A palavra da Cruz
Cristo Jesus, que tem a mesma natureza do Pai, sofreu como homem. Aceita o sofrimento voluntariamente, como homem e homem inocente. O seu sofrimento é o sofrimento do inocente. Nesse caso, ainda há o agravante de o Homem sofredor ser o próprio Filho unigênito em pessoa: “Deus de Deus”. Então, seu sofrimento se reveste de profundidade e intensidade incomparáveis, capaz de abarcar a extensão do mal contida no pecado da humanidade. O Filho unigênito se sujeita a um sofrimento desta proporção, ao tomar sobre si os pecados, para cancelá-los e vencer todos os males.
A obra da redenção operada por Cristo, com sua paixão e morte na cruz, é a resposta mais completa à interrogação pelo sentido do sofrimento. Esta resposta não foi dada por meio de teorias, mas com o dom de si mesmo que comportou um sofrimento desmedido e intenso. São Paulo fala em palavra da cruz, como interpretá-la? (cf. 1Cor 1,18). Ele aceita desde o início este sofrimento, como vontade do Pai e por amor ao Pai, para a salvação do mundo. Neste sentido, a cruz é a realização mais perfeita das palavras: “Meu Pai... não se faça como eu quero... faça-se a tua vontade” (cf. Mt 26,42). A livre aceitação da cruz atesta o amor do Filho pelo Pai e sua confiança em sua obra de salvação. A verdade do amor se prova mediante a verdade do sofrimento extremo na cruz. Dessa forma, a paixão de Cristo representa a máxima expressão do sofrimento humano, que, nesta entrega do Redentor, recebe uma significação nova e profunda ao ser associado ao amor. A cruz de Cristo tornou-se uma fonte da qual brotam rios de água viva nela e por ela “Deus amou tanto o mundo que deu o Seu Filho unigênito, para que todo aquele que n’Ele crê, não pereça, mas tenha a vida eterna” (cf. Jo 3,16).
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