizando.
b) Conscientizar as famílias para participação mais ativa na Igreja, como incentivo e
testemunho para os seus filhos que estão caminhando na catequese.
c) Por meio de ações conjuntas com a Pastoral Familiar, oferecer esclarecimentos e
possibilidades de regularização às famílias em situações irregulares (especialmente aos
amasiados que não têm impedimentos para casar na Igreja).
d) Não discriminar as famílias e crianças e não abandoná-las por motivo algum. Acolher a
todos, sem distinção, independentemente de suas opções.
e) Oferecer às famílias em dificuldades apoio e orientação, no diálogo.
f) Aos casais separados, prestar apoio e acolhida, com especial atenção aos seus filhos.
g) Distinguir entre o mal e a pessoa. No dizer do papa Paulo VI: “Jesus foi intransigente para
com o mal, porém misericordioso para com as pessoas”.
h) Distinguir com perspicácia as famílias que procuram a Igreja não muito bem intencionada,
querendo dar um jeitinho para receber os sacramentos sem a devida preparação.
i) As situações delicadas que aparecem na catequese, levar ao conhecimento do padre para
descobrirem juntos as possíveis soluções. Depois de averiguar os casos, dar os
encaminhamentos necessários, baseando sempre na verdade e na caridade.
A família continua sendo muito importante para os planos de Deus. Ela é uma instituição
divina, sonhada por Deus e fruto da sua benigna vontade. Ela não pode ficar desacreditada. Ela é
dom de Deus, por isso merece todo o nosso empenho e todo o nosso amor. Se a catequese não zela
pela família, como vai cuidar pastoralmente dos seus catequizandos? E se as famílias não se
interessam pela catequese, que futuro poderão dar a seus filhos no caminho da justiça e da fé?
O papa João Paulo II, na encíclica Familiaris Consortio, dirige algumas palavras
significativas que servem de horizonte para a missão da catequese: “Amar a família significa saber
estimar os seus valores e possibilidades, promovendo-os sempre. Amar a família significa descobrir
os perigos e males que a ameaçam, para poder superá-los. Amar a família significa empenhar-se em
criar um ambiente favorável ao seu desenvolvimento, e por fim, forma eminente de amor à família
cristã, de hoje, muitas vezes tomada por desconfortos e angustiada por crescentes dificuldades, é
dar-lhe novamente razões de confiança em si mesma, nas riquezas próprias que lhe advém da
natureza e da graça na missão que Deus lhe confiou”.

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