quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Os Católicos e suas velas

Padre Zezinho, SCJ


Os que criticam o uso que nós, católicos, fazemos das velas, deveriam ler melhor suas bíblias. A mística da luz é muito forte no Antigo e no Novo Testamento. Até hoje, por exemplo, lembrança do judaísmo, o candelabro de sete velas carrega enorme significado. Todas as religiões valorizam a luz em forma de tochas, fachos, velas ou fogo. A questão não é, pois, usar ou não usar e, sim, como usar!
Recordemos que o uso das velas em muitas religiões é mística que atravessou séculos. A teologia da luz permeia todas as religiões do planeta. Sugere ortodoxia, doutrina certa, pureza, partilha e misericórdia. Por isso, sabendo que o fogo está ligado à morte e à destruição, mas também é purificação e vida; sabendo que a luz que vem das velas e das tochas mostra caminhos, todas as religiões valorizam o sinal que vem do fogo e da luz. Porque somos iluminados pelo sol, pela lua e pelas estrelas, as religiões passaram a ver sentido místico em tudo isso. Somos como estrelas, ou luas ao redor do grande Sol que é Deus.
Não é diferente no cristianismo, nem na Igreja Católica, onde Jesus nos diz que nós somos a luz do mundo e que nossa luz deve brilhar (Mt 5,14). Ele mesmo se apresenta como alguém que ilumina a vida dos homens e quer que façamos o mesmo (Mt 5,6; Jo 1,4; 3,19). E é por isso que acendemos velas e vemos sentido no gesto de uma vela que se apagou, curvar-se sobre outra para buscar mais luz. No gesto de iluminar nossas liturgias com muitas velas, estamos dizendo alguma coisa: queremos ser luzes e iluminar.
Somos uma religião que pretende ser igreja de iluminados e iluminadores; pessoas que iluminam e que se deixam iluminar; pessoas que se apagadas, buscam a luz do outro para acender-se outra vez, ou encontrando alguém apagado, levam luz a ele.
A idéia de luz na nossa Igreja e no cristianismo está ligada à idéia do missionário que vai iluminar caminhos; do educador; do professor; dos pais, cuja missão é esclarecer, tornar possível o caminhar. O que é mais: mostra as coisas à luz da nossa fé.
Quem acender uma vela no cemitério, no altar ou em casa para um momento de oração, lembre-se disso: foi Jesus quem disse “Vós sois a luz do mundo.”(Mt 5,14). Lanternas não levam, mas apontam o caminho para quem aceita ir!
Apenas, evite o exagero de pensar que, pelo tamanho da vela, ou pelo número delas vai conseguir mais graças ou milagres. Não é o tamanho do gesto e, sim, a intensidade e a pureza dele, que contam. Jesus elogiou a viúva que dava esmola no templo. Era pouco, mas era muito. (Mc 12,41-44). Leia o texto e entenderá o que realmente vale para Jesus!
Certamente não é a quantidade, nem o número de vezes que repetimos uma oração. Podemos até fazê-lo, mas não pensemos que o número de velas ou de preces determina a diferença. Jesus também fala disso, ao notar que os fariseus e os pagãos falavam muito e repetiam palavras à exaustão ( Mt 6,5-7), ensaiavam longas orações e praticavam injustiças em nome da fé ( Mc 12,40). Disse que a punição deles também seria grande… Não estavam lá para iluminar…
FONTE: Padre Zezinho, SCJ

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