sexta-feira, 15 de julho de 2011

Viver em Comunidade: Joio e trigo crescem juntos (Mt13, 24-30)


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TRAVESSIA: QUERO MISERICÓRDIA E NÃO SACRIFÍCIO

Círculos Bíblicos sobre o Evangelho de Mateus
Carlos Mesters, Mercedes Lopes e Francisco Orofino
12º CÍRCULO
Viver em Comunidade
Joio e trigo crescem juntos
Mateus 13, 24-30
Acolhida:
  1. Um canto inicial.
  2. Criar um bom ambiente. Dar as boas-vindas. Colocar as pessoas à vontade.
  3. Apresentar brevemente o assunto que vai ser refletido, meditado e rezado.
  4. Invocar a luz do Espírito Santo.
  1. OLHAR A PRÁTICA DA NOSSA COMUNIDADE
No círculo de hoje, vamos meditar sobre a parábola do joio e do trigo. Tanto na sociedade como na comunidade e na vida de todos nós existe tudo misturado: qualidades boas e incoerências, limites e falhas. Nas nossas comunidades se reúne gente que vem de vários cantos do Brasil, cada um com a sua história, com a sua vivência, a sua opinião, os seus anseios, as suas diferenças. Tem pessoas que não sabem conviver com as diferenças. Querem ser juiz dos outros. Acham que só elas estão certas, e os outros errados. A parábola do joio e do trigo ajuda a não cair na tentação de querer excluir da comunidade os que não pensam como nós. Vamos conversar sobre isto.
1. Como a mistura do joio e do trigo se manifesta na nossa comunidade?
2. Que consequências traz para a nossa vida?
  1. OLHAR A PRÁTICA DE JESUS
1. Introdução à leitura do texto
Vamos ouvir a parábola do joio e do trigo, tirada do “Sermão das Parábolas”. Os empregados que aparecem na parábola representam certos membros da comunidade. O dono da terra representa Deus. Durante a leitura, vamos prestar atenção nas atitudes dos empregados e na reação do Dono da terra.
2. Leitura do texto de Mateus 13, 24-30
3. Momento de silêncio
4. Perguntas para reflexão:
1) Vamos lembrar juntos a parábola que acabamos de ouvir.
2) Qual a diferença entre a atitude dos empregados e do Dono da terra?
3) Quais os critérios dos empregados e quais os critérios do Dono da terra?
4) Qual o ponto da parábola de que você mais gosta? Por quê?
5) Olhando no espelho da parábola, com quem a gente mais se parece? Por quê?
  1. CELEBRAR A VIDA NA COMUNIDADE
Sugestões para a celebração:
1) Preces: O que o texto nos faz dizer a Deus? Colocar em forma de prece tudo aquilo que refletimos sobre o evangelho e sobre a nossa vida. Como refrão após cada prece digamos: “Ajudai-nos, Senhor, a acolher as diferenças!” Terminar esta parte com um Pai-Nosso.
2) Rezar um salmo. Sugestão: Salmo 32 (31) “Tu, Senhor, nos acolhestes e nos perdoaste!”
UMA AJUDA PARA O GRUPO
1. SITUANDO
O capítulo 13 traz o Sermão das Parábolas. Seguindo o texto de Mateus (Mc 4, 1-34). Mateus omitiu a parábola da semente que germina sozinha (Mc 4, 26-29), ampliou a discussão sobre o porquê das parábolas (Mt 13, 10-17) e acrescentou as parábolas do joio e do trigo (Mt 13, 24-30), do fermento (Mt 13, 33), do tesouro (Mt 13, 44), da pérola (Mt 13, 45-46) e da rede (Mt 13, 47-50). Junto com as do semeador (Mt 13, 4-11) e do grão de mostarda (Mt 13, 31-32), são ao todo sete parábolas! Estamos aqui no centro do Evangelho de Mateus. O coração deste centro é a parábola do joio e do trigo. É nela que aparece a recomendação mais importante para as comunidades da época.
Durante séculos, por causa da observância das leis de pureza, os judeus tinham vivido separados das outras nações. Este isolamento marcou a vida deles. Mesmo depois de convertidos, alguns continuavam nesta mesma observância que os separava dos outros. Eles queriam a pureza total. Qualquer sinal de impureza devia ser extirpado em nome de Deus. “Não pode haver tolerância com o pecado”, diziam estes. Mas outros como Paulo ensinavam com a Nova Lei de Deus trazida por Jesus estava pedindo o contrário! Eles diziam: “Não pode haver tolerância com o pecado, mas deve haver tolerância com o pecador!” A comunidade deve vencer a tentação de querer excluir os que pensam de modo diferente. Este é o pano de fundo da parábola do joio e do trigo.
2. COMENTANDO
Mateus 13, 24-26: A situação: joio e trigo crescem juntos. A palavra de Deus que faz nascer a comunidade é semente boa, mas dentro das comunidades sempre aparecem coisas que são contrárias à palavra de Deus. De onde vêm? Esta era a discussão.
Mateus 13, 27-28a: A causa da mistura que existe na vida. Um inimigo fez isso. Quem é este inimigo? O inimigo, o adversário, Satanás ou diabo (Mt 13, 39), é aquele que divide, que desvia. A tendência de divisão existe dentro de cada um de nós. O desejo de dominar, de se aproveitar da comunidade para subir e tantos outros desejos interesseiros são divisionistas, são do inimigo que dorme dentro de cada um de nós.
Mateus 13, 28b-30: A reação diferente diante da ambigüidade. Diante dessa mistura do bem e do mal, alguns queriam arrancar o joio. Pensavam: “Se deixarmos todo o mundo dentro da comunidade, perdemos nossa razão de ser! Perdemos a identidade!” Queriam expulsar os que pensavam de modo diferente. Mas esta não é a decisão do Dono da terra. Ele diz: “Deixa crescer juntos até a colheita!” O que vai decidir não é o que cada um fala e diz, mas o que cada um vive e faz. É pelo fruto produzido que Deus nos julgará. A força e o dinamismo do Reino se manifestam na comunidade. Mesmo sendo pequena e cheia de contradições, ela é um sinal do Reino. Mas ela não é dona do Reino, nem pode considerar-se justa. A parábola do joio e do trigo explica a maneira como a força do Reino age na história. É preciso ter paciência e aprender a conviver com as contradições e as diferenças, mesmo tendo uma opção clara pela justiça do Reino.
3. ALARGANDO
O ensino em parábolas
A parábola é um instrumento pedagógico que usa o quotidiano para mostrar como a vida nos fala de Deus. Torna a realidade transparente e faz o olhar da gente ficar contemplativo. Uma parábola aponta para as coisas da vida, e por isso mesmo, é um ensinamento aberto, pois das coisas da vida todo o mundo tem alguma experiência. O ensinamento em parábolas faz a pessoa partir da experiência que tem: semente, sal, luz, ovelha, flor, mulher, criança, pai, rede, peixe, etc. Assim, ele torna a vida quotidiana transparente, reveladora da presença e da ação de Deus. Jesus não costumava explicar as parábolas. Geralmente, terminava com esta frase: “Quem tem ouvidos ouça” (Mt 11,15; 13,9.43). Ou seja, “É isso! Você ouviram! Agora tratem de entender!” Jesus deixava o sentido da parábola em aberto e não o determinava. Sinal de que acreditava na capacidade do povo de descobrir o sentido da parábola a partir da sua experiência de vida. De vez em quando, a pedido dos discípulos, ele explicava o sentido (Mt 13,10.36). Por exemplo, os versículos 36-43 trazem a explicação da parábola do joio e do trigo. Ela mostra como se fazia catequese naquele tempo. As comunidades se reuniam e discutiam as parábolas de Jesus, procurando saber o que ele queria dizer. Assim, pouco a pouco, o ensinamento aberto de Jesus começava a ser afunilado na catequese da comunidade que aceitava apenas uma explicação da parábola. Ela não tinha a mesma confiança de Jesus na capacidade do povo de entender as coisas do Reino.
Texto extraído do livro “Travessia: Quero misericórdia e não sacrifício” –
Círculos Bíblicos sobre o Evangelho de Mateus – de Carlos Mesters,
Mercedes Lopes e Francisco Orofino – Publicado pelo Centro de Estudos Bíblicos. Coleção a Palavra na Vida - Volume 135/136.

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