domingo, 13 de janeiro de 2013


Dos cadernos de formação


Vale a pena conferir o quanto o encontro pode mudar a
nossa vida. Vamos prestar atenção no significado do encontro do principezinho com a raposa, na
obra de Saint-Exupéry:
“E foi então que apareceu a raposa: (...)
- Tu não és daqui, disse a raposa. Que procuras?
- Procuro os homens, disse o principezinho. Que quer dizer “cativar”? (...)
- É uma coisa muito esquecida, disse a raposa. Significa “criar laços…”
- Criar laços?
- Exatamente, disse a raposa. Tu não és para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil
outros garotos. E eu não tenho necessidade de ti. E tu não tens também necessidade de mim. Não
passo a teus olhos de uma raposa igual a cem mil outras raposas. Mas, se tu me cativas, nós teremos
necessidade um do outro. Serás para mim único no mundo. E eu serei para ti única no mundo… (...)
- Minha vida é monótona. Eu caço as galinhas e os homens me caçam. Todas as galinhas se
parecem e todos os homens se parecem também. E por isso eu me aborreço um pouco. Mas se tu me
cativas, minha vida será como que cheia de sol. Conhecerei um barulho de passos que será diferente
dos outros. Os outros passos me fazem entrar debaixo da terra.
- O teu me chamará para fora da toca, como se fosse música. E depois, olha! Vês, lá longe, os
campos de trigo? Eu não como pão. O trigo para mim é inútil. Os campos de trigo não me lembram
coisa alguma. E isso é triste! Mas tu tens cabelos cor de ouro. Então será maravilhoso quando me
tiveres cativado. O trigo, que é dourado, fará lembrar-me de ti. E eu amarei o barulho do vento no
trigo. (..)
- A gente só conhece bem as coisas que cativou, disse a raposa. Os homens não têm mais tempo de
conhecer alguma coisa. Compram tudo prontinho nas lojas. Mas como não existem lojas de amigos,
os homens não têm mais amigos. Se tu queres um amigo, cativa-me!
(Saint-Exupéry, O Pequeno Príncipe)
A liturgia faz nossa vida ser diferente. Ela expressa nossa espiritualidade através do culto,
do ritual, do gesto e do memorial, que transformam o cotidiano, tornando nosso mundo especial.
Nós precisamos de ritos e dos símbolos. Sem eles a vida não vira festa. Vejamos o que diz o diálogo
do Pequeno Príncipe com a raposa:
No dia seguinte o principezinho voltou.
- Teria sido melhor voltares à mesma hora, disse a raposa. Se tu vens, por exemplo, às quatro da
tarde, desde as três eu começarei a ser feliz. Quanto mais a hora for chegando, mais eu me sentirei
feliz. Às quatro horas, então, estarei inquieta e agitada: descobrirei o preço da felicidade! Mas se tu
vens a qualquer momento, nunca saberei a hora de preparar o coração… É preciso ritos.
- Que é um rito? perguntou o principezinho.
- É uma coisa muito esquecida também, disse a raposa. É o que faz com que um dia seja diferente
dos outros dias; uma hora, das outras horas. Os meus caçadores, por exemplo, possuem um rito.
Dançam na quinta-feira com as moças da aldeia. A quinta-feira então é o dia maravilhoso! Vou
passear até a vinha. Se os caçadores dançassem qualquer dia, os dias seriam todos iguais, e eu não
teria férias! Assim o principezinho cativou a raposa.

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